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Crítica | The Walking Dead – 7X09: Rock in the Road

por Guilherme Coral
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todas as demais temporadas, dos games e das HQs. E, aqui, da série spin-off, Fear the Walking Dead.
  • Observação²: Ritter Fan, que costuma escrever sobre a série, ficou impossibilitado de escrever sobre esse episódio em virtude de sua idade avançada (último teste à base de carbono-14 deu mais de 3,5 milhões de anos, mas ainda não temos um número preciso), portanto irei substituir nosso querido editor tentando ser tão rabugento quanto ele, que gostou mais da primeira metade da temporada que eu. Se preparem.

A primeira metade da sétima temporada de The Walking Dead começou da maneira mais dramática possível, seguido por um episódio que explora em um nível diferente toda a loucura desse mundo pós-apocalíptico. Salvo poucas exceções, contudo, o que veio a partir daí foi uma enrolação tão grande que parece que a intenção de Scott M. Gimple era fazer nos sentir como os zumbis da série: lentos e sem qualquer perspectiva de melhoria da sua situação, somente consumindo qualquer coisa de forma descerebrada. Nossa recompensa por essa jornada que parecia mais um casting de Jeffrey Dean Morgan, que era forçado a repetir a mesma cena com sutis diferenças? Um momento “sejamos todos felizes e vamos sorrir mesmo que estejamos à beira de entrar em guerra” em Hearts Still Beating.

Independente do toque de Super Amigos do desfecho da primeira metade da temporada, os eventos que ali desenrolaram poderiam, enfim, significar um avanço para esse ano, que conseguiu nos fazer até superar a morte de Glenn e Abraham através de algo pior: o fillerRock in the Road vem, portanto, como uma possível salvação, é a retirada da proverbial pedra da história de Rick e a esperança de termos a verdadeira face de The Walking Dead de volta (vide quarta e quinta temporadas). Mas, como nem tudo é perfeito, o seriado primeiro tem de tropeçar nessa pedra, de novo, antes de verdadeiramente nos catapultar para frente.

O capítulo tem início imediatamente após o término colorido de Hearts Still Beating, nos mostrando Rick e seu grupo tentando convencer Gregory de se juntar aos planos para acabar com Negan de uma vez por todas. Aqui ganhamos certamente um dos melhores trechos do episódio, com o líder de Hilltop recebendo a convocação da forma mais irônica possível, quebrando de imediato a noção fantasiosa dos personagens de que todos se uniriam contra os Salvadores sem pestanejar. Xander Berkeley certamente rouba a cena com uma dose maliciosa de realismo necessária a aquele momento.

Rock in the Road começa, então, a dar indícios de sua fragmentação não muito depois, com Jesus levando o grupo para o Reino. A estrutura episódica dentro de um capítulo desde já quebra seu ritmo, não se trata apenas de troca de focos e sim muitos eventos acontecendo em lugares diferentes com os mesmos personagens, como se Gimple tentasse correr atrás do atraso causado pelo lenga-lenga da primeira metade da temporada. Esse fator invariavelmente me fez olhar repetidas vezes para o relógio e isso mesmo antes dos intervalos comerciais prolongados da Fox começarem, ao passo que algo que dura apenas quarenta e quatro minutos soa como um longa-metragem de duas horas.

Felizmente, a reação do grupo ao encontrar Ezekiel é tão boa quanto poderíamos imaginar, com o tigre ao lado do “rei” não sendo esquecido em momento algum, especialmente não por nós que conseguimos discernir o CGI em todos os momentos – mas, ele aqui é justificado para compor esse surreal personagem, portanto, não coloco como um ponto negativo do capítulo (por mais que eles tenham dinheiro para fazer algo melhor). A não aceitação do líder do Reino, mesmo após um de seus próprios usar o golpe mais temido de todas as produções cinematográficas, o “papinho”, veio como mais um choque de realidade, que contrapõe perfeitamente os sorrisos ingênuos vistos anteriormente.

Evidente que o fato de Daryl permanecer nas terras do Rei irá influenciar diretamente a participação de Ezekiel na vindoura guerra, possivelmente um fator que irá se encaixar com a procura dos Salvadores pelo prisioneiro que escapou. Aliás, temos aqui, enfim, uma boa utilização de Negan – sem aparecer ele consegue transmitir uma dose maior de tensão que suas mil e uma noites de monólogos da primeira metade desse sétimo ano. Um claro exemplo do clássico menos é mais.

Mas a dita pedra não para de aparecer e a série tropeça mais uma vez através de explosivos que surgem no meio da estrada da maneira mais conveniente possível. Claro que a presença da horda ali perto tenta explicar a aparição dessas dinamites e afins, com a justificativa de que o grupo de Negan os colocara ali. Mas, convenhamos, eles não deixariam armas ali, à vista de todos, sem deixar uma de suas centenas de buchas de canhão para se certificar que ninguém as pegaria, principalmente considerando que ninguém dominado pelos Salvadores pode portar armas. Está mais do que claro que a presença desse trecho aqui foi adicionada apenas para garantir alguns minutos de ação dentro de um episódio mais focado no drama.

O que vem a seguir, porém, consegue nos fazer esquecer desse trecho com algo que pode tanto significar mais enrolação dentro da temporada ou uma perspectiva de salvação para nós espectadores. Ao buscar Gabriel, que desaparecera de Alexandria (mais uma fragmentação do capítulo!), levando todos os mantimentos possíveis, Rick e os outros (sinceramente, alguém se lembra de algum deles fazendo algo de relevante nesse capítulo?) encontram mais um grupo de sobreviventes, dessa vez com armas! O enigmático sorriso do protagonista no desfecho pode nos levar a algumas teorias. Primeiro, podemos ver a volta do querido Evil Rick, aquele que morde bandidos que tenta matar seu filho e corta braço de namoradas quando estão prestes a transformar Carl em ração de zumbi. Mas isso é menos provável, geralmente o psycho-Rick (outro nome carinhoso que dou a seu desvio de personalidade) aparece gradualmente, precedido por um olhar de “eu vou destruir tudo e todos”. O que esse fim nos traz é uma possível arma secreta no combate contra Negan, através de um grupo ainda não subjugado por eles.

Mas qual a preocupação que isso gera em nós? Podemos estar à beira do início de mais uma infindável subtrama, que pode ser desenvolvida até o término da temporada, quando, enfim, todos irão se unir para que apenas na próxima vejamos a eclosão, de fato, da guerra. Se esse nosso temor se realizar, a sedimentação da lentidão desse ano estará completa, tornando esta uma temporada que, de dezesseis episódios, precisaremos assistir apenas quatro para captar o contexto geral. Esperamos que nosso medo não se concretize.

Rock in the Road, portanto, é um midseason première repleto de tropeços, intercalados por um caminhar em direção a uma bifurcação: de um lado temos mais enrolação e do outro uma salvação para essa temporada, que ainda pode se redimir se decidir acelerar sua narrativa um bocado. Pelo que vimos anteriormente, contudo, não tenho muitas esperanças para que Scott M. Gimple escolha o melhor caminho, deixando a qualidade da quarta e a quinta temporada da série apenas como uma memória distante, continuando a fazer nos sentir como os tais zumbis.

The Walking Dead – 7X09: Rock in the Road (EUA, 12 de fevereiro de 2017)
Showrunner: Scott M. Gimple
Direção: Greg Nicotero
Roteiro: Angela Kang
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Chandler Riggs, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Sonequa Martin-Green, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Alexandra Breckenridge, Ross Marquand, Austin Nichols, Tovah Feldshuh, Michael Traynor, Jordan Woods-Robinson, Katelyn Nacon, Corey Hawkins, Kenric Green, Ethan Embry, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, Jeffrey Dean Morgan, Khary Payton, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré
Duração: 44 min.

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