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Crítica | The Walking Dead: Daryl Dixon – 3X07: Solaz del Mar

Viagem adiada.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Solaz del Mar encerra a terceira temporada de The Walking Dead: Daryl Dixon com um misto de tentativa de catarse e certeza de repetição. O episódio tenta ser, simultaneamente, um desfecho e um reinício, e, como tem sido padrão nesta série derivada, acaba preso no meio do caminho: há movimento de trama, há uma emoção rala, mas falta convicção e direção. O roteiro quer encerrar arcos, corrigir o rumo da série e abrir espaço para uma quarta temporada, mas o resultado é mais uma volta completa no mesmo eixo dramático, com Daryl em fuga, Carol em risco, e a promessa de um retorno que nunca se concretiza. Lá vamos nós para mais uma temporada na Europa. Será que agora vamos conhecer a máfia italiana pós-apocalíptica ou os nazistas da distopia zumbi? Aiai.

O episódio até assume um tom de urgência, algo que vinha faltando. Temos a sequência em que Carol invade Solaz para resgatar Antonio, a pequena desventura de Daryl em Barcelona botando fogo em tudo, e a eventual reunião da dupla em um cerco contra zumbis e homens armados. Nada aqui é criativamente notável, tampouco temos uma tensão realmente envolvente, mas de maneira geral a equipe segue se virando nos momentos de ação (sem horror, vale lembrar). 

A fuga e captura subsequente de Carol e Antonio seriam momentos de clímax em uma série que ainda acreditasse em consequências, mas aqui servem apenas de trampolim para o que realmente interessa: o ataque a El Alcázar. Essa destruição de El Alcázar, ainda que apressada, representa um raro momento de clareza temática. Pela primeira vez, o conflito parece ter alguma dimensão política, mesmo que clichê e superficial, com o povo oprimido, a elite confinada, o mito do “rei e rainha da Espanha”, tudo reduzido a fumaça. Mas como sempre em Daryl Dixon, o simbolismo vem sem o devido peso dramático. A série prefere o gesto ao significado, o acontecimento ao impacto. Quando Paz e Elena matam Guillermo, a cena deveria ter o peso de uma libertação, mas é só mais um evento no checklist do episódio para coadjuvantes e antagonistas que são indiferentes.

Fora da ação, morro de preguiça da cena de Daryl e Carol trocando memórias do passado que já não conseguem definir. Esse arco de Norman Reedus encontrando vulnerabilidade e traumas do passado é tão deslocado, tão marretado narrativamente sem qualquer tipo de construção dramática. Até o romance aguado da Carol tem mais personalidade. Mas enfim… pelo menos há um tema claro nisso tudo, que é o medo da permanência. Daryl Dixon sempre foi, no fundo, sobre deslocamento e sobre o homem que não pertence a lugar nenhum, mesmo quando encontra abrigo (volto a bater na tecla de que a série funciona bem na trama de cavaleiro errante). Quem sabe essa confissão a Carol, entre os destroços, é o momento em que a série parece finalmente reconhecer o que sempre foi. Uma pena que já estou completamente fadigado com essas aventuras na Europa.

O ataque final de Fede, talvez o vilão mais descartável que The Walking Dead produziu, o que é dizer MUITO, destrói o barco e, com ele, qualquer sensação de encerramento, é uma brecha preguiçosa para manter os personagens no continente da peste. O clímax é mais funcional e redundante do que necessariamente impactante, mostrando outro ciclo que recomeça. A essa altura, a metáfora já soa cínica. O “não voltar para casa” deixa de ser tragédia e passa a ser repetição narrativa, nos deixando praticamente no mesmo ponto que estávamos depois de Londres.

No fundo, o problema é o mesmo de toda a temporada: o vazio emocional que segue cada boa ideia. O episódio termina com Daryl e Carol olhando o mar, mais uma vez sem destino, e Codron observando à distância, um eco de tantos outros finais idênticos da franquia. Não há catarse, nem suspense; há apenas a consciência de que nada se resolveu. A série tenta vender esse looping como “temática”, quando na verdade é sintoma de indecisão criativa. The Walking Dead: Daryl Dixon continua viva, mas parece condenada a repetir eternamente a sua própria marcha, sempre rumo a lugar nenhum.

The Walking Dead: Daryl Dixon – 3X07: Solaz del Mar (EUA, 19 de outubro de 2025)
Desenvolvimento: David Zabel
Direção: Daniel Percival
Roteiro: Jason Richman, David Zabel
Elenco: Norman Reedus, Melissa McBride, Óscar Jaenada, Eduardo Noriega, Alexandra Masangkay, Hugo Arbues, Candela Saitta, Greta Fernández, Yassmine Othman, Gonzalo Bouza
Duração: 59 min.

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