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Crítica | Thundarr, o Bárbaro – 1X01: O Segredo da Pérola Negra

Ariel, Ucla, vamos!

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 02
Número de episódios: 21
Período de exibição: 04 de outubro de 1980 a 31 de outubro de 1981
Há continuação ou reboot?: Não.

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O bárbaro Thundarr (Robert Ridgely), a feiticeira Ariel (Nellie Bellflower) e o leão-humanoide da raça Mok Ookla, ou Ucla por aqui (Henry Corden) vagam por um planeta Terra distópico e pós-apocalíptico em que mutantes, feiticeiros e tecnologia estranha são a regra em uma animação de vida curta e com relativamente poucos episódios – apenas 21 ao longo de duas temporadas – que é uma amálgama de tudo que, em 1980, estava na moda no audiovisual e nos quadrinhos. Aliás, falando em quadrinhos, a criação da série tem profundas raízes na Nona Arte, já que ela se deu pelo quadrinista Steve Gerber, com ajuda dos também quadrinistas Mark Evanier e Martin Pasko e com a contração de Alex Toth e ninguém menos do que Jack Kirby para o departamento de design de produção, com Toth criando a trinca principal de personagens e, depois, com sua saída, Kirby criando quase todo o restante.

Mas, mesmo com todas essas mentes brilhantes trabalhando no projeto, Thundarr, o Bárbaro continua sendo um copia e cola de diversas influências bastante óbvias, notadamente Star Wars, considerando que Ucla nada mais é do que uma versão leonina e de sunga de Chewbacca e que a “espada solar” de Thundarr, quando desligada, tem sua empunhadura afixada no bracelete do protagonista. Junte-se a isso a aparência bárbara de Thundarr muito claramente “inspirada” em um tal Cimério que, nos anos 70, tinha muito destaque nos quadrinhos e uma bela feiticeira de maiô que é também a pessoa mais inteligente da trinca e pronto, tudo o que é necessário para fazer os olhos das crianças da época brilharem estão presentes.

Como era comum na década, o piloto – O Segredo da Pérola Negra – não é um episódio de origem. Quando ele começa, o trio já se conhece bem e vaga pelas terras devastadas fazendo o bem, com o contexto do apocalipse sendo explicado na narração (Dick Tufeld, a voz do robô de Perdidos no Espaço) e animação preambular, com um planeta passando perto da órbita da Terra e da lua, destruindo tudo em sua aproximação, com a ação passando-se dois mil anos à frente, mais precisamente no ano 3.994. A tal pérola negra do título é exatamente isso, uma joia que um senhor de idade, depois de ser salvo por Thundarr e seus amigos de uma raça de ratazanas humanoides, pede para eles a levarem até os humanos sobreviventes de Manhat (sim, Manhat…) por ser uma possível arma contra os tirânicos feiticeiros que comandam esse mundo e que, nesse capítulo inicial, é representado por Gemini (também Ridgely), que tem duas caras giratórias, uma boazinha, outra raivosa. O que segue daí é o enfretamento básico das hordas vilanescas medievais (porque sim) de Gemini que, ao final, reanima a Estátua de Liberdade (impossível não lembrar de O Planeta dos Macacos, certamente outra grande influência para a animação), literalmente transformando-a em um kaiju que lança fogo com sua tocha, e a lança contra os heróis que, sem grandes esforços, resolvem tudo como se fosse mais uma terça-feira.

A animação, que ficou a cargo da Ruby-Spears Productions, uma dissidência da Hanna-Barbera encabeçada por Joe Ruby e Ken Spears, criadores do Scooby-Doo, mantinha o exato padrão da época em termos técnicos, ou seja, não é nada lá muito especial, mas também não aquém do que era oferecido e, arrisco dizer, melhor do que muita coisa que viria depois na mesma década (He-Man, estou falando com você…). O diferencial, para além dos designs, digamos, ditados pela moda da trinca principal, era mesmo a variedade de personagens, raças, ambientes e versões futuras e destruídas de cidades famosas (inclusive fora dos EUA, um verdadeiro milagre, com o segundo episódio já se passando no México) que populavam os episódios, algo que os mantinha sempre “novos”, mesmo que as ameaças e as resoluções fossem variações sobre um mesmo tema. As referências ao século XX também divertem, com um cartaz de Tubarão aparecendo aqui, no piloto.

Reprisado incessantemente tanto nos EUA quanto no Brasil, Thundarr, o Bárbaro, apesar de ter tido vida curta e de não ser mais do que uma óbvia reunião de influências pop da época, acabou cavando seu espaço no imaginário infantil do começo da década de 80, ajudando a abrir espaço para o dilúvio de outras animações que viriam em seguida. Certamente uma mixórdia divertida feita de pedaços muito claramente reconhecíveis de uma infinidade de outras obras anteriores e muito melhores, mas que talvez justamente por isso acabe funcionando a contento.

Thundarr, o Bárbaro – 1X01: O Segredo da Pérola Negra (Thundarr the Barbarian – 1X01: Secret of the Black Pearl – EUA, 04 de outubro de 1980)
Criação:
Steve Gerber
Direção: Rudy Larriva
Roteiro: Buzz Dixon, Steve Gerber
Elenco: Robert Ridgely, Nellie Bellflower, Henry Corden, Dick Tufeld
Duração: 21 min.

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