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Crítica | Titãs – 4X03: Jinx

Tesourada nos olhos dos outros é refresco.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Deixe-me ser bem direto aqui e afirmar logo de cara que SE

  • Jinx (ou Soturna), a nova personagem da série, não fosse tão genérica e potencialmente de uso único;
  • A temporada não tivesse voltado com “visões” sendo a base para sua existência, com Gar vendo o Vermelho e Kory, transformada em estátua, retornando ao diner mágico da temporada anterior;
  •  Conner não fosse um especialista em tudo, de marcadores genéticos a símbolos de ocultismo;
  • A temporada não quisesse nos fazer acreditar que Tim se tornará Robin III treinando com seu cajado em um ambiente de realidade virtual provavelmente em alguns dias (era melhor fazer que nem em Matrix…);
  • A tesourada nos olhos não fosse mais um daqueles momentos que deixam claro que Greg Walker acha que série adulta precisa ter violência e sangue a cada cinco minutos;
  • A pose de Superboy pegando Sebastian Sanger em câmera lenta não fosse hilariamente ridícula; e
  • A montagem tivesse tomado cuidado, evitando mostrar a Matriarca do Caos em um andar alto do prédio da delegacia de Metrópolis e a cela de detenção de Sanger ser no térreo no momento seguinte,

seria até possível eu achar que Jinx foi outro bom episódio da quarta temporada de Titãs, o terceiro seguido. Mas é muito “SE” para me permitir chegar a esse ponto em uma temporada que, nesse começo de história, tenta reunir todos os seus personagens com poderes ao redor de um único evento mágico liderado pela Matriarca do Caos que tenta despertar o Irmão Sangue para algum plano do tipo Pinky e o Cérebro de dominação mundial. E olha que eu até considero louvável essa convergência narrativa desde o início, sem mistérios e subterfúgios somando-se a mais mistérios e subterfúgios, mas, como o plano macro tem realmente todo o jeitão de ser genérico, os roteiros ainda não conseguiram realmente mostrar a que vieram, com este terceiro episódio não ajudando muito.

De positivo, devo destacar Lisa Ambalavanar como Jinx, imediatamente cativante, mesmo que a personagem seja derivativa e seus poderes mágicos sejam da categoria aleatória, mais conhecida como a categoria da conveniência de roteiro, seja pela forma idiota como ela foge da penitenciária de Blüdhaven, seja por sua habilidade de “vergar” laser. Mas tudo bem. Sua participação é definitivamente carismática no episódio, especialmente porque permite que Dick tenha um momento solo descendo a lenha nos capangas de Lironne e, depois, na própria Lironne, na melhor sequência de longe desses 41 e minutos. Bela coreografia que foi bem dirigida, mesmo que tenha durado algo como um piscar de olhos.

Pronto, acabei o que tinha para falar de positivo no episódio, pois o resto seria um detalhamento dos pontos que listei acima, mas isso é algo que eu tenho certeza ninguém vai querer ler, pois seria como reviver um pesadelo. Claro que eu estou preparado para ter dor estomacais tendo risadas com o treinamento a jato de Tim Drake, pois, pelo andar da carruagem, ele deve estar fantasiado de Robin em mais dois ou três episódios para já inaugurar a segunda metade da temporada com o time todo uniformizado. Mas o que eu efetivamente quero destacar em meu retorno aos pontos negativos é o engraçadíssimo malabarismo da produção para economizar no orçamento. Depois do maravilhoso “truque” em Lex Luthor que fez com que Gar se transformasse em três animais inéditos sem que víssemos absolutamente nada, agora temos o espetacular efeito visual do filtro vermelho de iPhone para mostrar que o jovem de cabelos verdes e a jovem de cabelos brancos (ela diz loiro, mas aquilo não é loiro nem aqui, nem na China…) estão em contato com o místico Vermelho. E o que dizer do furacão de Jinx que está em nível tecnológico de computação gráfica abaixo de Twister, aquele clássico filme com Bill Paxton, de 1996? E vamos combinar que aquela Kory de pedra parecia mais uma estátua de sal…

Sobre o Vermelho, tenho que dizer que espero com todas as minhas forças que Greg Walker NÃO SE ATREVA a introduzir o espetacular Homem Animal nesta série. Já chega que ele conseguiu estragar todos os Titãs. Fazer o mesmo com a criação sessentista de Dave Wood, Carmine Infantino e George Roussos mais tarde estupendamente reformulada por Grant Morrison, seria um Pecado Capital de proporções diluvianas que eu não quero ver mesmo que me prometam que Walker será lentamente torturado em seguida.

Jinx não é ainda uma tragédia, mas aponta para o que de pior Titãs tem. Se, no terceiro episódio, a temporada já está cambaleante desse jeito, não tenho razão alguma para acreditar que haverá alguma melhora. Ainda posso ser surpreendido, mas, estatisticamente, a probabilidade é mínima, já que tudo o que o showrunner parece saber fazer é mostrar que ele não tem ideia do rico material que tem em mãos…

Titãs – 4X03: Jinx (Titans – EUA, 10 de novembro de 2022)
Showrunner: Greg Walker
Direção: Boris Mojsovski
Roteiro: Jamie Gorenberg
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop (Mame-Anna Diop), Teagan Croft, Ryan Potter, Joshua Orpin, Jay Lycurgo, Franka Potente, Joseph Morgan, Lisa Ambalavanar
Duração: 41 min.

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