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Crítica | The Walking Dead – 11X22: Faith

Vamos confiar nos companheiros!

por Kevin Rick
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  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Quando vi o título deste episódio, sabia que teríamos um longo capítulo com muitos discursos cafonas sobre fazer a coisa certa, lutar por liberdade e ter fé em outras pessoas. Foi bater e valer. Faith é um exemplar de como criar uma revolução popular ficcional nas coxas, de maneira clichê e enfadonha. Aliás, essa “revolução” contra a Commonwealth parece mais uma rebelião de cidade do interior… Um julgamento acompanhado por duas dúzias de cidadãos; um campo de trabalho onde as pessoas carregam terra (quanta falta de criatividade, viu); e uma insurreição que parece mais um simples motim desorganizado quando todos ficam na frente dos troopers para defender o pior ser humano do recinto, que o roteiro passa tanto pano que a gente quase se simpatiza pelo monstro.

Curiosamente, o destaque do episódio acaba sendo Jeffrey Dean Morgan (não Negan, vale lembrar, porque esse personagem que vemos agora não é o Negan), considerando que o ator tem tanto carisma que até me fez esquecer por alguns momentos que o arco do seu personagem é forçado e não faz o menor sentido dramático. Existem até uns diálogos e temas curiosos sobre confiança, tanto em torno do ex-assassino/estuprador/psicopata e sua “aliança” com Ezekiel, quanto em outros segmentos da história. O roteiro cria uma ideia bem batida mesmo de ter fé em seus companheiros para desenvolver sua revolução nos dois últimos episódios.

Não gosto de comparações, mas por muitas vezes me lembrei de Andor assistindo esse episódio de TWD. A série de Star Wars também está borbulhando uma revolução, sendo fantástico como a direção do seriado capta um sentimento de desespero nas cenas prisionais; como cada diálogo é subversivo e traz camadas políticas, seja de vertente ideológica, libertária ou simplesmente humana; e como todos os eventos, por menor que sejam, carregam uma tensão. Não existe nada disso nesse arco final de TWD, algo triste considerando como a obra fez nome com suspense e aflição.

Vamos por partes. Não há nenhuma construção de perigo nas sequências do campo de trabalho, com tudo sobre um governo autoritário sendo bastante genérico, inclusive o líder malvadão (uma versão piorada do já clichê Hornsby). Até mesmo a cena de Negan à beira da morte não funciona, seja porque sabemos de seu spin-off, seja porque a direção não consegue criar urgência com o evento, tampouco alguma reviravolta. Lembram do plano que Negan forjou com Ezekiel? Tinha mapa, análise de guardas e turnos, etc, e nada disso importa, não tem recompensa narrativa, porque o grande “clímax” é o velho sacrifício, com todos se posicionando em frente ao óbvio mártir. Até mesmo a resolução do segmento é fraca, com a conveniente aparição de Daryl.

Notaram como não tivemos nem um pouco de substância política ou mesmo de boa qualidade dramática? É só analisarmos todas as cenas construídas pelo roteiro: Negan falando com sua esposa sobre seu filho; Maggie chorando por conta de Hershel no meio da invasão; Yumiko confrontando Mercer sobre a princesa;  Eugene chorando na cadeia com sua namorada; etc. São sempre as mesmas cenas melodramáticas, com essa direção chata de close-ups apelativos e encenações fechadas. Cadê o espaço narrativo para intrigas, para uma direção que pode criar suspense? É por isso que não compro o argumento de que esse arco de Commonwealth é “político”. Tá mais para novela.

A sequência mais promissora do episódio, com o grupo de Daryl caminhando no esgoto, dura pouco minutos e sem qualquer criatividade visual ou atmosfera de horror. E para quê? Para termos mais personagens chatos chorando sobre coisas chatas e seus romances aguados? Pelo amor. A cena do julgamento de Eugene é a pior de todas, seja pela canastrice do testemunho de Pamela, que qualquer pessoa com meio QI consegue perceber a falsidade, seja pela breguice de toda aquela palhaçada que sequer serve como drama jurídico, apenas para Eugene fazer outro discurso expositivo, óbvio e mal escrito sobre liberdade e comunidade. O episódio é tão covarde e preguiçoso que tenta criar um cliffhanger com o núcleo de Aaron e companhia se fingindo de zumbis em frente aos soldados, sendo que eles SEMPRE fuzilam hordas de zumbis, e ainda coloca um gore gratuito com o zumbi comendo a cara de um maluco qualquer para que a audiência não esqueça que está assistindo The Walking Dead. Ou pelo menos o que restou do seriado.

The Walking Dead – 11X22: Faith 22 | EUA, 06 de novembro de 2022
Diretor: Tawnia Mckiernan
Roteiro: Jim Barnes
Elenco: Norman Reedus, Lauren Cohan, Josh McDermitt, Seth Gilliam, Ross Marquand, Khary Payton, Jeffrey Dean Morgan,
Nadia Hilker, Cassady McClincy, Lauren Ridloff, Lynn Collins, Josh Hamilton, Margot Bingham, Laila Robins, Angel Theory, Medina Senghore, Okea Eme-Akwari, Avianna Mynhier, Teo Rapp-Olsson, Gonzalo Menendez, Matt Bushell, Kien Michael Spille, Gustavo Gomez, John Gettier
Duração: 45 min.

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