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Crítica | The Walking Dead – 7X06: Swear

por Ritter Fan
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam a crítica de todas as demais temporadas, dos games e das HQs, aqui. E da série spin-off, Fear the Walking Dead, aqui.

Sol e água. Uma praia com areia. Por alguns segundos tenebrosos fiz uma conexão com Fear the Walking Dead e, de repente, fiquei preocupado. Mas, então, vi Tara, personagem que confesso que tinha esquecido que existia, e tudo voltou ao normal. Ou quase, pelo menos.

Swear é mais um episódio focado exclusivamente em um grupo e, desta vez, assim como em The Well, um grupo completamente novo e curiosamente formado unicamente por mulheres extremamente bem armadas e preparadas para tudo, inclusive eliminar Tara sem nem pensar duas vezes. Apesar de eu ser o primeiro a defender episódios que trabalham de verdade seus núcleos, dando tempo para desenvolver os personagens, essa estrutura pode cansar da mesma maneira que episódios picotados cansam.

No entanto, Swear consegue reunir o pior de dois mundos. Apesar de ser quase que exclusivamente focado na aldeia de mulheres (Oceanside), nenhuma nova personagem ganha desenvolvimento além do “eu te mato, eu te salvo, eu te mato, eu te salvo”. A repetição de situações é constante e sempre em cima do velho e batido clichê de aceitação versus desconfiança que já não é novidade há muito tempo na série, mas que, aqui, o roteiro de David Leslie Jonhson (que volta para a série depois de escrever dois episódios da 2ª temporada), esgarça e banaliza completamente, sem cerimônia.

Se, por alguns momentos, a costura de flashback com eventos no presente parecia indicar algo intrigante, com a introdução da equilibrada Cyndie (Sydney Park) e da furiosa Rachel (Mimi Kirkland) em um leve cabo de guerra sobre o destino de Tara, achada inconsciente na praia, a esperança logo desaparece e somos jogados em uma espiral enervante de situações óbvias e preguiçosas. Claro que o grupo que Tara encontrou terá sua função mais para a frente e foi interessante descobrir que aquelas mulheres são sobreviventes de um massacre promovido pelos Salvadores, o que dá ainda mais relevo e profundidade ao grupo comandado por Negan, mas a grande verdade é que muito tempo foi usado para enrolar a progressão narrativa de forma a forçar a manutenção do episódio nesse núcleo específico. No lugar de procurar um equilíbrio como o obtido em Go Getters, Johnson faz de tudo para manter o interesse e fracassa fragorosamente, inclusive minimizando momento potencialmente emocionante que seria a descoberta, por Tara, que Denise morrera.

O roteiro aqui é tão fraco que nem mesmo a direção de Michael E. Satrazemis, um dos diretores mais constantes na série e que mais se responsabiliza por episódios bem construídos, consegue fazer algo para compensar. Ele até consegue criar algum suspense no início com o uso de close-ups, grande profundidade de campo e uma câmera subjetiva, mas isso só funciona de verdade até o espectador perceber que o episódio não é muito diferente de um cachorro correndo atrás do próprio rabo. Uma vez que isso fica evidente – e não demora para acontecer – todos os esforços do diretor caem por terra e o episódio passa por um processo de fagocitose acelerada.

Além disso, as ausências de Heath e Tara por duas semanas não ganha explicações razoáveis e também destoa muito do que temos visto na série o fato de eles terem passado todo esse tempo em busca de mantimentos para somente encontrar algumas “latas enferrujadas de quiabo”. Incompetência dos personagens ou conveniência/preguiça narrativa? E claro que o mistério do sumiço de Heath, com direito até a um zumbi parecido com ele (humm, onde será que já vi esse artifício antes?) para criar um drama bobo é de revirar os olhos. Se Gimple não tiver uma função clara para esse desaparecimento em episódios vindouros, será mais uma bola fora do showrunner, ainda que não tão drástica quanto a falsa morte de Glenn na temporada anterior.

A grande verdade é que Swear é o primeiro efetivo filler da temporada, algo que poderia ter sido evitado com a abordagem de pelo menos um outro grupo, talvez o pessoal do Reino ou até mesmo Heath em outra jornada. Mas Gimple insiste em sua estratégia de “um episódio/um núcleo” que, apesar de estar funcionando bem, já cansou e este episódio é a prova disso. Se eu lembrei de Fear the Walking Dead bem no comecinho do capítulo, ao final lembrei novamente, pois a qualidade de Swear não difere muito da média do que a “outra série” oferece normalmente…

Obs: O responsável pelas legendagem deste episódio na Fox deve ter no mínimo a minha idade! Afinal, foi muito bacana e divertido ler “neca de pitibiriba” lá, gíria que só ouço gente idosa como eu usando. O único momento realmente bom do episódio, devo dizer.

The Walking Dead – 7X06: Swear (EUA, 27 de novembro 2016)
Showrunner: Scott M. Gimple
Direção: Michael E. Satrazemis
Roteiro: David Leslie Johnson
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Chandler Riggs, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Sonequa Martin-Green, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Alexandra Breckenridge, Ross Marquand, Austin Nichols, Tovah Feldshuh, Michael Traynor, Jordan Woods-Robinson, Katelyn Nacon, Corey Hawkins, Kenric Green, Ethan Embry, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, Jeffrey Dean Morgan, Khary Payton, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré
Duração: 45 min.

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