Home TVEpisódio Crítica | Titãs – 4X01 e 02: Lex Luthor e Mother Mayhem

Crítica | Titãs – 4X01 e 02: Lex Luthor e Mother Mayhem

Sangue, Caos e Titãs.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de sua inexplicavelmente abominável terceira temporada, Titãs retorna para o quarto ano com dois episódios lançados simultaneamente. Considerando a tragédia que foi a série em 2021, a única coisa que espero agora, sem muitas esperanças, porém, é que a nova temporada seja melhor ou pelo menos não tão ruim. Abaixo, vocês encontrarão nossas críticas separadas de cada um dos dois episódios inaugurais, com a do primeiro tendo sido feita sem que o segundo fosse assistido, de forma a emular a experiência semanal. Vamos lá!

4X01: Lex Luthor

O primeiro episódio da quarta temporada de Titãs faz o básico na categoria de “primeiros episódios de temporada”, ou seja, reapresenta os personagens e põe em andamento as tramais mais relevantes que serão abordadas ao longo dos episódios. Quando Lex Luthor começa, vemos Dick Grayson (Asa Noturna), Koriand’r (Estelar), Rachel Roth (Ravena), Gar Logan (Mutano), Conner Kent (Superboy) e Tim Drake (o futuro Robin III, mas por enquanto apenas um cara qualquer) felizes da vida jogando boliche em algum lugar dos EUA, não muito tempo depois dos eventos da temporada anterior, em que os vimos indo embora em um trailer(???) para viajarem por aí para ajudarem os fracos e oprimidos (eu acho…).

Essa felicidade toda é interrompida com Dick recebendo uma ligação de seu mentor Bruce Wayne (que, como vocês lembrarão, tentou suicídio por fogo no ano anterior, sendo salvo magicamente por uma Donna Troy retornando dos mortos – faço questão de relembrar disso para que não esqueçamos do quão imbecil foi a terceira temporada). Na conversa completamente off screen, Bruce diz a Dick que fez os seus contatos e ninguém menos do que o Superman aguarda Conner em Metrópolis para conhecê-lo, o que deixa o jovem clone feliz como pinto no lixo. O ponto de encontro é o S.T.A.R. Labs logo no dia seguinte, que aguarda o grupo com ansiedade sabe-se lá porque razão exatamente.

Macaco (bem) velho que sou, sabia de cara que não haveria a menor possibilidade de o Azulão aparecer na série, pelo menos não no momento, e, dito e feito, quando os Titãs chegam no laboratório ultramoderno, descobrem que o Superman está em missão importantíssima do outro lado da galáxia, tendo deixado um “bilhetinho” para seu clone/filho que fica com cara de bebê chorão. Segue, daí, uma espécie de sessão de gadgets estilo 007 com Q em que Mutano ganha seu uniforme de maneira que ele não precise mais ficar pelado toda vez que se transforma em bicho (e, hilariamente, ele se transforma em um gorila, um velociraptor e um tatu, destruindo todo o laboratório, mas nós, espectadores, não vemos nada, em uma daquelas economias de orçamento que leva a risadas involuntárias, e que já estabelece um mistério: porque Gar descontrolou-se, não lembra de nada que fez e nós ainda o vemos em um lugar com terra vermelha que pode ser tanto Marte quanto Brasília?) e Tim ganha um… cajado retrátil, com o trailer sendo modificado para, agora, conter um carro esporte em seu interior.

Intercalando esses eventos, vemos Lex Luthor – nesta versão encarnado por Titus Welliver que, vale dizer, está muito bem e sinistro em seu papel – chegando a lugar incerto e não sabido e sendo recebido por May Bennett, uma cientista vivida por Franka Potente (sério, tem nome de atriz mais bacana do que esse?), que lhe apresenta ao Templo de Azarath, prometendo poder ilimitado ao magnata vilanesco depois de um misterioso ritual, somente para ele sumariamente demiti-la sem dar maiores explicações. Além disso, vemos Sebastian Sanger (Joseph Morgan), um taxidermista, em sua loja e o que parece ser um serial killer mascarado. Mortes e visões de sangue se seguem, com Rachel participando dessas experiências visuais desagradáveis, mas, novamente, sem que tenhamos maiores explicações, ainda que, claro, os leitores dos quadrinhos saibam o que isso significa, lógico, mas que eu não pretendo abordar aqui.

Mas bem mais interessante do que esse lado mais sombrio de uma série que teima em confundir sangue e violência com maturidade, é o convite supersônico que Luthor manda para Conner, dizendo que quer conhecê-lo e o que segue daí, com os Titãs interferindo para descobrir o que exatamente o homem quer, com direito a Asa Noturna enfrentando ninjas (porque sim), e esbarrando em uma informação importante: Luthor está morrendo de envenenamento por kryptonita e quer Conner, tecnicamente seu filho com Kal-El, como seu herdeiro. O que é a verdade verdadeira ainda não sabemos, mas já me declaro de antemão decepcionado se a morte de Luthor pelo que parece ser manipulação de magia sombria por May Bennett, já revelando-se como Matriarca do Caos, for definitiva, o que provavelmente não é, pois ninguém morre em quadrinhos, filmes e séries de super-heróis, especialmente em Titãs.

Lex Luthor, portanto, é um episódio que faz o que precisa fazer para servir de fagulha para dar a ignição na temporada. Nem mais, nem menos. O grande destaque fica mesmo com a breve participação especial de Welliver e a promessa de que Conner Kent terá mais atenção no novo ano, saindo da categoria de Titã coadjuvante para algo um pouco mais relevante, isso se o lado sobrenatural não tomar de assalto a série, claro e, principalmente, se o showrunner Greg Walker não aloprar novamente com suas “ideias brilhantes” para uma equipe que um dia foi uma baita promessa no audiovisual e que hoje, para mim, até provas contundentes em contrário, não é mais do que a encarnação do que não fazer em termos de adaptação, uma verdadeira chacota com esses personagens clássicos dos quadrinhos.

4X02: Mother Mayhem

Bem, ao que tudo indica, Lex Luthor não só queria vencer sua doença, como também enganar a morte, para isso não só pesquisando sobre o tal Templo de Azarath (que, eu sei, tem relação estreita com Ravena), como também a própria Estelar com fins ainda embrulhados em um mistério que, basicamente, com uma cajadada só, consegue afetar todos os Titãs com algum poder que não esteja limitado a fazer cara feia enquanto manuseia palitos de metal com ou sem eletricidade. Nada contra isso, claro, mas confesso que acho estranho, considerando a bem pública chuva de água roxa do Poço de Lázaro do final da temporada anterior e a quantidade de dinheiro que ele pode trocar usar para comprar informação, que o arqui-inimigo do Superman não tenha imaginado essa maneira mais… digamos… prosaica de resolver o problema que o afligia. Mas como é que eu posso cobrar lógica de uma série que mata a Moça Maravilha com um choquinho elétrico, não é mesmo?

Falando do segundo episódio em si, devo dizer que gostei muito da atmosfera gótica de filme de horror das sequências de assassinato da mãe da jovem Aria (Emma Ho) seguida das de pesadelo e da invasão do armazém da morte do sujeitinho fazendo cosplay de Konshu. Bela direção de arte e mais bela ainda fotografia que joga com as sombras como um slasher satânico daqueles bem pesados como a própria série acha que é. Claro que é um pouco decepcionante que os embates entre o serial killer e Ravena tenham sido tão rápidos, pois, sem dúvida alguma, o capítulo teria se beneficiado enormemente se o roteiro tivesse permitido uma construção atmosférica mais lenta e eficiente, sem correr para pagar seus dividendos como se não houvessem ainda 10 episódios pela frente que, não tenho dúvida, não serão sempre usados de maneira eficiente.

Por outro lado, não gostei nada da prisão de Conner Kent. Ou, melhor dizendo, não gostei que ele foi preso e solto quase que imediatamente, em um estalar de dedos, pois ficou parecendo de novo algo jogado ali para chocar – “oh, Superboy bonzinho preso, que horror!!!” – e, depois, ser esquecido como se nada tivesse acontecido. Pelo menos não parece haver chance de Conner ser “apagado” da temporada sob a desculpa de que ele está preso em sua cela sem paredes irradiada por kryptonita, mesmo que sua soltura tenha sido resultado de acontecimentos off screen para economizar uns trocados com extras possivelmente encontrando toda a diretoria da LexCorp morta como diz o último sobrevivente a uma Estelar particularmente furiosa por ter tido sua privacidade violada.

E eu gostei menos ainda daquele momento de treinamento na floresta em que Tim Drake parece estar sendo trollado por um Gar se divertindo muito até ter suas próprias visões misteriosas. Começo a achar que essa temporada deveria ter começado depois de um lapso temporal maior para que Drake já pudesse ter um mínimo de treinamento e não andasse com cara de apavorado fazendo barulho ao arrastar os pés e se assustando com galhos de árvores como um garoto de 10 anos que se perdeu dos pais ou quase passar mal ao ver o corpo da mãe de Aria. E o problema é que, agora que sabemos que ele mal começou seu treinamento de Robin, se ele de repente aparecer de uniforme e mostrando habilidades atléticas que o permita enfrentar ninjas e também seres superpoderosos, a coisa ficará bem ridícula.

Falando em enfrentar seres superpoderosos, aquele ataque aos Titãs por May Bennett agora como Matriarca do Caos com a clara intenção de absorver os poderes (ou sei-lá-o-que) de Ravena chegou a ser engraçado. Afinal, esse momento vem meio que do nada, sem que os acontecimentos do episódio nos levem a ele de maneira orgânica e Asa Noturna, depois de ver a vilã derrotar ninguém menos do que Superboy e Ravena, saca seus palitos elétricos para enfrentá-la como se ele tivesse alguma chance de chegar perto dela. Já achei exagero que a direção de Nick Copus não tenha levado à eliminação do metido-a-Batman com apenas um peteleco à distância… E isso sem contar que Mutano, para economizar no orçamento, sequer esboça transformar-se em algum animal verde (de preferência não um tatu…).

Reconheço, porém, que foi um começo movimentado que, sem grandes invencionices, mas também sem grandes destaques para além de Welliver e Potente, consegue expor as ameaças sem criar conexões imediatas entre elas, o que, claro, deverá explicado e contextualizado no transcorrer da temporada. Pelo menos Mother Mayhem fazendo dobradinha com Lex Luthor marca um início de temporada que intriga e ajuda – mas só um pouco – a nos fazer esquecer a barafunda narrativa que foi a temporada anterior. O problema é que foi exatamente assim que ela começou e nós sabemos o que aconteceu depois, não é mesmo?

Titãs – 4X01 e 02: Lex Luthor e Mother Mayhem (Titans – EUA, 03 de novembro de 2022)
Showrunner: Greg Walker
Direção: Nick Copus
Roteiro: Richard Hatem (4X01), Bryan Edward Hill (4X02)
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop (Mame-Anna Diop), Teagan Croft, Ryan Potter, Joshua Orpin, Jay Lycurgo, Titus Welliver, Franka Potente, Joseph Morgan, Emma Ho
Duração: 50 min. (4X01), 48 min. (4X02)

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