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Crítica | Thor (2020) #1: O Rei Devorador – Parte Um, O Inverno Negro

por Ritter Fan
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Jason Aaron revolucionou Thor em seu longevo run do personagem entre 2012 e 2019 e sua anunciada saída e substituição por Donny Cates, meu roteirista favorito da Marvel Comics no momento, foi ao mesmo tempo uma notícia triste e alvissareira. Dificilmente Cates conseguirá fazer algo do mesmo nível, mas, se tem alguém que pode chegar lá é ele, nem que seja por intermédio de seus famosos exageros. No entanto, a grande verdade é que eu somente iria fazer a crítica da nova mensal de Thor, iniciada lá fora exatamente no dia 1º de dezembro, quando o primeiro arco acabasse. Mas eu acabei sucumbindo à tentação e não foi por uma razão muito digna: fiquei com extrema raiva da nova aparência do Deus do Trovão.

Portanto, eu simplesmente precisava desopilar o fígado e falar sobre isso logo e é assim que começarei essa crítica: que coisa esteticamente horrível fizeram com Thor aqui. Jason Aaron passou sete anos transformando o personagem em uma alma torturada, carregando o peso de nove reinos nos ombros, algo que tirou sua dignidade e custou um de seus olhos e um de seus braços, além de lhe deixar com a aparência de um guerreiro viking de lenda, todo barbado e com aparência mais velha. Eis então que vem Nic Klein e desfaz tudo, retornando Thor à sua aparência jovial com direito a cabelos longos de anúncio de xampu, tiara e um uniforme “galático” cheio de luzinhas que é desapontador. E mais: Thor, agora, tem dois olhos e dois braços também.

Ah, eu sei que muita gente dirá que isso é temporário, só enquanto Thor é um arauto de Galactus, transformação que é todo o objetivo dessa primeira edição, mas, muito sinceramente, era necessário mesmo essa reversão? Não bastava um Mjölnir todo brilhante e mega-poderoso para representar a fusão do poder asgardiano com o de Galactus? Era mesmo necessário mudar toda a aparência tão cuidadosamente construída – ou seria destruída? – por Aaron?

Mas calma! Eu não nasci ontem e sei que algo assim aconteceria mais cedo ou mais tarde. Além disso, já sou crescidinho o suficiente para saber separar meu descontentamento pessoal dos méritos da história sendo contada. E toda essa minha choradeira acima é só isso mesmo, uma choradeira. Eu tenho esse direito, afinal de contas, especialmente depois que vocês lerem o que vem depois desses dois pontos: eu não levei essas alterações estéticas em consideração para chegar à minha avaliação final sobre essa edição. Viram só?

Falando nisso, a edição é soberba. Não só a arte de Klein em tudo que não é a mudança de Thor na última página é espetacular, como a abertura da edição, com o martelo de Thor viajando por oito reinos só para derrubar um monstrão em Midgard e ajudar os Vingadores é o típico trabalho exuberante que Cates escreve, com direito até mesmo ao Homem de Ferro mandando um recado para seu colega com uma canetinha.

Além disso, a introdução discreta de um problema com Thor e sua capacidade de levantar o martelo empresta um tom solene e misterioso à narrativa que serve de preâmbulo para outro grande momento exagerado de Cates: a chegada arrasadora de Galactus em Asgard, simplesmente massacrando centenas (milhares?) de pessoas que estavam reunidas para ouvir o primeiro discurso de Thor como Pai de Todos. Segue a isso uma profecia sobre a chegada do tal Inverno Negro do título da HQ que, aparentemente, foi responsável pela destruição do universo original de Galactus, a reunião dos arautos mais recentes do Devorador de Mundos (inclusive o Motoqueiro Fantasma Cósmico) e a triunfal chegada do Surfista Prateado, agora todo preto como vimos na deslumbrante minissérie Surfista Prateado: Black, do próprio Cates. Pronto. Tudo o que precisamos para um potencialmente incrível arco narrativo está presente aqui nesse triunfal (re)começo para Thor.

Agora, só nos resta aguardar mais desse Thor reformulado por Cates e Klein e torcer para que o visual de modelo de xampu seja realmente temporário, revertendo à pegada Viking alguma hora. Como não tenho muita razão para duvidar da capacidade de Cates, que só vem acertando em tudo que faz para a Marvel, então estou tranquilo, especialmente depois de ter falado o que tinha que falar da nova estética emo do Deus do Trovão.

Thor (2020) #1: O Rei Devorador – Parte Um, O Inverno Negro (Thor #1: The Devourer King – Part One, The Black Winter, EUA – 2020)
Roteiro: Donny Cates
Arte: Nic Klein
Cores: Matthew Wilson
Letras e design: Joe Sabino
Capa: Olivier Coipel, Laura Martin
Editoria: Sarah Brunstad, Wil Moss, C.B. Cebulski
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: 1º de janeiro de 2020
Páginas: 34

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