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Crítica | The Witcher: Lenda do Lobo

por Luiz Santiago
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Adicionando uma boa quantidade de detalhes ao Universo adaptado de The Witcher, a Lenda do Lobo apresenta uma história bastante movimentada, marcada por carnificina, muitos monstros e a proliferação de símbolos e elementos típicos de uma fantasia sombria de respeito. Assim como no piloto de sua versão live-action, a animação começa com o protagonista numa batalha contra um monstro, e é então que conhecemos Vesemir (Theo James, num ótimo trabalho de construção vocal para o personagem), bruxo que está preocupado com apenas três coisas: manter-se vivo, ganhar dinheiro e viver os prazeres da vida.

A história é organizada em dois tempos distintos, o presente e o passado de Vesemir. Por quase todo o filme eu fiquei incomodado com a atenção exagerada dada aos flashbacks, com as memórias surgindo em sequências que se estendem demais, e que até o finalzinho do filme pareciam existir apenas para preencher o tempo. Quando o longa acaba, porém, entendemos o motivo para o uso de tantas memórias, já que inúmeros eventos do presente fazem referências a coisas da infância e adolescência de Vesemir. No entanto, essa compensação é tardia e acontece após comprometer o ritmo e o encadeamento entre os blocos do filme.

Nesse recorte da vida do protagonista, ele está presentes a mudar de comportamento e pensamento. Quando o conhecemos, ele perambula pelo continente coletando moedas e matando monstros, tudo isso para aproveitar um bom banho de banheira, boa comida, boa bebida e boas companhias. Mas uma chave moral é girada no personagem, no desenvolvimento do presente drama, e ele passa ver as pessoas, algumas raças e algumas situações com olhos humanizados, prontos para ajudar a quem precisa e até mesmo deixar passar uma infâmia, especialmente se o “monstro” da vez não pediu, não buscou ser o que é, mas foi transformado.

Esta, aliás, é uma das linhas de desenvolvimento da animação, que não nos poupa de violência, de batalhas épicas e muito deslocamento dos personagens pelos territórios, tornando o filme ágil e visualmente muito interessante — algo também ajudado pelo estilo de animação e pela bela paleta difusa do desenho. A “criação de monstros” é uma das discussões levantadas, e Deglan (Graham McTavish), o mentor de Vasemir, argumenta que, sem esses monstros, os bruxos deixariam de ser importantes e, quando isso acontecesse, seriam caçados pelo humanos assim como foram os anões e os elfos. Esse tipo de ação acaba tendo repercussões inesperadas, principalmente quando alguém também ligado à magia (Tetra, personagem de Lara Pulver) tem uma grande vingança para executar.

A caçada, apenas “uma parte divertida” da vida de Vesemir, evolui para algo colossal, com diversos tipos de monstros vindo de portais abertos por Tetra; ilusões muitíssimo poderosas fazendo Vesemir cometer coisas terríveis e um resultado que é amargo para todo mundo. O tipo de cenário que, mesmo havendo uma bela nota de esperança — a ordem dos bruxos, por enquanto, ainda está garantida; e vemos a citação direta de Geralt, ao final –, não consegue dissipar a atmosfera de dor e tragédia. Para Vesemir, é um momento de lembranças e de completo aprendizado. Ele agora consegue ver mais coisas além do dinheiro e passa a dar importância ao treinamento de jovens bruxos, além de ser fortemente atacado pela dor da perda. É este homem marcado que irá tutorar Geralt. O que vem depois disso, já podemos imaginar.

The Witcher: Lenda do Lobo (The Witcher: Nightmare of the Wolf) — EUA, Coreia do Sul, 2021
Direção: Kwang Il Han
Roteiro: Beau DeMayo (baseado na obra de Andrzej Sapkowski)
Elenco: Theo James, Mary McDonnell, Lara Pulver, Graham McTavish, Tom Canton, David Errigo Jr., Jennifer Hale, Kari Wahlgren, Matthew Yang King, Darryl Kurylo, Keith Ferguson, Jennie Kwan, A.J. LoCascio, Michaela Dietz, Harry Hissrich, Adam Croasdell, Nolan North, Samia Mounts, Luke Youngblood
Duração: 83 min.

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