Home TVEpisódio Crítica | The Walking Dead: The Ones Who Live – 1X02: Gone

Crítica | The Walking Dead: The Ones Who Live – 1X02: Gone

Uma nova missão?

por Kevin Rick
4,5K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Como imaginei, o segundo episódio de The Ones Who Live é similar à proposta do episódio de abertura, em que vemos a trajetória de Rick no intervalo de tempo de sua suposta morte, dessa vez com direcionamento para Michonne, que ganha os holofotes em sua jornada até a coincidência cósmica de encontrar Rick no acidente de helicóptero da CRM que ela mesmo causou. Todavia, se o propósito do episódio é o mesmo, sobre contextualizar o percurso da espadachim até o reencontro com seu marido, o estilo narrativo em si é bastante diferente, sem narrações, recontextualizações ou despejo de informações, e com uma montagem mais objetiva e linear.

Em linhas gerais, descobrimos que Michonne, após salvar um grupo de pessoas, acaba se juntando temporariamente a uma caravana gigantesca em busca de refúgio. Por conta das regras do grupo de deixar pessoas para trás, Michonne decide se desgarrar da frota de sobreviventes para retornar à busca de Rick. Eventualmente, o casal que Michonne salvou e seu amigo Nat (Matthew Jeffers, um poço de carisma e humor), decidem se juntar à protagonista, apenas para se verem em situações de grande perigo e morte, rendendo mais momentos traumáticos para nossa querida espadachim, que dessa vez tem armadura, cavalo e muito mais.

Gone é um episódio rápido, às vezes até rápido demais, passando por cima de todos os percalços de Michonne com certa velocidade e apreensão para condensar sua trajetória o máximo possível antes do ataque ao helicóptero, para que possamos ter aquele bloco no território da CRM antes do final do episódio (mais disso à frente). Notem como os recortes dos blocos são curtos e céleres (o agrupamento na caravana; o encontro com a horda de zumbis; o ataque químico; a recuperação de Michonne e Nat; e a entrada da protagonista no ambiente do inimigo), fazendo com que alguns núcleos sejam meio desperdiçados na falta de atenção e tempo que a direção poderia extrair de certos momentos de suspense e horror, mas também criando um senso de intensidade, urgência e agilidade que fazem a narrativa ser divertida.

A participação do engenhoso, peculiar e sarcástico Nat é crucial para o funcionamento da história, considerando que nos afeiçoamos por ele logo na primeira cena, fazendo com que a interação dramática/cômica ao longo da trama seja bem executada e sintamos sua infeliz perda no ato final do episódio – até os intérpretes de Aiden e Bailey fazem um bom trabalho ao serem amigáveis e gentis o bastante para criarmos um vínculo, ou pelo menos sentirmos o vínculo de Michonne com eles. Continuo achando que Bert & Bertie não se aproveitam dos zumbis e das características de horror de TWD, mas conseguem lidar bem com ação e dramatização de momentos chave, como os vários enquadramentos da dor de Michonne (em bom trabalho dramatúrgico de Danai Gurira) e a composição do reencontro bonito e ao mesmo tempo cheio de tensão do casal.

A partir do momento que os personagens retornam juntos para a base da CRM, fiquei animado e ao mesmo tempo preocupado com alguns desdobramentos. Me parece que estamos mais uma vez em uma história de “protagonistas encontram um grupo perigoso, existe um conflito, o grupo é derrotado e pessoas morrem de ambos os lados; o ciclo se repete“, o que me preocupa bastante. A ideia de que Rick e Michonne vão transformar a CRM por dentro me parece muito mais atrativa, complexa e política, por mais que seja um encaminhamento que se afaste das premissas sobre sobrevivência e terror da franquia, mas não foi isso que senti com o tom final de que a dupla vai peitar todo mundo, ainda mais com o retorno de Jadis Stokes (Pollyana McInstosh), a clássica antagonista desse tipo de narrativa batida de TWD. De qualquer forma, a escala do conflito, a possibilidade de uma narrativa de suspense com os personagens dentro da casa do inimigo e o relacionamento forte do casal como frente dramática disso tudo ainda soa como uma base sólida para um grande romance pós-apocalíptico. Só que agora as introduções e os prelúdios acabaram. Vamos ver a forma que a produção vai tomar a partir da semana que vem.

The Walking Dead: The Ones Who Live – 1X02: Gone (EUA, 03 de março de 2024)
Desenvolvimento: Scott M. Gimple, Danai Gurira, Andrew Lincoln
Direção: Bert & Bertie
Roteiro: Nana Nkweti, Channing Powell
Elenco: Danai Gurira, Andrew Lincoln, Pollyana McInstosh, Matthew Jeffers, Breeda Wool, Andrew Bachelor, Erin Anderson
Duração: 59 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais