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Crítica | The Walking Dead – 2X06: Secrets

por Iann Jeliel
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Secrets

  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui as críticas das demais temporadas, games e HQs. E aqui, as críticas de Fear the Walking Dead.

Secrets é um episódio, como leva seu intuitivo nome, onde enfim, várias das informações ocultadas entre os personagens, começaram a ser desvendadas uns pelos outros, esganando o clima de tensão dramática construído previamente na narrativa, que até então estava num ritmo ciente de calmaria para promover o desenvolvimento deles. Ainda que seja outro capítulo genuinamente cadenciado, seguindo outro dia da rotina da fazenda, as tramas começam a convergir em maior intensidade, num inevitável estopim gerado pela reatividade de alguns quando descobrirem os vários segredos esparramados pelo grupo, ainda que isso só irá realmente explodir em um conflito prático no seguinte, a famigerada primeira mid season finale.

Em suma, este é será uma preparação a esse próximo episódio. O primeiro de vários que a série fez posteriormente, organizando o terreno para o último capítulo lançado no ano ou da temporada ser bombástico. Fato, que não anula a sua brilhante execução nessa função, ao conseguir amarrar perfeitamente todas as pontas deixadas sem deixar claro o direcionamento final de tudo, aumentando ainda mais a expectativa sobre o que vai acontecer na maturação de várias coisas acontecendo. Como dito, bastante progresso é realizado, mesmo que não aparente, pela circularidade do roteiro. Afinal, vemos de novo, por exemplo, Gleen (Steven Yeun) e Maggie (Lauren Cohan) indo à farmácia em busca de recursos para Lori (Sarah Wayne Callies), ou temos personagens, nesse caso, Shane (Jon Bernthal) e Andrea (Laurie Holden), sondando o território em busca da ainda desaparecida Sophia (Madison Lintz), sem sucesso.

Parece enrolação essa reprise, mas o contexto do momento já dá outro no panorama dramático, necessário para a continuidade seriada. Temos duas grandes questões a serem compartilhadas: o fato de Lori estar grávida e o fato do celeiro cheio de zumbis. Gleen sabe das duas coisas e pressionado psicologicamente, decide contar ao experiente Dale (Jeffrey DeMunn) logo de princípio, ambas as ocorrências. Ele inclusive, foi a escolha ideal do episódio para ser o fio condutor de uma tentativa primária da resolução desses problemas, sem algo a esconder que possa criar um outro, pelo menos, para o grupo. Sua personalidade, olhar perceptível do cenário e sabedoria, se faz convincente para o fingimento quando vai falar com Hershel (Scott Wilson) que descobriu o celeiro sozinho e a suposição assertiva da gravidez de Lori através do enjoo, ser crível para os personagens que dialoga, assim, ele pode tentar ajudar em uma tomada de decisão que nãos os chateei ou queime a imagem de Gleen com eles.

Claro que quando Hershel vai falar com sua filha do descobrimento dele do celeiro, logo, ela se toca que Gleen não evitou de contar, algo não deixado em evidência pelo episódio, que faz parecer que ela descobriu pelo pai que sabia que Gleen havia contado para alguém sendo que não tinha como ele saber, já que Dale não o entregou. Fora que sua conversa com Gleen sobre o grupo usá-lo basicamente só como isca, ainda que tenha fundamento, não leve a nenhuma consequência dramática ao personagem em si, que se assume confortável nessa posição. Talvez só pra ela, com medo de o perder por começar a gostar dele. Detalhes a parte, Dale não chega próximo de uma resolução porque os conflitos entram em dilemas que vão além dele, uma delas inclusive, posta em evidência pela primeira vez por Hershel, que pensa que os zumbis ainda têm resquícios de humanidade, justificando-o capturá-los e mantê-los no celeiro.

Algo compartilhado por sua familia, como demonstra a cena inicial em que sua esposa, Patrícia (Jane McNeill) alimenta os walkers com galinhas e mais para a frente com Maggie revelando que aqueles seriam os membros da familia falecidos. Parece algo besta para falar a verdade, mas é plenamente plausível numa dimensão realista que a série buscava em seus primórdios e lógico, algo temporário na dramática. A própria Maggie já estava dividida desde o zumbi do poço e fica ainda mais após receber um ataque de um zumbi na farmácia, sobre a veracidade da crença de seu pai que compartilha com Dale em acreditar que todos os mortos-vivos possam ser curados em algum momento, algo condizente com a personalidade introduzida do personagem, demonstrada episódios atrás em monólogos com o Rick (Andrew Lincoln).

No lado de Lori, entra no particular dilema já previamente discutido quando Carl (Chandler Riggs) quase morre, se valia a pena ou não continuar mantê-lo vivo sobre condições apocalípticas que não apresentam qualquer perspectiva positiva, só que agora, a dúvida é mais embaixo, é  abortar ou não, um feto que pode nem ser de Rick. A decisão é difícil e particular, mas Dale sabe após ter acertado o chute que Shane e ela haviam se relacionado, que Shane não podia saber dessa criança, já que desde o acampamento, ele vinha percebendo a tendência sociopata do personagem, destacada especialmente naquela cena de Wildfire na primeira temporada, onde ele pega no flagra, Shane apontando a arma para o melhor amigo.

O velho tem peito de jogar esse acontecimento na cara do policial, junto ao seu desconfiômetro, acusando de que sua história com Otis (Pruitt Taylor Vince) é fajuta, mas sem provas concretas para transformar sua chantagem de manda-lo embora o mais rápido possivel, antes que ele descubra sobre Lori em concreto, acaba só trazendo para si uma ameaça, mesmo que ambígua – graças ao  show de performance de Jon Berthal e do Jeffrey DeMunn também –, aumentando a tensão que já é imensa também pelo fato dele não saber do celeiro, em que todos sabem da possível interpretação temperamental a situação, de não aceitar em hipótese alguma uma negociação sobre algo que ameaça à segurança do Carl e Lori grupo.

E realmente, é daí que sai que iria sair a bomba. Sutilmente, essa bomba começa a ser implementada já no treinamento liderado por ele de tiro ao alvo para todo mundo do acampamento – quem viu o próximo episódio sabe. Começamos a ver ali, o início do amadurecimento precoce de Carl, após recuperar do tiro que levou, querer aprender a atirar para proteger a familia – que levará a outras tramas interessantes no futuro próximo –, pedindo para que Shane o ensine, botando mais uma ducha entre Rick e Lori, fora a gravidez, fora a inevitável descoberta de Rick sobre Shane e Lori, fora o fato de Lori saber por Hershel que ele quer que o grupo saia da fazenda, aumentando a angústia de dar à luz fora da safezone e em qualquer lugar hostil do apocalipse. Isso culmina, na fantástica sequência final de diálogo entre o casal, onde todas as verdades são sobrepostas em um dos momentos mais fortes de atuação de toda a série.

Se o sentimentalismo sobre quantidade de problemas que esses fatos podem gerar a partir dali, especialmente na mentalidade de Rick como líder, são amenizados por um Shane que nesse episódio se desvia de encarar problemas como ensinar escondido ao Carl a atirar e ainda transa aleatoriamente com Andrea, implementando uma falsa possibilidade de que ele pode esquecer Lori com ela – algo super improvável e que está ali mais como um micro fechamento de verossimilhança ao arco criado para gerar a cena de ação protocolar de zumbi que tem que ter todo episódio, bem boa por sinal –, ela termina em um clima deliciosamente vago.

“E agora?”, perguntamos no final do cliffhanger na conversa que beira o desesperador, só porque a essa altura estamos completamente conectados com os personagens e seus dramas, efeito resultante dos outros capítulos que “enrolaram” muito bem para desenvolvê-los a esse nível de relevância, que se sustentou por muito tempo na série. Secrets é um formidável episódio de preparação de uma temporada que daqui pra frente, já adianto, fica simplesmente insana!

The Walking Dead – 2X06: Secrets | EUA, 20 de Novembro de 2011
Diretor: David Boyd
Roteiro: Angela Kang
Elenco: Andrew Lincoln, Jon Bernthal, Sarah Wayne Callies, Laurie Holden, Jeffrey DeMunn, Steven Yeun, Chandler Riggs, Norman Reedus, Melissa McBride, Irone Singleton, Lauren Cohan, Emily Kinney, Scott Wilson, Jane McNeill, James Allen McCune
Duração: 43 minutos

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