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Crítica | The Witcher 3: Wild Hunt

por Guilherme Coral
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Antes de escrever a crítica de The Witcher 3, pedi a um grande amigo meu, Raphael, para me enviar os pontos positivos e negativos do game, já que ele estava tendo a experiência desta obra pela primeira vez. Sempre bom ter um par de olhos extras quando temos algo dessa escala à nossa frente. Surpresa foi a minha quando recebi dele um texto completo de mais de 1000 palavras sobre o jogo! O que vocês lerão abaixo foi apenas editado por mim, trata-se da análise de Raphael sobre o game e devo dizer que concordo com todas as palavras.


estrelas 5,0

Certa vez participei de uma discussão sobre o que define e qualifica arte. A opinião que defendi é a que uma obra de arte é um meio pelo qual uma mensagem (frequentemente, embora não exclusivamente, de caráter emocional) é enviada pelo artista ao receptor. Também argumentei que quanto maiores fossem a dedicação e o esmero do artista em seu ofício, mais claro seria o canal de comunicação com o receptor, mais efetiva seria sua arte.

Ao terminar The Witcher 3: Wild Hunt, posso afirmar sem peso na consciência que o jogo não é nada menos do que uma obra de arte, e todos os envolvidos em sua criação – a equipe de desenvolvedores da CDPROJEKTRED, compositores e dubladores, para citar somente alguns – verdadeiros artistas. Nada, entretanto, é perfeito, e este maravilhoso jogo não é exceção. Assim, comecemos pelos seus pontos negativos.

Uma boa parte – ouso dizer a maioria – dos comerciantes só têm seus respectivos símbolos exibidos no mapa se Geralt se encontra próximo a eles, em horários de serviço. Nada que impeça jogadores mais experientes de aproveitar o jogo, mas iniciantes podem se encontrar perdidos na devastada Velen, sem saber onde vender suas armaduras extras ou reparar suas armas.
As habilidades não são muito bem balanceadas. Há algumas aptidões que, quando comparadas a outras do mesmo domínio – estes sendo combate, sinais, alquimia e geral – simplesmente não valem o investimento, sendo, portanto, inúteis. O exemplo mais proeminente deste problema em minha memória é a relação entre as habilidades alquímicas Tissue Transmutation e Protective Coating, no qual o benefício de uma é evidentemente maior que a só outro, portanto, podendo ser dispensada o uso das duas.

Dependendo da build que o jogador pretenda construir, algumas habilidades serão desperdiçadas. São disponíveis apenas doze espaços para alocação de habilidades – isto muda na expansão Blood and Wine, mas continua verdade para o jogo base – e, como deve-se investir um determinado número de pontos em determinado domínio (sinais, por exemplo) para liberar as aptidões mais avançadas, é comum que algumas fiquem de fora. As habilidades dos domínios combate, sinais e alquimia fornecem bônus passivos (aumento na geração de pontos de adrenalina, aumento na regeneração de estamina e aumento na duração de poções, respectivamente), o que parece uma compensação, mas estes não entram em vigor a menos que as aptidões sejam alocadas. Assim, vários pontos de habilidade são desperdiçados, principalmente em builds híbridas.

Algumas descrições não são totalmente honestas. A da habilidade Fleet Footed, por exemplo, diz que o dano recebido por ataques enquanto Geralt realiza uma esquiva é reduzido em 100%. O que levaria a crer que o protagonista deveria ser imune a dano por ataques durante uma esquiva enquanto tal habilidade estiver alocada. O que não chega a ser verdade.

Bugs, naturalmente,mão estão fora da equação.. Em 120+ horas de jogo, houve apenas um que impediu meu progresso – por causa de um hilariante Letho que tentava montar todos os cavalos da redondeza exceto o seu, cavalos estes gerados espontânea e exponencialmente nas áreas fora do campo de visão da câmera – mas diversos outros que, no mínimo, atrapalhavam a imersão, como a omissão de vozes, músicas, ou a cauda da montaria de Geralt. Isso tudo, contudo, é praticamente inevitável em um game das proporções de Witcher 3 e os constantes patches liberados pelos desenvolvedores demonstram o seu esforço em tornar o jogo ausente de tais problemas.

Em diálogos, Geralt nem sempre responde exatamente o que a opção selecionada descreve, resultando em situações nas quais a conversa foge do controle do jogador.

Finalmente, é hora de conceder a The Witcher 3: Wild Hunt todos os elogios que merece.
O. Jogo. É. Lindo! Em qualquer escala que se observe, dos crepúsculos e tempestades no céu às paisagens extensivas e variadas e até os detalhes das roupas e rugas dos rostos. A estética geral é muito atraente. Mesmo se tratando de um mundo de fantasia os diversos elementos que o compõem (construções, cidades, vestimentas, armas, armaduras, etc.) são revigorantemente verossímeis.

Como disse, o game não possui uma árvore de habilidades, mas diferentes domínios dentro dos quais deve-se investir pontos a fim de liberar aptidões mais avançadas. Por isso, é possível contornar habilidades indesejadas, mesmo que se queira obter todas as outras da mesma “via”. No domínio sinais, por exemplo, há a via do sinal Igni, contendo as habilidades Melt Armor, Firestream, Igni Intensity e Pyromaniac. Suponhamos que o jogador pretenda alocar em sua build todas essas aptidões, exceto Firestream. Ele pode investir em outros sinais, como Quen ou Yrden e, uma vez que já tenha gasto pontos suficientes, Igni Intensity será liberado, juntamente de todas as outras terceiras habilidades do domínio sinais.

Os sistemas de habilidades, poções e sinais apresentam vou árias interseções, significando que é relativamente fácil construir uma build híbrida, mas uma build dedicada também tem acesso a elementos de outros domínios a fim de complementação. Com um pouco de criatividade também é possível criar certas combinações para burlar ou até quebrar algumas regras do jogo, o que sempre é divertido.

A interface é estupenda. Simultaneamente ao lançamento da expansão Blood and Wine entrou em vigor o patch 1.20, que reestruturou totalmente a organização do mapa, inventário, quests, tornando tudo mais organizado e de fácil manuseio. Outra ótima mudança foi a dos ícones de bombas, poções e decoctions, de forma que fossem facilmente reconhecidas pela aparência.

Um mundo gigantesco como o de The Witcher, naturalmente precisaria de uma gama de personagens de destaque. Vindo em força tanto de quantidade quanto de qualidade, um abundante leque é oferecido para o jogador se relacionar. Chega a ser assustador como a CDPROJEKTRED conseguiu nos trazer uma quantidade tão grande de personalidades distintas. Há uma construção de personagens sem igual, ao passo que conseguimos até prever a reação de alguns pautado na experiência que já tivemos com eles.

A história é outro ponto que não deixa nada a desejar. Não devendo nada a dramas e aventuras da literatura e do cinema – e mantendo-se acima de muitos – as quests principais conduzem o jogador pela cativante história de Geralt e Ciri de forma magistral. Evitando spoilers, certas partes da história são verdadeiras montanhas-russas emocionais, enquanto a tensão de outras é suficiente para manter seus olhos totalmente abertos pelas horas da madrugada. Digno de destaque também são as sidequests, que não se tratam apenas do faça isso ou aquilo, cada uma delas conta com um roteiro bem trabalhado, que enriquecem consideravelmente o game, além, é claro, de trazer ótimas recompensas.

The Witcher 3: Wild Hunt é uma obra prima, transcendendo muito mais do que a simples palavra “jogo” consegue. Não é perfeito, mas certamente se configura como um dos melhores jogos já lançados, que precisa ser jogado por qualquer um que aprecie uma boa história ou um ótimo RPG. Encerro essa revisão ansioso para continuar a última expansão, e certo de que ainda cruzarei os Reinos do Norte muitas vezes mais. A CDPROJEKTRED nos trouxe arte em sua genuína forma.

The Witcher 3: Wild Hunt
Desenvolvedor: CDPROJEKTRED
Lançamento: 19 de maio de 2015
Gênero: RPG
Disponível para: PC, Ps4, Xbox One

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