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Crítica | The Walking Dead – 8X15: Worth

por Gabriel Carvalho
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todas as demais temporadas, dos games e das HQs. E, aqui, da série spin-offFear the Walking Dead.

Às vésperas da Guerra Total, Scott M. Gimple nos faz repensar nossos vilões, os antagonistas da série, e o papel de cada um deles dentro das tramoias que resultarão no evento final da temporada. Afinal, como os Salvadores irão lidar com a ameaça de Rick e companhia? Será que Negan é o maior vilão da série? Worth, sendo assim, também é um desmitificador, encerrando arcos e mudando o status quo de certos personagens. Enquanto por um lado Simon planeja uma mudança de liderança, Dwight assume as últimas consequências para continuar fiel a Rick. Negan, por sua vez, retorna ao Santuário, apenas para se encontrar diante de dilemas, os quais fazem completo sentido dentro do episódio e de sua estrutura narrativa, que logo pontua um Simon mais interessado em liderança e um Dwight mais acuado por uma presença nas sombras. Enfim, Simon é morto esganado pelo homem que ele ousou trair e vemos os últimos passos para a Guerra serem tomados, com Negan, de qualquer forma, assumindo as dores de seu antigo braço direito, decidido a matar todos por não ver mais chance em um recomeço. O quase desespero de Dwight para entregar os últimos planos dos Salvadores para Gregory é um acerto ao ser iniciado durante a própria luta, indicando uma ação extremamente necessária. Por outro lado, a montagem faz soar que o personagem se teletransportou de um lugar para o outro. O retorno dele a Hilltop deveria ser mais ao final do episódio e não logo após a sua retirada do Santuário.

O arco de Dwight, por sinal, é bastante circular. A arquitetação de Negan para fazê-lo entregar um plano que seria, na verdade, uma emboscada é extremamente inteligente, algo que The Walking Dead há muito não fazia. Há também de se perceber com isso uma ironia peculiar, que fortalece significativamente a tragédia na descoberta de que o personagem é um vira-casaca. Dwight, afinal, entregou Simon para Negan, salvando o líder da comunidade de uma faca pelas costas, que o personagem de Steven Ogg, um psicótico inigualável, queria dar. No mesmo passo, essas tantas mudanças de comando, visto que Negan ainda não havia chegado ao Santuário no início do episódio e revelado-se vivo, também implica nas atitudes de Eugene, temeroso pela sua vida. Worth coloca uma grande parcela dos acontecimentos retratados para serem interligados, não os deixando episódicos dentro da estrutura do próprio, algo que Game of Thrones costuma fazer. Ao ser capturado por Daryl e Rosita – de uma maneira extremamente fácil, aliás – o personagem é humilhado por aqueles que um dia chamou de amigos. David Leslie Johnson e Corey Reed ainda encontram manobras narrativas, utilizando da inteligência de Eugene, para fazê-lo sair daquela situação. Outros episódios teriam encontrado resoluções certamente estúpidas. Será que a breve captura do cientista mudou alguma percepção do mesmo em relação a guerra?

Como nem tudo são flores, Aaron está em Oceanside, tentando, por algum motivo, após aquela estúpida decisão dos roteiristas de fazer Enid matar um membro do grupo feminino, fazer com que a comunidade se una a Alexandria, o Reino e Hilltop na Guerra Total. Além de deslocado do cerne, o que Aaron diz é apenas uma reiteração do que todos aqueles interessados em convencer Oceanside já haviam dito. Agora, o assassinato causado por Enid, sem nenhum remorso pelo que fez sem querer, também é uma implicação a mudar como se encontrava o conflito; uma implicação que acaba sendo positiva, mesmo que definitivamente não fosse algo a ser colocado na lista de prós em “Enfrentar os Salvadores”. Mas chegou a hora dessa trama de vai ou não vai participar da guerra acabar, embora a solução mais fácil era ela nem mesmo existir, redundante há muito tempo. Enfim, se algo mais emocionante é apresentado esta é a carta de Carl para Rick, um ótimo texto que assimila muito bem as intenções do garoto com o seu legado. A relação do “segurar as mãos” é perfeita e tocante, visto que estamos falando de um filho querendo ajudar o seu pai, como ele fez após a queda da prisão, como ele quer fazer com a sua morte, algo fadado a destruir qualquer um. Negan também recebe a sua carta e o episódio termina na desesperança de que, pelo lado dos Salvadores, não irá existir alguma concessão. Do lado de Rick, as possibilidades são maiores.

The Walking Dead – 8X15: Worth — EUA, 8 de abril de 2018
Showrunner: 
Scott M. Gimple
Direção: Michael Slovis
Roteiro: 
David Leslie Johnson, Corey Reed
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Ross Marquand, Katelyn Nacon, Kenric Green, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, R. Keith Harris, Khary Payton, Cooper Andrews, Austin Amelio, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré, Pollyanna McIntosh, Kerry Cahill, Traci Dinwiddie, Charles Halford, Jayson Warner Smith, James Chen, Nadine Marissa, Avi Nash, Jeffrey Dean Morgan
Duração:
 44 min.

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