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Crítica | The Walking Dead – 2X13: Beside the Dying Fire

por Iann Jeliel
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Beside the Dying Fire
Nota do Episódio:

Nota da Temporada:

  • SPOILERS do episódio e da série. Leiam aqui as críticas das demais temporadas, games e HQs. E aqui, as críticas de Fear the Walking Dead.

“Isso não é mais uma democracia.”

Beside the Dying Fire confirma através da ação o clima de completa desesperança dado desde o primeiro episódio dessa segunda temporada, fechando-a sem esperança ou irônica esperança como foi TS-19, mas da forma mais crua possível. Ainda que tenha sido bastante “preparado” em termos estruturais, ora, tinha que ter alguma grande batalha com zumbis em determinado momento da temporada e o melhor episódio para isso acontecer seria o último, não se trata de uma ação protocolar, ceninhas com os mortos-vivos porque tinham que ter, para reforçar a ambientação e segurar o público-alvo que queria ver uma série de zumbis e matança ao invés de dramas bem trabalhados – ressalto que não acho isso um problema, tanto que todas as cenas assim ao longo da temporada são muito boas, inclusive para potencializar o drama, mas preciso alfinetar os loucos que acham que The Walking Dead nessa época enrolava por isso –, é literalmente uma ação que põem tudo a perder, o lar, as vidas dos personagens e a formação deles como grupo.

Se voltarmos a pensar em What Lifes Ahead, no quanto foi perigoso e quanta coisa deu errado a partir de uma manada pequena de zumbis, a escala bem aumentada de quantidade desta horda na invasão a fazenda por si só já traz um efeito psicológico de perdas vindo a qualquer instante – reforçada pela primeira cena em que basicamente acompanhamos a formação do tamanho do grupo de zumbis –, sendo a da fazenda basicamente inevitável. O sentimento de frustação portanto, já toma o espectador a frente de aproveitar a empolgação das sequências com os personagens atirando nos zumbis, lutando pelo lar que adquiriram a ferro e fogo na temporada, porque não há nenhum otimismo ou perspectiva de que eles poderiam passar por esse desafio, tudo aconteceu de uma hora para outra, não tinha como bolar um plano plausível de sucesso e os personagens apesar de mais habilidosos, não tinham recursos passíveis de contornar a situação se não atirar como loucos, consequentemente atraído mais zumbis.

Fico dividido com relação a essa escolha de dar a ação um final praticamente certo, apesar de válida para tornar a situação mais desesperadora, onde os personagens vão se distanciando, desnorteadas sem saber o que aconteceu com cada um e forçados a abandonar separadamente a fazenda, correndo o risco real de nunca se encontrarem novamente, isso diminui um tanto o aspecto sensorial a nível de entretenimento, especialmente porque não é exatamente compensado por um consequencial relevante e fatídico no grupo. Só Jimmy (James Allen McCune) e Patrícia (Jane McNeill) morreram no incidente – mortes para lá de brutais, diga-se de passagem –, personagens que junto a T-Dog (Irone Singleton), foram basicamente os únicos não tão explorados na temporada, ou seja, perdas não tão relevantes a trama, por mais que o sentimento na sequência, claramente nos fizesse crer que Hershel (Scott Wilson), Carol (Melissa McBride) e Andrea (Laurie Holden) poderiam facilmente ter ido, não houve uma dessas mortes para cravar a impotência do telespectador no momento. Assim como não houve uma maturação duradoura o suficiente da parte em que os personagens estão separados, para respaldar todo o sentimento pessimista passado pelo episódio.

The Walking Dead no futuro utilizaria metade de uma temporada inteira com essa premissa, algo que não era necessário aqui porque tinha de ter a última cena da fogueira, mas se esse capítulo adotasse somente uma maior duração, de 1 hora como foi o primeiro episódio da temporada, talvez fosse suficiente para aproveitar melhor o impacto dramatúrgico pós queda da fazenda, antes de juntarem todo mundo de novo no cemitério de carros da estrada lá do início. Ainda há ceninhas boas aproveitando isso, Daryl (Norman Reedus) resgatando Carol, a angústia de Lori (Sarah Wayne Callies) ao não está com o Carl (Chandler Riggs) por perto, Gleen (Steven Yeun) devolvendo um “eu te amo” para Maggie (Lauren Cohan), Hershel e Rick (Andrew Lincoln) conversando uma última vez sobre fé em posições opostas, mas poderiam ter feitos mais momentos assim, incluindo a forma a qual Daryl encontrou todo mundo, que não é mostrada. O episódio no fim das contas, prova ao final que a consequência real desta queda foi fornecer transformação definitiva de Rick naquele que Shane (Jon Bernthal) gostaria de ver, um líder frio, sangue nos olhos para tomar decisões absolutas visando o bem do grupo e da familia, gostem eles ou não.

A parcela mais interessante do episódio é destinada a partir do momento em que se reencontram e a gasolina acaba, todo mundo eufórico, questionando o que eles vão fazer agora, com tudo ainda mais tenso depois de Rick enfim revelar, para eles e para nós também, o que Jenner (Noah Emmerich) disse no final da primeira temporada, que todos estavam infectados, assim não importa tomar mordida de zumbi ou não, cada um que morrer vai virar zumbi. A conversa que ele tem com Lori depois falando que matou Shane é também muito impactante. Aglutinando as duas ao passo dele começar a ser questionado pelo grupo, Rick tem o desabafo derradeiro com o assumir das responsabilidades exclusivas, em um monologo memorável de Andrew Lincoln, em talvez a sua melhor performance na série inteira. O mais interessante é que isso não tem tom de gancho, ou seja, não parece algo que irá persistir para uma próxima temporada, visto que não há mais um Shane para fazer um contraponto, além de um reconhecimento, em tom de apavoro pelo caráter autoritário, mas com respeito ao xerife, eles sabem que só sobreviveram até agora por conta que ele fez o necessário.

Portanto, o tom de união do grupo do início de Better Angels se mantém, contudo não é o legado de Dale (Jeffrey DeMunn) que será considerado, mas sim o de Shane. O gancho é esse, uma próxima temporada com o grupo mais cascudo e unido enfrentando outras situações complicadas que o meio do apocalipse vai reservar com outra atitude. Claro que ainda fica questões não respondidas: aquele helicóptero passando em Atlanta, de novo sendo mostrado aqui; quem é aquela pessoa carregando uma espada e dois zumbis que encontrou Andrea, a única que realmente se separou do grupo; a dúvida se ela vai se encontrar de novo com o grupo e como vai reagir ao saber que Rick assassinou Shane; a prisão do fundo na última cena será a próxima safezone?; mas de modo geral Beside the Dying Fire encerra todos os ciclos propostos pela segunda temporada satisfatoriamente. Ainda que tenha alguns problemas, imagens como a do celeiro queimando e o take na mensagem apagada de Sophia (Madison Lintz), são incapazes de colocar o episódio abaixo da excelência característica da melhor temporada de The Walking Dead até hoje.

The Walking Dead – 2X13: Beside the Dying Fire | EUA, 18 de Março de 2012
Diretor: Ernest R. Dickerson
Roteiro: Robert Kirkman, Glen Mazzara, Angela Kang
Elenco: Andrew Lincoln, Jon Bernthal, Sarah Wayne Callies, Laurie Holden, Jeffrey DeMunn, Steven Yeun, Chandler Riggs, Norman Reedus, Melissa McBride, Irone Singleton, Lauren Cohan, Emily Kinney, Scott Wilson, Jane McNeill, James Allen McCune
Duração: 42 minutos

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