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Crítica | The Saboteur

por Anthonio Delbon
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Alguns jogos possuem potencial enorme. Há roteiro, personagens cativantes, boa jogabilidade, gráficos, inovação, trilha sonora. Mas falta alguma coisa, algo que transforme esse game em uma experiência a ser lembrada e o tire da mediocridade da maioria dos lançamentos. The Saboteur é, infelizmente, um desses casos.

Ambientado na bela Paris ocupada por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o game te coloca no papel do irlandês Sean Devlin, automobilista que, após a morte de seu amigo, seu muda de país e vira um espião da resistência francesa. Baseada em fatos reais nem tão conhecidos pelo grande público – o que é uma boa e ousada escolha – a história contada é intrigante e vira um dos pontos altos do jogo, mesmo se tratando de um sandbox que permite ao jogador se dispersar pelas diversas missões a serem feitas.

A Paris retratada pela Pandemic Studios (Star Wars: Battlefront e Mercenaries) é também bastante agradável. Não se compara com a de Assassin’s Creed: Unity, lançado cinco anos depois, mas o ar opressivo da época é retratado de forma criativa pela escolha dos desenvolvedores em deixar as áreas controladas por nazistas em preto e branco. A cada missão realizada e área liberada do domínio alemão, a cidade vai ganhando cor e ficando cada vez mais viva, deixando o próprio jogo cada vez melhor.

Carros e roupas da época, junto com uma maravilhosa trilha sonora que vai de Nina Simone à Madeleine Peyroux, trazem uma ambientação perfeita à proposta do jogo de controlar um espião furtivo que conhece uma nova cidade e faz seus contatos em bordéis, galpões abandonados e mercados negros de armas, tudo permeado de muito cigarro, jazz e um charme peculiar. A jogabilidade, entretanto, é uma mistura de GTA e Assassin’s Creed. Isso não é ruim, é apenas mais do mesmo. O problema é que as missões não permitem a sutileza e o stealth que o jogo promete à primeira vista. Toda mecânica parece e é pouco polida, e explodir nazistas e sair correndo acaba sendo a saída para a maioria das missões. O que também não significa que é impossível se divertir fazendo isso.

No mesmo sentido, as cutscenes não são as melhores da época – em 2009 já éramos brindados com God Of War III, por exemplo – mas são passáveis. A questão é que esses pequenos detalhes se acumulam e a sensação que se tem é a de que se poderia estar jogando um produto muito melhor acabado. Há momentos em que The Saboteur parece uma experiência original, bem feita e com um tom próprio, e há outros em que parece um sandbox genérico, descartável e maçante.

Muito disso se deve, evidentemente, à pressa com que o game foi finalizado pelo estúdio, fechado pouco tempo depois pela Electronic Arts. É uma pena para a indústria pois o potencial para uma sequência ou algo no mesmo sólido universo elaborado pela Pandemic era grande. No final, The Saboteur passou despercebido por muitos e caiu no esquecimento por causa de alguns deslizes. Hoje, mais barato do que na época de lançamento, pode ser uma oportunidade para conhecer seus méritos e passar um tempo se divertindo em um sandbox cheio de coisa a ser feita. Vale a pena, de qualquer maneira, dirigir pelo interior de Paris ouvindo as incríveis músicas selecionadas.

The Saboteur
Desenvolvedor: Pandemic Studios
Lançamento: 4 de dezembro de 2009
Gênero: Aventura
Disponível para: PC, PS3, Xbox 360

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