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Crítica | The Walking Dead: World Beyond – 2X01: Konsekans

por Iann Jeliel
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  • Há SPOILERS. Leiam aqui as críticas de World Beyond e, aqui, as de todo o universo The Walking Dead.

O segundo spin-off de The Walking Dead retorna para a sua segunda e última temporada com um surpreendente tom mais maduro. Até por isso, Konsekans parece ser uma nova introdução, que se estabelece após um balde de água fria por não termos de primeira o reencontro de Hope (Alexa Mansour) com o pai (Joe Holt) e a comunidade da CRM, pois descobrimos que aquele destino que a personagem descobre junto ao seu antigo quarteto de amigos era o mesmo local onde aconteceu o extermínio misterioso e pouco falado na última temporada. Questiono se aquele mistério não poderia ser introduzido agora, já que os planos apontavam para essa ser a base narrativa somente nessa segunda temporada, assim, o choque de realidade de Hope perante tal descoberta seria sincronizado com o nosso. Mas independente disso, a quebra de clima consegue ser notoriamente funcional.

Há pouco avanço na história, mas vemos bastante o desenvolvimento da personagem principal através de devaneios que ditam a transição de tom repentina da série. Assim como Hope tinha algumas horas para decidir que iria ditar sua vida inteira, a série basicamente tinha um episódio para transformar o tom para algo mais adulto, com coerência. É a última temporada, logo, a outra parcela de sua proposta de existência, que é oferecer respostas na mitologia do walkingverso, para usar outras séries, precisa ser encaminhada. A direção de Loren S. Yaconelli consegue articular isso através do recurso de sonhos – que podiam ser um artifício barato – em um desnorteamento visceral durante o núcleo. Utiliza-se uma lente trêmula e desfocada para dizer em imagem que a cena retrata um sonho, mas a montagem segura isso alguns segundos depois de uma abrupta transição (a uma cena que se passa na realidade), confundido conscientemente o espectador, fazendo-o degustar do mesmo sentimento da protagonista.

Sentimento conflitante que vale também para Íris (Aliyah Royale), pegando a outra parcela, também boa, de Konsekans – embora menos interessante por não ter um ponto de partida tão legal quanto o gancho deixado no último episódio. A personagem parece estar perturbada pelos eventos da temporada passada. Nisso, a mesma linguagem do sonho vs. realidade confusa é utilizada, mas de maneira mais econômica e sem um contexto exato com o presente. Quando menos esperamos, ocorre uma elipse e a menina sai pela floresta sozinha, com uma besta, e mata um dos membros da CRM. A falta de contexto dos devaneios se une à falta de elipse para esse evento, onde uma justifica a outra. Em outras palavras, os devaneios já trabalhavam um trauma dramático gerado pelo futuro não distante da personagem matando uma pessoa pela primeira vez. Uma cena que precisava ocorrer, mesmo que sem tempo para maiores desenvolvimentos, e nesse episódio ainda, porque precisava acompanhar o adiantamento do outro núcleo para o novo tom da temporada.

Funciona porque não só foi trabalhado em conexões com os sonhos, como também no desenvolvimento do presente em diferentes temporalidades. Os saltos por elipse são muito bem calculados pelo episódio. A primeira cena de Íris já era com ela na cabana da comunidade do “Perímetro”, conversando com Felix (Nico Tortorella) e decifrando os códigos do caderno que encontrou anteriormente. Quando retomado, depois da conversa de Hope e Elizabeth (Julia Ormond), é que temos a continuidade de onde parou no finale da temporada passada, com eles encontrando Will (Jelani Alladin) – o par romântico de Felix –, explicando como ele fugiu da armadilha da CRM, enquanto todos vão para o “Perímetro”, apresentado como zona segura temporária. Só na terceira retomada do núcleo continua-se a primeira cena do episódio, de modo a parecer natural na montagem o salto para a cena do assassinato. Os assuntos dessa cena se complementam com o final da segunda e direcionam o gancho da morte a uma motivação clara, apesar dos caminhos geográficos escondidos, possivelmente para serem colocados em outro episódio.

De bônus, Konsekans ainda explora um pouco mais da relação de Huck (Annet Mahendru) com a mãe e com Hope, em duas conversas esclarecedoras da posição separada e cética de cada uma perante essa união por circunstâncias. Na última cena, Hope enfim encontra o pai, numa espécie de recompensa do episódio pela pausa calculada da mudança para um tom mais sombrio, fazendo disso o mesmo gancho da temporada passada, sobreposto a outro clima, num contraste bem definido pela sua significação de esperança. Se fosse reclamar de algo dessa abertura, seria ainda os pequenos flashes de cenas soltas na montagem, somente para evidenciar que esse clima de juventude já passou, embora a maturidade não anule a oferta de positividade no tom mais leve da série em relação à principal – a morte de uma personagem aleatória (Hannah Alline) encontrada nos delírios de Hope, por exemplo, é escondida do grafismo que teria uma morte por zumbis. Desconsiderando esses aspectos, Konsekans é um retorno promissor para World Beyond.

The Walking Dead: World Beyond – 2X01: Konsekans | EUA, 03 de outubro de 2021
Criação:
Scott M. Gimple, Matthew Negrete
Direção:
Loren S. Yaconelli
Roteiro: Matthew Negrete
Elenco: Aliyah Royale, Alexa Mansour, Hal Cumpston, Nicolas Cantu, Nico Tortorella, Annet Mahendru, Joe Holt, Natalie Gold, Jelani Alladin, Julia Ormond, Anna Khaja, Robert Palmer Watkins, Lee Spencer, Hannah Alline, Daniel Baldock, Wes Jetton, Jesse O’Neill
Duração: 43 minutos

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