- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.
Everybody Wins a Prize é um episódio franco e direto, deixando claro desde o início para onde a narrativa está indo e culminando em um desfecho esperado considerando pistas que recebemos ao longo da temporada. Maggie, Negan e seu grupo de figurantes vão atacar o The Croat e salvar Hershel. O antagonista armou uma cilada. O plano dá errado. Muita gente morre. E a maioria dos personagens acabam indo para os esgotos, algo que vem sendo insinuado há alguns episódios, sobre os mortos lá embaixo e o metano. Claro que não sabíamos em detalhes os acontecimentos, mas o esboço do episódio estava na cara.
Por um lado, temos a velha questão da previsibilidade que, por si só, não é um elemento ruim quando os eventos ocorrendo em tela são orgânicos dentro da narrativa, mas que quando passa do ponto pode deixar a experiência cansativa e pouco atrativa. Vejo um pouco dos dois lados no episódio dessa semana, com os desdobramentos da história sendo previsíveis e calculados, mas também bem executados dentro das limitações da produção.
A maneira como a missão é desenvolvida e estabelecida é ruim. A produção desperdiça o bloco no metrô (estava torcendo para termos algo legal nesse cenário) e o vai e vem dos personagens é meio vazio, sem muito suspense ou tensão, com exceção, talvez, da sequência bem-dirigida de Negan no estacionamento. Mas a partir do momento que os mortos-vivos entram em cena, o episódio fica divertido, com os velhos antagonistas deste universo ganhando força em números num bloco com bom trabalho de câmera.
Algumas escolhas da coreografia são estranhas, como o fato dos personagens não terem entrado no ringue antes de morrerem como mosquitos (ah, como é bom matar gente que não importa!) ou a sobrevivência sem sentido de Tommaso, mas meu xará Kevin Dowling até que não faz feio na cadeira de diretor com a grande batalha do episódio. Existe uma leve qualidade claustrofóbica na direção que também é interessante, além de uma iluminação escura que criam uma boa ambientação – a trilha sonora, porém, continua indiferente na obra.
O fato de não termos nenhum monólogo é um bônus, com bons desenvolvimentos dramáticos para os protagonistas sem gente derramando seis páginas de roteiro. Com Negan, a inserção do flashback no início do episódio funciona tanto para estabelecer o antagonista como para colocar uma “fachada” para o que tem assombrado o personagem, com o reencontro entre ele e The Croat sendo um destaque com o vilão agindo como um showman e se decepcionando com a nova personalidade de seu antigo mentor. Já com Maggie, a sequência dela investigando as salas em desespero de encontrar Hershel, o salvamento de Ginny e o retorno da sua liderança durante o clímax do episódio são bons momentos para trabalhar a angústia e a força da personagem.
Não se enganem, Everybody Wins a Prize não tem nada de especial e não demonstra o potencial que Dead City prometia no início, já que o tom underground e neo-western da série praticamente desapareceu e pouco vimos da Nova York destruída nos últimos três episódios, mas é um episódio honesto e agradável em suas obviedades, com bons desenvolvimentos para a dupla protagonista. Inclusive, a divisão da trama entre Negan e Maggie é bem-vinda para sacudir a narrativa. O fato do final com os personagens entrando no esgoto ser a melhor cena pode ser encarada tanto como um mérito quanto demérito para a qualidade de Everybody Wins a Prize, mas definitivamente me deixou curioso para a próxima semana.
The Walking Dead: Dead City – 1X04: Everybody Wins a Prize (EUA, 06 de julho de 2023)
Desenvolvimento: Eli Jorné
Direção: Kevin Dowling
Roteiro: Keith Staskiewicz
Elenco: Lauren Cohan, Jeffrey Dean Morgan, Gaius Charles, Željko Ivanek, Mahina Napoleon, Logan Kim
Duração: 62 min.
