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Crítica | The Walking Dead: World Beyond – 1X06 – Shadow Puppets

por Iann Jeliel
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Shadow Puppets

  • Há SPOILERS. Leiam aqui as críticas de World Beyond e, aqui, as de todo o universo The Walking Dead.

Pensando na proposta jovial de World Beyond, Shadow Puppets é até um episódio bem-construído e coeso, o que não necessariamente o torna bom, pois há muitas decisões de percurso a serem questionadas, sobretudo aquelas que correspondem à própria coerência de seu discurso interno, que talvez confronte rápido demais a lógica vigente no universo The Walking Dead. Sei que o spin-off está buscando essas micro subversões do grotesco mundo zumbi desde seu piloto, na elaboração de um tom mais leve com os personagens adolescentes, além dos flashbacks – ausentes neste capítulo – que os dramatizam sem a necessidade de chocá-los graficamente.

Pois bem, o gancho do episódio anterior propôs a interação desses personagens – até agora na zona de conforto – a confrontarem pela primeira vez sobreviventes aleatórios encontrados no percurso, rigorosamente sinônimo de total desconfiança e periculosidade nas condições normais do ambiente The Walking Dead. Óbvio, tratando-se de World Beyond, não fui rigoroso, e o fato do aleatório ser também um jovem adolescente não me incomodou a princípio, deixei para ver se iria ser surpreendido. De fato, fui, pela ambiguidade calculada do desenrolar da direção de Michael Cudlitz e pela performance igualmente ambígua de Ted Sutherland, intérprete do jovem Percy, que consegue articular um plano inteligente para enganar os ainda trouxas e inexperientes personagens do quarteto, aplicando um golpe que levaria seus itens.

Um tipo de conflito simples, é verdade, mas que serviria perfeitamente para encaixar a série no tom desejado e ainda acrescentar uma grande e real problemática para o grupo resolver nos próximos episódios. E o pior é que ele sabe flertar com essas e outras possibilidades, talvez seja o capítulo que melhor lida com a tensão nos detalhes garantida pela ambiguidade mencionada. A direção sabe seduzir o telespectador para os cantos certos, brincando nos enquadramentos com elementos que podem influenciar no descambar completo da situação. Flerta até mesmo com o terror, com surpreendentes dois bons jumpscares que nos pegam desprevenidos por nem parecerem pertencer ao episódio, mas que se sincronizam perfeitamente à sequência em específico que é colocada, sustentando a seriedade colocada para a tensão.

Até os desdobramentos finais, estava gostando demais do episódio, mas as coisas inevitavelmente se concluem da forma mais anticlimática possível. Falo inevitavelmente porque já era de se esperar que a série não correria riscos, mas é broxante porque a construção vendeu minimamente um potencial a mais do que podia. Se, por exemplo, tivesse a mesma conclusão em um outro capítulo, não seria tão ruim, porque é preciso dar esse gostinho amargo de vez em quando. E o pior é que não é nem incoerente o episódio não ter dado, porque em seu início implanta essa ludicidade benevolente na inocência do teatrinho de sombras contando o fim do mundo, fora as conversas meio bregas de Iris (Aliyah Royale) e Percy sobre “ter o que salvar” antes da treta começar que mais pareciam um implante de um novo romance – e pode ser ainda, já que Silas (Hal Cumpston) ainda não gosta dele, um triângulo amoroso se forma? –, mas que era pra ser o motivador de Percy voltar e salvar o pessoal, que convenhamos, nem precisariam ser salvos ali, daria para fugir tranquilamente dos zumbis.

Por isso que digo, fugisse, deixasse-os lá sem os itens, o episódio acabaria assim, e nos próximos se daria um jeito de recuperar e fechar esse mesmo discursinho de autoajuda, honestamente, seria bem aceitável e, como dito, um bom experimento para amadurecer os personagens nos desafios proporcionados por humanos mundo afora. E se a falta de trilha melosa e flashbacks foi ótima para o episódio, aquela última cena com eles assistindo ao mesmo teatrinho, com a trilha no topo, passeando pelos olhares lacrimejantes dos jovens se dando as mãos, termina da forma mais brega possível de um episódio que, honestamente, não merecia isso.

OBS.: Ainda há mais uma cena, pós-créditos, da mesma doutora (Natalie Gold) lá do terceiro episódio, mas que não traz nenhuma novidade, só o fato de que ela sabe da existência de Hope (Alexa Mansour) e Iris como filhas de Leopold (Joe Holt).

The Walking Dead: World Beyond – 1X06: Shadow Puppets | EUA, 08 de Novembro de 2020
Criação: Scott M. Gimple, Matthew Negrete
Direção: Michael Cudlitz
Roteiro: Maya Goldsmith
Elenco: Aliyah Royale, Alexa Mansour, Hal Cumpston, Nicolas Cantu, Nico Tortorella, Ted Sutherland, Scott Adsit, Natalie Gold
Duração: 45 minutos

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