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Crítica | The Walking Dead: World Beyond – 1X04: The Wrong End of a Telescope

por Iann Jeliel
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  • Há SPOILERS. Leiam aqui as críticas de World Beyond e, aqui, as de todo o universo The Walking Dead.

A qualidade de World Beyond por enquanto vem sendo diretamente medida através do apelo da trilha sonora. É incrível como apenas um elemento pode transformar um tom de algo, especialmente se tratando de uma série voltada ao público adolescente. Com, cada diálogo e sequência parece superbrega, sem, a mesma sequência às vezes passa um ar mais singelo e aconchegante. Felizmente, The Wrong End of a Telescope é o segundo exemplo de episódio onde a série preferiu guardar a sua genérica trilha padrão e conseguiu sustentar a atenção somente por meio das interações diretas, mesmo que de um modo superpadronizado.

Dividir para conquistar. Velha tática, mas segura o suficiente para dar certo sem muitos problemas, bastava escolher bem a formação das duplas e o que cada uma iria fazer enquanto explorava – coincidentemente – o ambiente de um colegial abandonado. Série boa é aquela com bons personagens, por enquanto, nenhum do agora sexteto se firmou exatamente em nosso afeto, o que começa a ficar preocupante a essa altura da temporada, e por isso, às vezes é necessário separar esses episódios de situações mais simples para que haja bastante espaço e tempo de criar esse afeiçoamento através de um desenvolvimento mais relacionável. O segundo episódio foi assim, este também é, apesar de que cada um deles precisou de algum modo entregar uma ação para compensar o desenvolvimento na prática, sendo o segundo mais eficiente nesse sentido.

Até gosto dos flertes que o episódio faz inicialmente com o terror, algo desconhecido à espreita, comendo os zumbis, na claustrofobia de um lugar fechado, escuro e com os personagens separados. Seria legal se a série fizesse isso mais a fundo e usasse o lobo como de fato uma ameaça central e comum à divisão de núcleos. Na prática, foi só uma aleatoriedade inofensiva, como praticamente tudo de ação da série até o momento. Até existe outra sequência envolvendo zumbis os cercando no escuro, resolvida com o temperamento explosivo de Silas (Hal Cumpston), fechando o que foi plantado anteriormente em sua dramática por flashback com mais clareza. Mas, ao mesmo tempo, não teve o impacto desejado, tornando-se uma anomalia no tom do episódio que fecharia até bem com a fotinha do grupo. É aquilo, falta uma coerência de tom entre os episódios e até mesmo entre as cenas de um mesmo episódio.

No passado, foi com a última cena da Elisabeth (Julia Ormond), que apesar de boa, não condizia com o restante do episódio. Assim, passam uma cena parecida agora, fora da cronologia dos jovens, para os pós-créditos, admitindo ser um conteúdo à parte, que está ali para ser um gancho de curiosidade à parcela que acompanha a série pelo fan service e expansão da série principal. Contudo, essa cena não soa tão deslocada porque se conecta diretamente ao mistério sobre o paradeiro final do pai de Hope, que aparece em flashback para fazer a dramática de sua relação com Hope (Alexa Mansour). Aí, a escolha pela cena pós-créditos deixa esses flashbacks deslocados, e ainda por cima oferece uma abertura um tanto gratuita sobre a missão de ir resgatá-lo ser em vão ou não, e é lógico que não será. Bem como é lógico sobre as pistas dadas aqui sobre a funcionalidade dos tipos “A” (cobaias) e “B” (novos recrutas) classificados da Nova República, que Rick Grimes (Andrew Lincoln) não acabará como cobaia – o tipo A mencionado no episódio de sua despedida – como é sugerido.

Não adianta querer fazer mistério com isso, especialmente em uma cena pós-créditos pouquíssimo clara. É dar o benefício da dúvida para um nicho que já sabe de um trilogia confirmada do Rick e que no mínimo percebeu que a linguagem aqui busca ao máximo ficar na zona de conforto. Nesse conforto, surge o  mérito deste episódio que, como dito, fica nas interações em separado, especialmente Felix (Nico Tortorella) e Elton (Nicolas Cantu) que têm seus momentos. Gosto de como é implementado um mini conflito ali no personagem para acontecimentos próximos, essa de ajudar ou não Felix a convencer o pessoal a voltar. Ele assume a dianteira inclusive de personagem mais interessante até o momento, é o que teve o flashback mais assertivo, logo, sua comunicação com Elton sobre inseguranças criam uma química improvável bastante funcional. O mesmo pode ser dito sobre Hope e Huck (Annet Mahendru), mas nem tanto sobre a mesma eficiência, sobre Iris (Aliyah Royale) e Silas, talvez pela sugestão de um romance que parece pouco apropriado para o momento, mas ainda funciona porque fica só na sugestão. Na prática, ajuda a desarmar um pouco Silas de seu estereótipo e reforça a personalidade empática de Iris.

O ruim é que esse trabalho de duplas pausa a caracterização como grupo que também não foi atingida por enquanto, mas construindo cuidadosamente um de cada vez, ficará mais fácil realizar o processo em conjunto que deve – e precisa – vir no próximo episódio. No geral, é um episódio inofensivo que seria melhor se não ameaçasse sair dessa inofensividade em alguns momentos, ao menos, essa saída não vai para o apelo meloso com aquela justaposição de câmera lenta e trilha fonte genérica, o que o deixa plenamente operante.

The Walking Dead: World Beyond – 1X04: The Wrong End of a Telescope | EUA, 25 de Outubro de 2020
Criação: Scott M. Gimple, Matthew Negrete
Direção: Rachel Leiterman
Roteiro: Sinead Daly
Elenco: Aliyah Royale, Alexa Mansour, Hal Cumpston, Nicolas Cantu, Nico Tortorella, Annet Mahendru, Joe Holt, Natalie Gold, Roger Dale Floyd
Duração: 47 minutos

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