Home TVEpisódio Crítica | The Orville – 3X07: From Unknown Graves

Crítica | The Orville – 3X07: From Unknown Graves

Um momento eterno.

por Kevin Rick
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  • Contém spoilers. Leiam, aqui, as nossas críticas dos outros episódios.

Existe tanta coisa para falar sobre From Unknown Graves, mas gostaria de começar tocando na comédia do episódio. Venho elogiando bastante como a nova temporada do seriado se distanciou da paródia e assumiu uma abordagem mais dramática e madura para contar suas histórias, mas este capítulo mostra como a obra continua mandando bem com elementos cômicos. Os olhares e comentários irônicos sobre um Moclan criticando uma sociedade matriarcal, Ed e Malloy servindo de carregadores de malas, ou então os momentos sobre um LaMarr arriscando sua vida por prazer sexual rendem grandes gargalhadas.

No entanto, o mais bacana de tudo é o equilíbrio dessa leveza com profundidade. Continuando a qualidade excepcional dos episódios das últimas semanas, o roteiro de David A. Goodman nos mostra pequenos interlúdios das origens dos Kaylon quando eram explorados por seus criadores para dar contexto para a narrativa principal do episódio: a equipe encontrando um Kaylon que é capaz de sentir emoções. Enquanto isso, a tripulação ainda precisa forjar uma aliança com uma sociedade matriarcal.

Por um lado, temos uma das histórias mais densas da série. O tema de escravidão é amplamente abordado pelo enredo, principalmente nos flashbacks. A maneira gradual que a submissão vai sendo desenvolvida, começando com ordens domésticas e terminando em torturas corporais, é muito bem conduzida pela produção, seja pela ótima inserção e distribuição da montagem, seja pela maneira que a narrativa se utiliza do contexto para mover a trama de alguns personagens, em especial Charly e Isaac, como também pelo impacto emocional e doloroso do espectador – as cenas dos Kaylon sofrendo com receptores de dor são completamente angustiantes de assistir.

Por outro lado, como disse no começo da crítica, From Unknown Graves tem momentos de pura diversão, como as críticas sarcásticas sobre papéis de gênero com as Cissians – a piada sobre como sociedades patriarcais só levam à guerra e conflitos estúpidos é, para mim, o grande destaque do núcleo. Mas também há uma dimensão romântica muito especial. Temos pequenos vislumbres sobre o relacionamento entre Ed e Kelly (gostaria que essa temporada voltasse a tocar nisso), e temos também o namoro de hematomas e fraturas entre Keyali e LaMarr – bem cômico, mas, pelo lado dramático, acredito que a produção terminou o relacionamento rápido demais (veremos se teremos mais dos personagens, ambos bem subutilizados na temporada como um todo).

Mas o romance que brilha mais forte é o de Claire e Isaac. Sempre fico surpreso em como The Orville consegue explorar o clichê de robôs com emoções por tantos lados diferentes e sempre com muita delicadeza. A carga de pessoalidade e a abordagem de estudo de personagem (ou de relacionamento) é a grande característica aqui, nos dando alguns dos momentos mais humanos, comoventes e memoráveis do seriado quando Isaac faz seu discurso no restaurante. Mark Jackson dá um show de atuação, auxiliado por ótimos diálogos e uma direção suave de Seth MacFarlane durante a dança do casal.

Assim como acontece em Twice in a Lifetime, a série nos “rouba” de um final feliz. É um desfecho realista de deixar corações partidos, mas também há uma linha narrativa interessante para se pensar sobre Isaac: o seriado quer humanizá-lo sem atalhos ou facilitadores, percorrendo o caminho difícil. Eu respeito, gosto disso, e espero que a obra ganhe mais temporadas para continuar seu ótimo trabalho com desenvolvimento de personagens. Em última instância, From Unknown Graves mantém aquela impressão geral de que vimos um filmão, além de ser surpreendentemente coesa, seja tematicamente entre comédia, drama e romance, seja narrativamente com tantas tramas e flashbacks, mantendo como essência da história o sentimento de empatia.

The Orville – 3X07: From Unknown Graves — EUA, 14 de julho de 2022
Direção: Seth MacFarlane
Roteiro: David A. Goodman
Elenco: Seth MacFarlane, Adrianne Palicki, Penny Johnson Jerald, Scott Grimes, Peter Macon, J. Lee, Mark Jackson, Chad L. Coleman, Will Sasso, Mike Henry, Chris Johnson, Anne Winters
Duração: 70 min.

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