Home TVEpisódio Crítica | Titãs – 4X11: Project Starfire

Crítica | Titãs – 4X11: Project Starfire

Enquanto isso, em Gotham City...

por Ritter Fan
1,5K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Ainda bem que Titãs está acabando, pois estou ficando sem ter o que escrever sobre a série sem me repetir constantemente sobre a ruindade atroz que ela é, seja no quesito adaptação, seja em qualquer quesito técnico que pudermos listar, de direção à fotografia, de roteiro à direção de arte, com a única exceção sendo o design dos uniformes super-heróicos de seus personagens, como é o caso do de Tim Drake, o terceiro Robin, que é apresentado aqui pela primeira vez. Sinto-me como provavelmente um masoquista deve se sentir ao se autoflagelar ou deixar que alguém o flagele, mesmo que, por trás, eu doentiamente sinta uma ponta de orgulho por ser capaz de, semana a semana, assistir e escrever sobre esse estrupício audiovisual de Greg Walker.

Portanto, sem maiores rodeios, deixe-me mergulhar nesse lodaçal para pinçar as atrocidades da semana para a apreciação de meus leitores que, não tentem negar, são masoquistas também!

Atrocidade 1:
O Treinamento de Robin III

Achei perfeitamente natural que Dick enviasse Tim para Gotham para localizar uma pessoa chamada Venta, em tese importante para o que os Titãs estão fazendo em Metrópolis. Afinal, personagens de uso único tirados da cartola do Asa Noturna passaram a ser a regra e não a exceção nesta temporada final. No entanto, quando Tim tentou dar uma de machão e acabou escondido atrás do carro com o rabo entre as pernas e o Capuz Vermelho apareceu para salvá-lo, desconfiei que havia algo errado nessa historinha e minha intuição foi, ao final confirmada: tudo não passava do treinamento final de Tim Drake, agora com o mencionado uniforme de Robin.

Se esquecermos por um momento que Jason Todd aliou-se a um dos arqui-inimigos do Batman, assassinou Hank com requintes de crueldade e quase destruiu Gotham City, o conceito de um treinamento realista desse tipo para a terceira encarnação do Robin faz todo sentido. Mas, para fazer sentido de verdade – algo que não interessa muito ao showrunner, como bem sabemos – isso deveria acontecer durante toda a temporada e não em menos de 24 horas. Walker certamente não sabe (não vou culpar nem o diretor, nem a roteirista aqui, pois eles são paus mandados apenas) que montagens de treinamento foram criadas para – surpresa, surpresa – mostrar a evolução de um treinamento ao longo do tempo, com esse “ao longo do tempo” devendo ser naturalmente interpretado como meses, semanas ou, na pior das hipóteses, alguns dias pelo menos a não ser que estejamos falando de uma comédia pastelão (será que estamos?).

Além disso, custava alguém usar qualquer outra coisa que não a Sequência de Fibonacci para Tim desvendar a mensagem cifrada no quadro do Capuz Vermelho (se Todd usa um quadro e não um computador para isso, imagino que ele ainda use Telex e Fax, talvez até carta via correio para mandar mensagens…). Afinal, quantas vezes nós já não ouvimos isso em filmes e séries de TV a ponto de até sabermos quem foi o matemático italiano que divulgou a sequência? Eles podiam ter usado qualquer outra coisa, até Código Morse, que seria melhor, pois usar Fibonacci é colocar o sarrafo criativo no chão só para permitir algo pseudo-inteligente saindo da boca de um personagem também pseudo-inteligente.

Atrocidade 2:
A Violência Rangedora de Dentes

Titãs sempre foi uma série que se acha violenta e sombria só porque tem sangue e é escura. Mas a grande verdade é que tudo não passa de um subterfúgio para enganar quem confunde maturidade com sangue e escuridão em tudo o que assiste. E sim, existe muita – MUITA – gente que cai nessa esparrela, normalmente os defensores de classificação indicativa alta, talvez para poder bater no peito e dizer que é adultão… E, seguindo essa tradição, Project Starfire tem dois desses momentos rangedores de dentes.

O primeiro deles é quando a Matriarca do Caos faz como Mola Ram e arranca o coração de uma devota virginal com objetivo no mínimo incerto e não sabido. O segundo é quando Conner Luthor – sem pedir autorização a ninguém, pois autorização para cometer atos ilegais só se aplica a hackear sistemas de computador de empresas, não para tortura e assassinato – martiriza um minion da Matriarca para arrancar informação sobre o que ela planeja fazer com seu bebê chorão Sebastian e, depois, enfia um saca-rolhas na artéria do sujeito para Sebastian deliciar-se vampirescamente.

O efeito desse tipo de cena em qualquer pessoa com um mínimo de capacidade cognitiva não é fechar os olhos em horror ou ficar com raiva do vilão ou do anti-herói, pois nada, em nenhum ato de violência na série que não tenha sido a explosão de Hank, tem peso dramático para levar a essas reações. A única coisa que dá para sentir é uma vontade irresistível de cair na gargalhada, isso depois de vencermos a reação mais imediata que é a de desligar a televisão e ir dormir. Se pelo menos a violência tivesse função na história, mas nem isso…

Atrocidade 3:
O Plano Genial

Olhem só a lógica: Kory não pode assumir para si mesma o assassinato do Irmão Sangue, pois Dick tem um plano muito melhor que consiste, basicamente, em todos os Titãs contribuírem para o assassinato do vilão. É como em um pelotão de fuzilamento, em que todos os que atiram estão ali para dividir a responsabilidade, de maneira a suavizar o peso do ato. Porque vamos combinar que impedir Kory de usar sua luz azul para diretamente matar alguém não é exatamente diferente de ela, com a ajuda de todos os demais, transferir sua luzinha para dentro de uma esfera desenvolvida por Lex Luthor com o mesmo objetivo.

Sobre a esfera, o que podíamos esperar da série que não uma arma qualquer que é inventada praticamente do nada somente para permitir uma enrolação danada que, claro, não elimina a ameaça e que, ainda por cima, leva a um final ridículo que quer nos fazer acreditar que o Superboy morreu porque levou um raiozinho na cabeça e deu de cara com uma parede de tijolos. Ora, em um exercício louco de imaginação, seria o mesmo que acreditar, por exemplo, que a Moça-Maravilha, só para usar um nome aleatório, morresse por causa de choque elétrico, também só para usar uma causa mortis improvável. Óbvio que Greg Walker não seria capaz de algo assim, não é mesmo? Não é? Hein, hein?

Atrocidades que não Merecem
Um Parágrafo Sequer:

  • Diálogos de autoajuda profundos aqui, não? Basta pegar como exemplo desse suprassumo roteirístico (os roteiristas já estavam em greve quando escreveram isso?) a sequência do café da manhã no telhado do S.T.A.R. Labs entre Gar e Rachel. Impressionante como tantas palavras conseguiram ter tão pouco significado.
  • Conner pode torturar o minion, mas Sebastian não pode dar uma enforcadinha básica no sujeito?
  • Funções de Ravena e Mutano no plano de Dick: um olha para um mostrador e outro olha para outro mostrador, ambos no mesmo painel. Nossa, difícil, hein?
  • Ninguém mais no planeta está quase morrendo como Bernard? Não há uma comoção mundial por causa do jogo encantado de Sebastian? Eu sei que a série não tem orçamento para extras, mas também não tem para inserir uma linha de diálogo que seja para tratar do assunto?
  • Trigon vai ser derrotado em apenas um episódio novamente, é isso? Ou será que ele nem vai aparecer?

Contagem regressiva: só resta mais um flagelo.

Titãs – 4X11: Project Starfire (Titans – EUA, 04 de maio de 2023)
Showrunner: Greg Walker
Direção: Nick Copus
Roteiro: Jamie Gorenberg
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop (Mame-Anna Diop), Teagan Croft, Ryan Potter, Joshua Orpin, Jay Lycurgo, Franka Potente, Joseph Morgan, Curran Walters
Duração: 55 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais