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Crítica | The Walking Dead – 2X08: Nebraska

por Iann Jeliel
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Nebraska

  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui as críticas das demais temporadas, games e HQs. E aqui, as críticas de Fear the Walking Dead.

A prova de que The Walking Dead tinha uma qualidade dramatúrgica muito acima da média na sua segunda temporada, está na maneira como ele lidava com as consequências dos conflitos implementados, que nesta segunda metade, além de possuir uma mudança maturada no estado emocional nos personagens, também propunha um escalonamento de novos desafios para evidenciar como o pessimismo de eventos passados estão os transformando. O brilhante arco do celeiro finalizado por Pretty Much Dead Already é discutido em pormenores nas duas linhas narrativas principais de Nebraska. Existe a valorização do luto particular de cada um depois do ocorrido, a continuidade dos problemas que veio consigo depois da atitude de Shane (Jon Bernthal) em fazer a limpa por lá, como também instaura um novo problema maior a ser mote do restante da temporada, até para protelar as resoluções dos anteriores e fornecer um acúmulo redigido aos problemas trazidos pelo não lidar bem com a situação anterior.

Indo parte a parte, começaremos pelo luto particular de cada um. Há alguns personagens a serem trabalhados nesse parâmetro. Beth (Emily Kinney), filha de Hershel (Scott Wilson), que se tornaria uma das principais no futuro, aqui tem seu primeiro destaque, ao justamente ficar em estado de choque ao ver seus familiares, em sua cabeça ainda “doentes”, serem mortos e ainda sofrer um ataque de um deles zumbificados, cumprindo a cota padrão de pelo menos uma cena com os mortos vivos no capítulo. Já Carol (Melissa McBride) possuem um luto bem mais silencioso, até frio, eu diria. O episódio em si pouco aproveita de fato o tempo de tela para desenvolver esse seu caráter que ficaria bem mais enrijecido no futuro, mas imageticamente, sua cena esmagando as Cherokee Rose de Daryl (Norman Reedus), serve perfeitamente para resumir a sua condição emocional, além de ser um reforço ao caminho de completa desesperança, colocado pela temporada. Isso vale para o caipira, que depois de ter quase morrido para resgatar Sophia (Madison Lintz), retoma a “estaca zero” do individualismo, um movimento que para este momento congela seu desenvolvimento para o não fazer interferir na resolução de outros problemas, consequentemente os dificultando.

Vale falar também de Carl (Chandler Riggs), de todos ali, é incrivelmente o que lida de forma mais racional ao incidente, pegando um pouco do espírito do pai em querer se responsabilizar pelo grupo no agrado melhor para a convivência de todos, mas disposto a tomar as atitudes drásticas necessárias como Shane faria, sentimento que já estava trabalhado com antecedência nos episódios anteriores, em que ele não queria mais ser alguém para ser protegido, buscando aprender a atirar e ir as patrulhas de busca a Sophia. O questionamento de como ela foi parar no celeiro é levantado por Shane diretamente a Hershel o acusando de já saber disso, consequentemente levantando a tensão de uma possível rebelião liderada por Shane em tomada da fazenda, considerando que Hershel queriam todos fora dali imediatamente, ou no mínimo ele. Ambas essas tensões são falsamente implementadas para o acúmulo de conflitos dificultador do novo como mencionado. Mas esses implantes não são gratuitos, pelo contrário, são muito bem-feitos, ambiguamente colocando a divisão do grupo sobre o que eles acharam da sua atitude, mas também trazendo um lado de sensibilidade de Shane quando vai conversar com Carol, criando um terreno incerto sobre como as coisas irão proceder se o Hershel permanecer na sua decisão.

Enquanto isso, a tensão entre ele e Rick (Andrew Lincoln) e ele e Dale (Jeffrey DeMunn) permanece aflorada. Na parte de Dale, mais para o futuro, uma vez que ele conta a Lori (Sarah Wayne Callies) sobre seu achismo correto do que realmente aconteceu entre ele e Otis (Pruitt Taylor Vince), até para fornecer material de tensão a possível divisão implementada da conquista a fazenda após uma eventual expulsão somente sua de lá e quem ficaria ou não de seu lado, enquanto a de Rick se reflete mais no presente, especialmente porque ele decide de novo se arriscar, junto a Gleen (Steven Yeun) numa missão em busca de Hershel, que foi para a cidade se embriagar para esquecer a desgraça, logo no finalzinho da tarde, onde está mais perigoso. Um ponto que convenhamos, Shane tinha razão no momento, porque apesar de Lori concordar com Shane, seu estado de desequilíbrio emocional a forçou a fazer besteira por conta da atitude de Rick, irracionalmente saindo em busca do marido e o coreano, sozinha e sem ajuda – porque o Daryl rejeitou de ir, como dito, dificultando os outros conflitos – e acaba capotando o carro no meio da estrada.

Um gancho que mesmo sendo secundário é de ficar louco para saber como vai se desdobrar, porque por mais burra que fosse sua escolha, as consequências que uma possível morte sua ou do bebê, levariam naquele momento fornecia milhões de expectativas diferentes e no clima de vulnerabilidade de The Walking Dead a época, isso é era bem possível de uma das coisas, acontecerem. Este terço final do episódio inclusive, é a parcela que o eleva qualitativamente. Desde a ótima conversa entre Rick e Gleen, onde os pormenores do segredo que Gleen guardou de Lori gravida são resolvidos entre eles, além de termos a revelação de que Maggie (Lauren Cohan) já ama Gleen, que compartilha estar incerto sobre sentir o mesmo, já que eles se conhecem a pouco tempo, passando pela franca conversa de bar entre Rick e Hershel; discutindo os pormenores da liderança a frente da esperança pessoal e desabafando sobre o estado emocional que suas atitudes os levaram; até a enfim, a instauração do novo conflito, que é a ameaça de um novo grupo circundando a região, os encontrando no bar no momento de saída.

Nebraska através da divisão de corpos a serem enterrados e outros a serem queimados já vinha reposicionando a mentalidade dos sobreviventes ao distanciamento de humanização. O enterro dos três mais queridos, diferente do de Otis, já não tinham mais palavras a serem compartilhadas. O queimar dos outros corpos, estava se tornando um trabalho rotineiro duro e sem tanto propósito. Em contraponto ao que ocorreu lá na primeira temporada com os Vatos, que na mascará pareciam perigosos e na realidade eram amigáveis, Dave (Michael Raymond-James) e Tony (Aaron Munoz) aparecem como amigáveis, o que teoricamente, se fosse naquela situação antiga, os tornariam facilmente até membros novos do grupo, mas naquele contexto, essa impressão só foi motivo para maior desconfiança que em crescente iria revelar a realidade perigosa daqueles dois sobreviventes.

Contudo, o episódio questiona essa posição de perigo no próprio grupo do Rick, que já havia feito coisas horríveis até ali para sobreviver, como os próprios desconhecidos tiveram em seu caminho para chegar até ali. Portanto, a confirmação que eles eram uma ameaça vem muito mais consequência da transformação dos protagonistas que levaram a desconfiança total da situação, negação da ajuda e o inevitável embate pensando em defender o grupo nos novos princípios de sobrevivência, do que exatamente culpa da personalidade problemática daqueles dois, como fica claro que tinha, nos comentários inoportunos de Tony no decorrer da conversa. A cena tem uma tensão muito bem construída até o momento que Rick assassina os dois. Por mais que fique a sensação de que é algo que ele estava acostumado a fazer sendo policial, a forma imediata de reação transparece o efeito Shane que começaria a dominar o líder em ter tomadas de decisão mais complicadas sem muito pestanejo.

Coincidentemente, a defesa da fazenda na atitude de Rick, certamente recolocou Hershel na reconsideração da permanência do grupo na fazenda e a união de ambas as forças para sobreviver, uma vez que ele depois do choque de realidade entende o quão tolo foi e que o antigo objetivo do grupo de Rick, na ida para o Forte Benning é confirmada como inviável. O obstáculo, no entanto, parece longe de ter sido resolvido, já que fica subentendido que eles não estavam sozinhos e que se o grupo é perigoso, não iria deixar barato a morte dos companheiros. Assim, Nebraska finaliza absorvendo e discutindo as consequências necessárias do divisor de águas passado e entrega em intensa medida, o tempero a mais do que está por vir nessa outra metade de temporada.

The Walking Dead – 2X08: Nebraska | EUA, 12 de Fevereiro de 2012
Diretor: Clark Johnson
Roteiro: Evan T. Reilly, Angela Kang
Elenco: Andrew Lincoln, Jon Bernthal, Sarah Wayne Callies, Laurie Holden, Jeffrey DeMunn, Steven Yeun, Chandler Riggs, Norman Reedus, Melissa McBride, Irone Singleton, Lauren Cohan, Emily Kinney, Scott Wilson, Jane McNeill, James Allen McCune, Michael Raymond-James, Aaron Munoz, Amber Chaney
Duração: 43 minutos

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