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Crítica | The Walking Dead – 11X06: On the Inside

por Iann Jeliel
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On the Inside

  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui as críticas das demais temporadas, games e HQs. E aqui, as críticas de Fear the Walking Dead. 

On the Inside é um episódio que poderia ser um filler sensacional, se focasse unicamente no seu núcleo de retorno de Connie (Lauren Ridloff) e estivesse no final da temporada passada, quando a proposta era justamente ser somente fillers – de preferência no lugar daquele troço que fizeram com Carol (Melissa McBride) e a sopa. No entanto, ele se localiza num contexto desfavorável e de decrescente qualidade desta décima primeira temporada, em que a continuidade temporal dos eventos abre lacunas visíveis que atrapalham a imersão do terror diferenciado conceitualmente colocado, junto à necessidade de ter que resolver outras tramas que já deveriam ter sido fechadas.

Mais especificamente, falo dos Reapers, que depois de muita demora, finalmente saem para “caçar” o resto dos sobreviventes, e no final, não dá em nada, de novo. Quer dizer, dá “ruim” só para o Daryl (Norman Reedus), que se dispôs a estar infiltrado naquele grupo por conta da paixonite (Lynn Collins) e acaba sendo forçado moralmente a torturar um do próprio grupo (Branton Box) para manter o disfarce, e não só não fazer nada de útil com isso, como se expor para ambos os lados. Pope (Ritchie Coster) evidentemente acaba descobrindo o lado de Daryl após terminar de torturar Lomas, e obviamente faz “teatrinho” ambíguo para ele, disfarçando não saber de nada. Maggie (Lauren Cohan), do jeito que foi estabelecida para esse momento, não irá reagir positivamente à atitude de Daryl caso descubra, e acho difícil ela não descobrir, se for para inventar mais desculpas para levar esse conflito mais adiante.

Só não iria dar confusão, teoricamente, se ele soltasse o famoso “não tive escolha”, mas convenhamos, Daryl tinha sim mais de uma. Como havia dito na crítica de Redention, por mim, Daryl teria dado conta de todo o grupo de Reapers sozinho com sua capacidade intelectual, física e oportunidades dadas pelo contexto. Contudo, se não fosse lá, é certo que com a ajuda de Maggie, Negan (Jeffrey Dean Morgan) e Padre Gabriel (Seth Gilliam) eles dariam conta dos cinco da comunidade – equivalente a basicamente metade do batalhão – que foram caçá-los. Chega a ser sacanagem o episódio tentar extrair tensão da conversa de Daryl e um dos capangas (Alex Meraz) genéricos daquele grupo, desconfiando de ele estar mentindo, como se eles fossem superameaças aos personagens que sabemos serem praticamente imortais. Teria sentido se fosse somente um climão antes do embate, mas como o embate não ocorre, o suspense é jogado ali à toa, quebrando a linha de raciocínio na montagem da outra parte, que é genuinamente mais tensa.

Gosto da premissa meio Resident Evil da parte de Connie e Virgil (Kevin Carroll). Começando com eles encurralados por um bando de zumbis, de tamanho invisível na floresta nebulosa, até chegarem num casarão com uma ameaça “biológica” desconhecida. Isoladamente, há uma boa maturação de mistério sobre a fisicalidade do que é o perigo, numa construção de horror bem clássica, de casarão mal-assombrado: cheia de quadros com furos nos olhos da imagem podendo ter verdadeiros se movimentando entre as frestas; barulhos esquisitos rondando os cômodos que podem às vezes ser móveis. Mesmo depois da primeira aparição das “criaturas” contorcidas, onde a tensão fica mais visual e direcionada a uma ação reativa da dupla contra um grande grupo deles – como se fossem outros zumbis –, não se perde a atmosfera elaborada. Muito pela falta de explicação da origem por trás delas, quando no máximo temos o contexto da ambientação para fornecer elementos para a nossa imaginação montar o que levou aquelas pessoas a sofrerem tamanha transformação animalesca.

Destaco como On the Inside ainda consegue valorizar bem as deficiências de Connie para criar situações mais tensas, como aquela em que ela precisa avisar por trás da parede com uma das criaturas atrás de Virgil, e logo depois, com ele na dúvida se é mais uma delas atrás das paredes, porque Connie não tinha como respondê-lo verbalmente. Como experiência de terror, esse núcleo é uma das coisas mais originais que a série apresentou em muito tempo, no entanto, enquanto estava ocorrendo, eu não parava de pensar onde ela se encaixava coerentemente na temporalidade da cronologia. A queda da caverna em Squeze se passou, no mínimo, semanas antes disso. O resgate de Virgil a Connie não deve ter sido feito muito tempo depois. Logo, era preciso que os dois estivessem fugindo ou presos naquela casa há semanas para sincronizar exatamente com o momento em que Kelly (Angel Theory), Carol, Magna (Nadia Hilker) e Rosita (Christian Serratos) os encontrassem.

Isso poderia ser plausível se eles estivessem sendo perseguidos incessantemente pelo mesmo bando de zumbis presos naquela caverna, aquele gigante com sussurradores no meio, mas não era o caso, pois foi encontrado o acampamento “arrumadinho” e tudo na missão de resgate feita pelas mulheres de Alexandria. É difícil de acreditar que Connie não saberia o caminho de volta para casa, que como indicado pelo tempo passado no episódio, quando ela foi encontrada no mesmo dia à noite, pelo resgate que saiu naquela tardezinha, não era tão longe do casarão. Desse modo, a situação promissora para um episódio inteiro de exercício de gênero acaba sendo bem inverossímil. Com um detalhe a mais, ela poderia simplesmente não ter acontecido – como várias outras situações nesses últimos episódios – ou ter sido mais bem explicada.

Não que esses furos de roteiro por si só me incomodem, ou façam afundar On the Inside ao nível dos três anteriores, mas dentro da sequência e logística da temporada, seu teor original acaba indo a um lugar-comum pelo entorno mal-articulado.

The Walking Dead – 11X06: On the Inside | EUA, 26 de Setembro de 2021
Diretor: Greg Nicotero
Roteiro: Kevin Deiboldt
Elenco: Norman Reedus, Melissa McBride, Lauren Cohan, Christian Serratos, Seth Gilliam, Ross Marquand, Jeffrey Dean Morgan, Nadia Hilker, Lauren Ridloff, Lynn Collins, Kevin Carroll, Ritchie Coster, Angel Theory, Alex Meraz, Glenn Stanton, Okea Eme-Akwari, Dikran Tulaine, Branton Box, Eric LeBlanc, Ethan McDowell
Duração: 42 minutos

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