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Crítica | The Walking Dead – 10X13: What We Become

por Iann Jeliel
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What We Become

  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui as críticas das demais temporadas, games e HQs. E aqui, as críticas de Fear the Walking Dead.

Uma das maiores tristezas de quem ainda acompanha The Walking Dead é ter a cada temporada uma notícia prévia de abandono de alguém do elenco, consequentemente já criando uma expectativa para a sua despedida, que acaba tornando sem impacto o fato de que não iremos mais ver aquele personagem em ação. Foram várias as perdas desde a queda de audiência, a primeira e mais significativa foi Carl (Chandler Riggs) na oitava temporada, e felizmente, por mais questionável que fosse a decisão, foi a única que garantiu alguma surpresa por simplesmente ter acontecido sem o aviso prévio dessas notícias de bastidores, seguido de Maggie (Lauren Cohan), Rick (Andrew Lincoln), Jesus (Tom Payne) e agora Michonne (Danai Gurira), todas com datas premeditadas para acontecer, sem aquele elemento surpresa que faria essas perdas serem sentidas com mais alvoroço. Nisso, What We Become já começa problemático, pois sabemos exatamente que no final algo irá acontecer para distanciar a personagem do núcleo principal, uma vez que dentro do cenário apresentado, tempo e demais circunstâncias, a morte com certeza não viria.

Ele até ameaça com essa possibilidade, mas de forma muito rápida. Quando Virgil (Kevin Carroll) tranca Michonne naquele alçapão, bate uma rápida sensação de que ele poderia ser algum louco psicótico que iria torturá-la até a morte, mas é lógico que em um episódio de despedida, a série não teria culhões para isso (talvez em um outro momento e se acontecesse seria sensacional). Ao contrário, a “tortura” alucinógena foi apenas uma desculpa preguiçosa para se instaurar um clima romântico nostálgico e revisionista dos bons momentos da série em uma perspectiva invertida.  O propósito das sequências de Michonne viajando por destinos diferentes que ela poderia ter tido ao tomar diferentes atitudes, deixando Andrea (Laurie Holden) para morrer, juntando-se aos Salvadores, não acrescentam em nada à própria jornada individual da personagem que na finalidade (se não era a morte) seria iniciar uma busca verdadeira por Rick, a que já estava previamente decidida por acreditar que ele estava vivo. Então, fica aquele velho fan service gratuito e inserido às coxas, uma vez que fora Laurie Holden, nenhuma das outras participações especiais antigas trouxeram os atores novamente, só fizeram uma colagem por cima de cenas que já aconteceram e “tá valendo”.

Aliás, Virgil se demonstrou um personagem meramente descartável, sem qualquer carisma e motivações pouco plausíveis pela mutabilidade rápida, além de genéricas. O cara mente, sequestra a Michonne e inventa uma desculpa de misericórdia aceita com muitíssima facilidade, visando reforçar um espírito benevolente mais forte na personagem que já estava bem estabelecido. Sua conexão em fornecer a motivação de Michonne para viajar é meramente uma coincidência, pelo menos é o que dá a entender, já que o episódio não busca estabelecer uma clareza maior de como aquele celular com a imagem de Carl e as botas do Rick foram parar ali. É um gancho final aleatório que poderia muito bem ter sido o mote inicial do capítulo, mas prefere-se enrolar todo o caminho até lá com uma subtrama de um personagem que no fim das contas nunca mais aparecerá na série.

E aí retomo a dívida orçamentária, pensando nesse mini arco como uma forma de tentar contornar o que o episódio planejadamente poderia ter sido em expansão de universo, mas não pode, graças a essa economia exacerbada de orçamento. Não é o ideal criticar algo pelo que deveria acontecer e não pelo que de fato ocorreu, mas diante de como surgiu esse arco, a idealização de uma nova comunidade buscando novamente armas para ajudar numa nova guerra, por mais repetitivo que fosse, teria fins diferentes. Supondo que realmente existisse essa comunidade, Michonne a conheceria e o tempo que levaria para tentar convencer uma aliança… Judith (Cailey Fleming) por ligação avisaria sobre o fim da guerra, ao mesmo tempo Michonne descobriria esse possível paradeiro de Rick, e junto a essa nova comunidade começaria uma nova busca que poderia já fazer link direto com os filmes ou World Beyond a depender da questão do planejamento dessa expansão do mundo zumbi.

Aí é que tá, creio eu que não existe esse planejamento, e que a série vem nas coxas, plantando possibilidades dentro da obrigação de se livrar do elenco, para no futuro resolver essas pendências de alguma forma que ela ainda não sabe. Entristece ver que a série chegou a esse ponto, porque no papel, acho que qualquer um é a favor dessa expansão, desde que haja engajamento para sua construção, algo que para a AMC parece ser uma eterna promessa, que dura faz um tempo. Esse engasgo da necessidade engole qualquer possibilidade de uma relação mais próxima com esses futuros possíveis, assim, a gloriosa cena da chamada de rádio só não é tão artificial porque existe uma entrega verdadeira de ambos os lados atuantes. Até que ponto aquilo não foi mais um remendo do que um destino plantado com convicção e ao menos um norte bem definido para onde ir? Convenhamos, se não tivesse a informação antes de que Danai Gurira iria sair, What We Become não funcionaria emocionalmente e o destino dessa missão expansiva seria severamente mais questionado.

The Walking Dead – 10X13: What We Become — EUA, 22 de março de 2020
Direção: Sharat Raju
Roteiro: Vivian Tse
Elenco: Norman Reedus, Danai Gurira, Jeffrey Dean Morgan, Avi Nash, Cailey Fleming, Kevin Carroll, Eve Gordon, Taylor Nichols, Olivia Stambouliah, Lindsley Register, Breeda Wool, Andrew Bachelor, Antony Azor, Matt Mangum
Duração: 45min.

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