Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead – 8X14: Still Gotta Mean Something

Crítica | The Walking Dead – 8X14: Still Gotta Mean Something

por Gabriel Carvalho
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todas as demais temporadas, dos games e das HQs. E, aqui, da série spin-offFear the Walking Dead.

É irônico que o dia da mentira tenha caído justamente na exibição desse episódio, no qual Rick, no caso, mente. E mente na cara dura. Sem um pingo de vergonha na cara, ou então, arrependimento. Será um último passo antes da mudança de comportamento, prenunciada com a morte de Carl? Muito provavelmente, visto que vemos, no final do episódio, o nosso “herói” começando a ler a carta deixada por seu filho, após o embate sangrento – e covarde – travado pelo ex-xerife e Morgan contra os Salvadores fujões. Sttil Gotta Mean Something, aliás, é um episódio que relembra diversos acontecimentos passados, desde Michonne se referindo a Andrea até Morgan e Rick conversando sobre aquele primeiríssimo encontro da dupla. Desde que o garoto de chapéu nos deixou no retorno dessa temporada, era de se estranhar que estes dois personagens não tivessem conversado momento algum. Os diálogos, dessa vez, não tem intuito de consolar Rick pela sua perda, o que seria ideal para ocasiões anteriores, mas redundante agora. A função narrativa é completamente diferente, amarrando-se com o arco pessoal de Morgan, completamente pirado, com sinais ainda mais claros de insanidade e de auto-consciência de loucura. Still Gotta Mean Something é mais uma piração de Morgan, mas uma para valer, que abre espaço para Lennie James comprovar novamente ser um dos melhores atores da série. No mais, finalmente parece fluir o desenvolvimento do personagem, ainda mais porque o episódio amarra outra ponta solta deixada no passado.

O desaparecimento de Henry, após o menino cometer aquela burrice colossal de abrir a cela dos Salvadores capturados em Hilltop (os mesmos que Rick e Morgan buscam aqui), oferece bons frutos para a série, exercendo o papel de apoio para Carol ter uma contemplação cíclica do seu relacionamento com crianças. Não é por menos que o resgate do garoto, amedrontado por mortos-vivos, é como, para Carol, se Sophia também tivesse sido salva. O abraço é muito verdadeiro e desponta mais uma vez Melissa McBride como outro carro-chefe de atuação no seriado. Não apenas sua própria filha teve de morrer, de acordo com as intenções do destino, como o histórico da mulher com os pequeninos não se provou muito positivo. O texto também é bastante acertado nas conversas da mulher com Ezekiel,  vide o acovardamento dela diante da possibilidade do garoto ser encontrado morto (o paradeiro em aberto abre margem para esperança intrínseca). Não apenas isso, mas The Walking Dead usa a construção de um personagem para auxiliar a construção e o desenvolvimento de outro, o que é uma novidade para um seriado que costuma não ter sagacidade para isso, pelo menos nas últimas temporadas não teve. Carol e Morgan tem um diálogo intenso sobre salvar pessoas e deixar pessoas morrer. Pela primeira vez em muito tempo, o discurso proposto no episódio parece ter lógica e até mesmo a ação não soa genérica como antes, mas, digamos, envolvente.

Contudo, fora dessa mensagem central, Still Gotta Mean Something também abre espaço para sabermos mais do paradeiro de Negan, capturado por Jadis em capítulos passados. A começar, o roteiro desenvolve muito bem as coisas que acontecem por lá. O helicóptero, outrora visto por Rick, reaparece e Jadis enfrenta confrontações com o líder dos Salvadores que acaba por levá-la a libertar o prisioneiro. O suspense, porém, é realmente mal feito, como Negan aparecendo de uma hora para outra com o sinalizador e as fotos na mão, sem nenhuma criação de tensão. Ao final, as novas informações acerca do que Lucille representa para o chefão é o melhor que tiramos disto tudo. Mesmo assim, esse segmento é picotado por todo o episódio, sem nenhuma conexão com o que acontece nos outros, o que cria o sentimento de algo a parte do todo. Além do mais, Daryl e Rosita protagonizam o início de outro dos planos malucos que sempre, enfatizo no sempre, dão errado. Como Tara saiu do barco, Rosita é a nova parceira de insanidades aleatórias promovidas por Daryl, um coadjuvante que há muito tempo não tem nada de útil para fazer. Esperaremos pelos próximos capítulos para ver se as coisas irão caminhar melhor, visto que no geral, e não individualmente por episódio, a série é ainda mais problemática. Por exemplo, o que aconteceu com Jesus? E por que colocar esse buraco entre as aparições dos membros de Oceanside? The Walking Dead tem vários problemas estruturais que não são realçados em um episódio por si só, mas que definitivamente notabilizam-se.

The Walking Dead – 8X14: Still Gotta Mean Something — EUA, 1 de abril de 2018
Showrunner: 
Scott M. Gimple
Direção: Michael E. Satrazemis
Roteiro:
Eddie Guzelian
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Ross Marquand, Katelyn Nacon, Kenric Green, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, R. Keith Harris, Khary Payton, Cooper Andrews, Austin Amelio, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré, Pollyanna McIntosh, Kerry Cahill, Traci Dinwiddie, Charles Halford, Jayson Warner Smith, James Chen, Nadine Marissa, Avi Nash, Jeffrey Dean Morgan
Duração:
 44 min.

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