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Crítica | The Walking Dead: World Beyond – 1X05: Madman Across the Water

por Iann Jeliel
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Madman Across the Water

  • Há SPOILERS. Leiam aqui as críticas de World Beyond e, aqui, as de todo o universo The Walking Dead.

World Beyond chega quase à metade de sua temporada inicial e ainda não impressionou, mas ao menos neste episódio toma mais riscos em algumas escolhas diferentes, no mínimo, interessantes para o desenrolar dos próximos capítulos. Comecemos pelos flashbacks, desta vez, sob a perspectiva de Elton (Nicolas Cantu), que no último episódio entrou na corda bamba entre Felix (Nico Tortorella) e Hope (Alexa Mansour) no conflito de levá-los de volta ou não. Havia duas alternativas a se fazer com esse conflito, uma, que é o que tradicionalmente The Walking Dead tem feito, era protelá-lo até explodir num momento final, mais decisivo, possivelmente rendendo vários capítulos de enrolação, a outra, já resolvê-lo o mais rapidamente possível como potencializador de um próximo conflito.

Surpreendentemente, Madman Across the Water não só faz essa segunda opção como usa esse conflito para fechar outras pontas dramáticas de personagens que nem fazem parte do centro do episódio. Hope já descobre de cara a tramoia de Felix com Elton e os confronta logo em seguida, revelando um lado mais sensível da relação conturbada entre “os irmãos” que ganha dimensão para além de uma briguinha besta de família, porque conhecemos os personagens em um flashback. O desenvolvimento dessa angústia durante a ação se fortalece ainda mais por não seguir um maniqueísmo simplista do egoísmo de cada um, eles percebem o lado errado do outro e dão o braço a torcer, mesmo que se mantenham convictos no que acreditam. É um episódio que evolui bastante esses personagens.

Assim como evolui o próprio Elton, numa jogada mais isolada da construção da temporada – aparentemente – como um todo. Seu flashback percorre novamente a lógica dramática da série de não concentrar o drama sobre um apelo gráfico do mundo zumbi, e sim prévio a ele, numa óptica humana e íntima ao personagem. Funciona porque foi conduzida em tom certo, tal como Blaze of Gory, e apesar de adotar a trilha cafona como amplificadora do emocional, a direção de Dan Liu traz harmonia aos elementos imagéticos e conduz a jornada de superação do medo de Elton de forma bem singela. Era fácil cair em terreno apelativo, uma vez que mostra uma criança fofa perdendo os pais – aparentemente – perfeitos, com o agravante da mãe grávida, mas não acontece.

Pelo contrário, talvez aí que está a grande sacada. Ao mesmo tempo em que é bem-conduzido e singelo por esse lado sentimental, em contraponto à figura fragilizada comprável de Elton sob pressão de estar no meio de um conflito entre o grupo, implanta um novo extremamente promissor, num twist tão bem-programado que não culpo a necessidade de ter sido ditado pela montagem na última cena. Falo do fato de Hope ter matado a mãe de Elton (Christina Brucato) e percebido isso logo depois de tê-lo consolado por sua história, dando-lhe uma falsa esperança de que a mãe e a irmã poderiam estar vivas ainda. Confesso que foi uma cena que me pegou bem desprevenido, até peguei a reprise para tentar perceber o processo, e de fato, o twist estava lá desde o momento em que a mãe dele aparece, mas só é perceptível depois do reforço porque o caminho conjuga sua construção emocional também como um desvio de atenção.

Ou seja, a segunda opção foi seguida à risca, resolvendo um conflito para potencializar o próximo, esse sim, pode até ser protelado para um momento mais decisivo tranquilamente, pois tem pano para fornecer um grande clímax. E acredito eu que se a série tomou esse cuidado para esconder, desviar e reforçar essa informação foi porque ela será importante em um outro momento, tomara que ainda nesta temporada, porque há pano para a manga. Ademais, gosto de como a convergência dessa jornada de Elton e farpas entre Hope e Felix são colocadas em meio a uma boa ação, que explora relativamente bem a vulnerabilidade dos personagens e coloca um elemento temporal – climático e de urgência – para construir sua tensão. É verdade que a presença de Felix facilita muito as coisas, se não fosse ele, possivelmente o quarteto não passaria dali, por não ter força física para conseguir empurrar o barco, mas a cena é legal, trabalha bem esse senso de equipe que ainda precisa ser melhor desenvolvido nos outros episódios.

Por fim, não poderia deixar de mencionar o ótimo gancho final que coloca um desconhecido (Ted Sutherland) frente a frente ao quarteto. Pode ser um aliado? Pode, mas vamos torcer para que não. Sabemos bem a falta de humanidade de quem vive imerso na hostilidade zumbi, então por mais que possa trazer um senso de déjà-vu da série principal, não vou mentir que quero muito que seja alguém desconhecido, de preferência sobrevivente nato e transtornado para ver como os personagens irão lidar e/ou sofrer. Afinal, o desafio – fisicamente falando – contra os zumbis até agora não foi nada de tão complicado, quero ver agora contra os humanos. Enfim, tomara que essas esperanças dadas por um episódio bom – Madman Across the Water é talvez o melhor da série até aqui – não se tornem motivo de frustração maior.

The Walking Dead: World Beyond – 1X05: Madman Across the Water |  EUA, 01 de Novembro de 2020
Criação: Scott M. Gimple, Matthew Negrete
Direção:
Dan Liu
Roteiro:
Rohit Kumar
Elenco:
Aliyah Royale, Alexa Mansour, Hal Cumpston, Nicolas Cantu, Nico Tortorella, Annet Mahendru, Christina Brucato, Reece Rios, Ted Sutherland, Roger Dale Floyd
Duração: 
46 minutos

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