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Crítica | The Orville – 1X06: Krill

por Guilherme Coral
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– Contém spoilers. Leiam, aqui, as nossas críticas dos outros episódios.

Já na metade dessa primeira temporada de The Orville, a série nos entrega seu capítulo mais sombrio até então (literalmente e metaforicamente). Evidente que, se tratando desse seriado, isso não quer dizer que tenhamos uma atmosfera extremamente pesada e sim dilemas morais complexos, já tratados em outras obras da ficção, como no arco Genesis of the Daleks, da série clássica de Doctor Who. Também importante, é notar como o capítulo formalizou os Krill como os equivalentes aos klingons de Star Trek, algo que já era dado a entender, mas que, aqui, nos é dada a certeza.

Após uma breve e bem-vinda introdução na cantina da U.S.S. Orville, na qual descobrimos que Bortus pode comer praticamente qualquer coisa e que Alara terminara com o namorado (sinto cheiro de romance entre ela e o capitão), a espaçonave recebe um pedido de socorro de uma colônia sendo atacada pelos Krill. Depois de derrotar a ameaçadora e consideravelmente maior nave inimiga, em uma sequência de batalha curta, mas eficiente, que retoma as saídas criativas de Jornada nas Estrelas, a Orville captura uma nave-transporte inimiga. Em razão disso, Mercer e Malloy recebem a missão de infiltrar outra nave da raça inimiga a fim de coletar informações que possam ajudar na paz entre as duas facções.

O ponto chave de Krill é justamente o caráter da missão do capitão e seu piloto. Trata-se de uma missão de paz, ainda que seja um ato de infiltração/ espionagem. Ao adentrarem a nave inimiga, a intenção é justamente a de prevenir uma guerra e não iniciar uma, algo que não é tão fácil assim, já que os Krill tem como centro de sua cultura a religião, que define praticamente tudo o que devem fazer. Naturalmente que isso vem como uma crítica ao fundamentalismo e ao próprio Estado não-laico, que pode levar à verdadeiras barbaridades, visto que o povo passa por toda uma lavagem cerebral não muito diferente da Alemanha Nazista.

Com a problemática da bomba inserida, o grande dilema moral do capítulo ganha forma: eles devem matar as crianças à bordo para impedir a morte de milhões de inocentes na colônia prestes a ser atacada? Mais profundo ainda: se essas crianças forem deixadas vivas, elas se tornarão os inimigos Krill de amanhã (como é bem levantado por Teleya ao fim do episódio). Evidente que a resposta é clara em termos morais e éticos, mas não é uma decisão tão fácil de ser tomada quando se trata de duas facções adversárias. Isso tudo é somado ao fato de Mercer e Malloy serem forçados a matar todos à bordo, para evitar uma verdadeira tragédia na colônia da União – novamente retomamos o ponto central: essa era uma missão de Paz.

No meio disso tudo, é surpreendente como o roteiro de David A. Goodman consegue inserir belas doses de humor ao longo da narrativa – bom exemplo disso são os dois personagens centrais do capítulo disfarçados como Krill ou a máxima do episódio sobre os inimigos serem basicamente vampiros do espaço. Tais boas doses de risadas, porém, não nos afastam do foco da narrativa, tampouco prejudicam a atmosfera formada. O único ponto que verdadeiramente afeta nossa imersão é a aparição mais do que conveniente das crianças logo após eles decidirem explodir toda a nave, aspecto que soa um tanto artificial, mas não a ponto de destruir nossa percepção do episódio.

Krill, portanto, prova ser mais um excelente capítulo de The Orville, que mostra que, para ser ameaçadora, uma raça alienígena não precisa falar em uma língua diferente. Com belos dilemas morais e um trágico desenvolvimento, que transforma uma missão de paz em, basicamente, uma operação de sabotagem, ou até mesmo um atentado (ainda que justificado), o episódio é capaz não só de nos entreter, como de tecer críticas ao fundamentalismo religioso e à própria manipulação política que tanto vemos por aí.

The Orville – 1X06: Krill — EUA, 12 de outubro de 2017
Showrunner:
 Seth MacFarlane
Direção: Jon Cassar
Roteiro: David A. Goodman
Elenco: Seth MacFarlane, Adrianne Palicki, Penny Johnson Jerald, Scott Grimes, Peter Macon, Halston Sage, J. Lee, Mark Jackson,  Jeffrey Tambor, Holland Taylor, Chad L. Coleman
Duração: 44 min.

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