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Crítica | Todo Mundo em Pânico 3

por Fernando JG
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Ainda que os irmãos Wayans tenham saído da produção da franquia, não é aqui que as coisas perdem o freio. Com a escolha de David Zucker (Corra que a Polícia Vem aí! e Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu) para dar continuação à série, Todo Mundo em Pânico ganha sobrevida – e convenhamos: que ótima escolha para direção. O segundo melhor longa da pentalogia, Scary Movie 3 é o filme que consagra Cindy (Anna Faris) e Brenda (Regina Hall) como sobreviventes do destino, figurando como personagens centrais na trama, sendo elas as que se safaram dos massacres anteriores. Com nova direção, existem algumas mudanças que são perceptíveis, mas que contribuem para uma renovação no estilo das paródias, que fez com que não enjoássemos de ver, pela terceira vez, os mesmos arranjos que vimos nos dois primeiros. 

Este filme é consideravelmente melhor que o anterior e alguns são os elementos que ele introduz que o faz superar, de fato, o segundo: o amadurecimento dos personagens, a introdução de novas pessoas, que têm carisma, novas técnicas, uma menor sexualização na trama etc., são alguns destes elementos. A essa altura do jogo, é evidente que a sequência de filmes se encaminha para se encerrar, já que quase todos os personagens morreram e só sobrou Cindy e Brenda. Deste modo, sempre considero este terceiro como o último grande filme da franquia, o resto é prólogo, encerramento, e o quinto, uma abstração, uma fuga. 

O arco paródico se desenrola em torno de alguns filmes, mas são dois os principais: Sinais e O Chamado. Cindy trabalha em uma emissora de TV e comunica a aparição de estranhos sinais em uma fazenda dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que, na cidade, corre-se o boato de que uma fita está circulando entre os jovens, em que, ao assistirem, o telefone toca comunicando-lhes que têm apenas 7 dias de vida. A verdade é que a maldição e a voz por de trás do telefone são ets comunicando que estão vindo para a Terra, lançando sinais na fazenda de Tom Logan (Charlie Sheen). A propósito, Charlie Sheen e Simon Rex estão ótimos. O filme também conta com as participações de Simon Cowell, no papel de um jurado insuportável numa cena icônica de batalha de rap, e de Queen Latifah

O prólogo de Pamela Anderson e Jenny McCarthy, as loiras que morrem no início do filme, é interessante, já que é uma parodização extrema da personagem clássica de alguns filmes como Premonição, American Pie, entre outros, tirando uma onda da figura da loira siliconada. 

Cindy e Brenda seguram bem a comédia. É interessante perceber que Cindy já não é mais uma menininha que tenta colocar uma máscara de puritana, algo que ela nunca foi. Aqui ela assume o seu lado mais depravado e sem-vergonha, e dá certo, mas também com alguma precaução, já que ela assume, parodicamente, um papel de “atriz dramática”, o que é, certamente, bem ordinário. Brenda protagoniza a sequência mais memorável do longa ao fingir que foi amaldiçoada pela fita, enganando Cindy várias vezes seguidas – um nonsense absurdo, mas que é muito bem planejado. E, nesta mesma cena, Brenda faz aquilo que todos pensamos ao assistir O Chamado: Por que não bater na Samara e fugir? E é exatamente o que Brenda faz ao ver a Samara andando em sua direção a passos lentíssimos. Até depois de morta a personagem de Regina Hall é hilária. A cena do seu enterro é excelente em todos os níveis possíveis. 

A direção introduz algumas coisas novas como cenas de confusões generalizadas, chistes com a figura dos padres maliciosos e de brancos rappers. A ridicularização com alguns momentos apavorantes de Sinais, como quando gravações caseiras captam a aparição de ets, é um prato cheio para quem curte parodizações e é fã do gênero, visto que essas cenas são toscamente reproduzidas. O final não poderia ser outro, senão uma cena de atropelamento, seguindo o final dos dois primeiros filmes. Já espera-se que isso aconteça, e, de fato, acontece. 

Todo Mundo em Pânico 3 encaminha a sua trajetória para o final, dando algumas pistas que acabaria numa próxima produção, com o lançamento de mais um filme, já que sobra apenas Cindy e a história dela precisa ser finalizada. Este terceiro é o segundo melhor da franquia e os motivos sobram para isso. Se sustenta no gênero, renova o que já era muito bom e dá, junto com o adeus dos irmãos Wayans, sinais de seu próprio adeus. Aqui, consagra-se uma franquia que permanecerá na história do gênero, do subgênero e do cinema. 

Todo Mundo em Pânico 3 (Scary Movie 3, EUA, 2003)
Direção: David Zucker
Roteiro: Craig Mazin, Pat Proft
Elenco: Anna Faris, Regina Hall, Drew Mikuska, Charlie Sheen, Simon Rex, Jianna Ballard, Leslie Nielsen, Anthony Anderson, Kevin Hart, Queen Latifah, Eddie Griffin, George Carlin, Marny Eng como Tabitha, Pamela Anderson, Jenny McCarthy, Ja Rule, Simon Cowell, Fat Joe, Edward Moss.
Duração: 84 min.

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