Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead – 8X16: Wrath

Crítica | The Walking Dead – 8X16: Wrath

por Gabriel Carvalho
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aqui, as críticas de todas as demais temporadas, dos games e das HQs. E, aqui, da série spin-offFear the Walking Dead.

A oitava temporada de The Walking Dead começou telegrafando o seu final: Negan seria poupado e Rick venceria a guerra. Imprevisibilidade não é uma constante na série. Ao menos, quando vamos falar de acontecimentos inesperados não estamos falando, majoritariamente, de uma construção distinta do óbvio, mas personagens fazendo coisas estúpidas que, certamente, não estavam dentro de nossas expectativas, sempre otimistas em relação ao seriado. Mesmo sem nenhum desenvolvimento realmente instigante, que despertou a curiosidade do público, Wrath torna-se a conclusão de um arco: o Rick da fúria indo para o Rick da misericórdia e, acima de tudo, o Rick da iria para o Rick capaz de olhar um futuro além do presente. Wrath acaba sendo, decididamente, o completo oposto de Mercy. Não há banho de sangue, nenhuma carnificina. O título é um gigantesco contraste com a temática do episódio. Nos vemos, porém, observando um pai contemplar o legado de seu filho. É uma pena que a morte de Carl, uma das atitudes mais corajosas de Scott M. Gimple, não tenha vindo com todo o potencial possível, mas há excepcionais qualidades naquilo que o showrunner empregou nessa relação pai e filho, que todos acreditavam ser o mote da principal, mas, na verdade, apenas uma passagem. A busca por um futuro não é apenas ideológica, mas emocional, visto que temos um pai capaz de realizar aquele último desejo de seu filho: criar um depois.

Se o fim era extremamente previsível, o caminho prova ser uma faceta importantíssima para o nosso apego em relação a uma história; a jornada, no final das contas, é o mais importante de tudo. The Walking Dead não é a série de televisão mais coesa ao trabalhar trajetórias, ainda mais quando quer fazer umas quinze fluírem ao mesmo tempo, mesmo sem nenhuma lógica narrativa para encaixar tantos episódios diferentes. A redundância é uma realidade para essa oitava temporada, principalmente a feita sobre o personagem de Morgan, que, finalmente, ganha uma conclusão dentro de The Walking Dead. O ator Lennie James, afinal, irá migrar para Fear The Walking Dead, spin-off que, em sua quarta temporada, avançará temporalmente e nos trará a continuação da jornada do nosso querido personagem. Ao mesmo passo, quando temos lacunas para participações de certos personagens, temos sensações estranhas em seus retornos, como, exemplificando, o retorno de Jesus, aconselhando Morgan, depois de um tempo sumido. Soa desonesto que, de uma hora para outra, Morgan de repente mude novamente; uma mudança necessária, mas que corria atrás do seu próprio rabo há muito tempo. Ademais, Carol prova-se mais distante, depois de ter sua história nessa fase concluída com o resgate de Henry. O mesmo pode ser falado do Rei Ezekiel, outro coadjuvante que não teve nada para fazer nessa segunda metade de temporada, assim como Jesus. No meio de tudo isso, Aaron retorna com Oceanside, mesmo sem ter uma única fala (grande encerramento de arco!).

Mas a misericórdia prevalece sobre a ira não apenas de Rick. A viúva, por exemplo, permite que Alden more em Hilltop. Igualmente, a oitava temporada de The Walking Dead foi tão ingrata para Daryl que, em um certo ponto, eu realmente pensei que Dwight não seria poupado. A fúria de Dixon sobre o antigo Salvador, depois de tanto tempo, não é mais compreensível. Até Tara o perdoou. De qualquer forma, dentro dos epílogos pós-Guerra Total, o de Dwight é o mais acertado. Sobre as jornadas que ganham resoluções “inesperadas”, Eugene se revela como sabotador, fazendo com que todas as armas dos Salvadores explodam. A transformação, presumidamente impulsionada pelo episódio passado, não convence, mas a tática usada é interessante. Por outro lado, o Padre Gabriel tem bons momentos no capítulo, embora tenha que dividir espaço com tantos outros personagens que o “epílogo” faz soar como um episódio a parte, quebradiço. O mais interessante – e mais estúpido – de tudo é ver Maggie tramando a morte de Negan, revoltadíssima com a decisão de Rick. O grito de revolta é sentido; a inconformidade perante essa atitude de misericórdia. Contudo, pra chegar ao ponto em que Daryl e Maggie – além de Jesus – planejam um dia se “rebelar” contra Rick e Michonne simplesmente por isso, Scott M. Gimple acaba dando pistas para um futuro de má ideias. Mas há esperança. A Guerra Total finalmente acabou.

The Walking Dead – 8X16: Wrath — EUA, 15 de abril de 2018
Showrunner: 
Scott M. Gimple
Direção: Greg Nicotero
Roteiro:
Scott M. Gimple, Angela Kang, Matthew Negrete
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Ross Marquand, Katelyn Nacon, Kenric Green, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, R. Keith Harris, Khary Payton, Cooper Andrews, Austin Amelio, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré, Pollyanna McIntosh, Kerry Cahill, Traci Dinwiddie, Charles Halford, Jayson Warner Smith, James Chen, Nadine Marissa, Avi Nash, Jeffrey Dean Morgan
Duração:
 44 min.

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