Home TVEpisódio Crítica | Titãs – 2X05: Deathstroke

Crítica | Titãs – 2X05: Deathstroke

por Gabriel Carvalho
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“Por sinal, eu gostei do seu novo cabelo.”

Contém spoilers.

Um dos meus maiores medos em relação à apresentação do personagem Exterminador (Esai Morales), clássico antagonista dos Titãs nos quadrinhos, era que ele terminasse do mesmo modo como Trigon. Enquanto primeira ameaça concreta aos jovens super-heróis, o demônio de quatro olhos desapontou muitos dos espectadores da série, em uma conclusão para o seu arco – mas no começo da temporada atual – certamente insuficiente. Em contrapartida a isso, o tal Slade Wilson concretiza uma presença imponente, a qual ganha mais robustez no quinto episódio deste novo ano. Tendo assassinado o Aqualad no passado, como passamos a conhecer no capítulo anterior, o Exterminador retorna no presente para os Titãs como uma criatura a ser de fato temida. O episódio compreende isso, pois rejeita introduções banais para, pelo contrário, realçar o perigo inerente ao personagem, em vista de imagens que sustentam uma iconografia particular a esse mercenário vilanesco. A primeira cena, por exemplo, mostra Jason Todd (Curran Walters) conseguindo fugir das garras do Doutor Luz (Michael Mosley), apenas para deparar-se, por consequência, com a espada do Exterminador. Todd vence Arthur Light sem o menor problema, contudo, não é páreo para o retorno de Slade. O contraste entre esses dois antagonista, portanto, é uma das ideias que o episódio, comparando a impaciência do Doutor com a calmaria superior de Wilson, quer abordar.

Logo, a notória intimidação que os personagens malvados querem causar nos Titãs garante uma verossimilhança, mesmo com o teor maniqueísta no qual a temporada encontra-se sustentando até o momento – poucas motivações ainda existem para o Exterminador ser o Exterminador, matar o Aqualad ou estar caçando sua própria criação, Rose Wilson (Chelsea Zhang). No entanto, a série se encaminha gradualmente para a desconstrução desse sentimento, em vista de um passado mórbido envolvendo os Titãs originais que está para ser revelado em próximas oportunidades. No episódio em questão, por sua vez, o impasse central está na proposta de troca que Slade Wilson movimenta – no caso, Rose por Jason. Hank Hall (Alan Ritchson) parece não se importar nenhum pouco com a garota, exemplificando certos traços de perversão na sua personalidade. Há, por isso, a continuação de uma contextualização de que a Torre dos Titãs promove sensações negativas aos heróis mais velhos, mas em termos dramáticos o resultado não é exímio. De novo, a exemplo, o roteiro da temporada insiste numa conversa resolutória entre Hank e Dawn (Minka Kelly), que mais intensifica a noção de que os responsáveis pela série não possuem a menor ideia do que construir com esses personagens do que a fundamentação de uma angústia que não meramente existe, mas que sentimos. Já o ultimato de Dawn a Dick Grayson (Brenton Thwaites) é competente.

Com isso, a temporada consegue conciliar vários personagens distintos em uma busca por suas camadas mais obscenas. Essa conversa supracitada é bastante explícita no que tange a existência de um quê errado na restituição da equipe dos Titãs. Por outro lado, os dramas internos entre os demais personagens continuam a ser pouco interessantes, apesar da coesão temática, que leva a variados âmbitos a constatação de que todos nós possuímos demônios internos e precisamos escolher quem seremos. Ouvir, entretanto, sempre a mesma coisa de Rachel (Teagan Croft), de que a menina está diferente, sem uma única mudança de fato na sua personalidade, apenas ataques das trevas pontuais, é cansativo. Pelo menos, porém, o episódio consegue dar mais peso às crises da garota, ao passo que ela quase mata Rose – em uma cena chocante – e machuca o braço de Gar (Ryan Potter). Teagan Croft continua a mostrar o seu crescimento após a primeira temporada, por sinal, mas a personagem não é escrita bem o bastante para ajudar a atriz a dar grandes performances. Já Gar parece ter um princípio de arco narrativo, por se sentir culpado pelo sequestro de Jason. Contudo, apesar do garoto enfim ter algo a comentar, uma incerteza acerca do seu futuro prevalece acima de qualquer coisa. O que o episódio possui de melhor a oferecer no que refere a tais personagens, avulsos ao eixo dos Titãs originais, é o retorno de Kory (Anna Diop).

Se as interações entre Rachel Roth e a alienígena não são exemplares em encenação de drama, no entanto, o que importa de tema para o episódio é pensar a essência das pessoas, compreender o potencial que existe nelas tanto para o bem quanto para o mal. Logo, é parte desse processo a desconstrução que a temporada parece estar investindo nos seus arquétipos de bem e mal. Nisso, Kory adentra a trama vigente sem criar uma disruptura, muito pelo contrário, pois até mesmo a sua aparição no clímax do episódio soa orgânica, além de comentar a sua crise relacionada à realeza. Lá, um combate que tem como cerne Jason Todd ameaçado de morte, o Exterminador é agraciado com as suas primeiríssimas cenas de mano-a-mano, que são excelentes – é empolgante como os poderes de Anders são usados como escudo para os ataques de Slade Wilson. Cadê, contudo, o Batman? Penso eu que o Cavaleiro das Trevas gostaria de saber prontamente se seu ajudante-mirim estivesse em apuros ou não – apuros que revelam ser, ao menos em vista do que acontece, mortais. E assim se encerra o episódio, com um bom gancho que não poderia fazer mais jus à expressão cliffhanger – que significa, em tradução para o português, “à beira do precipício”. Porém, mesmo que Jason sobreviva à queda – uma teoria minha imagina que Estelar enfim voe, como nos quadrinhos, e consiga resgatar o garoto -, este Exterminador provou ser um vilão à altura dos Titãs.

Titãs – 02X05: Deathstroke – EUA, 4 de outubro de 2019
Criação: Akiva Goldsman, Geoff Johns, Greg Berlanti
Direção: Nick Gomez
Roteiro: Bianca Sams
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop, Teagan Croft, Ryan Potter, Curran Walters, Minka Kelly, Alan Ritchson, Conor Leslie, Esai Morales, Chelsea Zang, Michael Mosley,
Duração: 45 min.

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