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Crítica | Transformers

por Davi Lima
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  • Confira aqui, nossas demais críticas do universo Transformers.

Uma obra artística é produto do seu meio, mesmo quando se queira fugir do seu tempo presente social e cultural, ainda assim a fuga representa esse meio que se quer sair. Em 2007, fim do governo Bush, a globalização era o tema, a tecnologia era o que tornava os EUA uma potência mundial e Michael Bay é o diretor para grandiosos eventos que um blockbuster hollywoodiano como precisava ter para evidenciar aquele tempo e para quem fugia dele fora da pátria americana. O que importa ao artista desta máquina de dinheiro em forma de vídeo são os militares como heróis e a linguagem estadunidense caricatural masculina de comentários xenofóbicos e caçoantes do desenvolvimento técnico de outros países. Assim, mesmo que se queira fugir do tempo americano no olhar para robôs alienígenas, ainda compreende-se como Transformers é um produto patriótico em alguns aspectos centrais.

A ambição pelo alto escalão visual de proporção do que acontece durante o filme proporciona que os locais em que cada Autobot cai seja tudo perfeito, tão norte-americano que soa mais patriótico que vários filmes que levantam a bandeira na cara do espectador. Michael Bay ao pensar na metalização como reflexo necessário luminoso na tela e aprovar as transformações detalhadas com efeitos especiais engrenados no tempo ritmado que fotografia passeia pelo corpo mecânico de Optimus Prime em metamorfose transmite o mínimo realismo para que o público adulto se embebeça com a modernidade enquanto as crianças veem os robôs se destruírem com a destruição da lógica na montagem. Abre-se a possibilidade do filme buscar pela corrente artística do Futurismo que prioriza o movimento desenfreado.

Logo, o contra-plongée, técnica cinematográfica de imponência e grandiosidade com a câmera apontando um foco acima de sua lente, é a premissa certa para o que Bay quer contar sobre a tecnologia tendo vida e sendo o centro de uma guerra americana. Mas infelizmente o movimento do plongée gira demais em torno da derrocada seguinte, como se o efeito se perdesse, que por sinal é o argumento clássico dentro da filmografia do diretor. Há uma noção geral que se algo único se torna tudo então o único se perde e vira nada. Apesar da possível diversão ao apreciar um quebra mental da lógica de maneira funcional insatisfatória como a montagem picotada do filme Transformers, a criança de Michael Bay que Steven Spielberg enxergou ao produzir esse projeto confunde inocência com ignorância, algo não muito típico da infância pura.

Por isso a sexualização de Megan Fox e a tentativa de torná-la importante dramaticamente, e da mesma forma Sam ser relevante numa história militar por se apegar a um carro, nada é mais capitalista que isso. Em geral não há inocência, há a ignorância projetada de personagens bem vistos em seus estereótipos como protagonistas, que no papel acabam sendo heróis humanos na história romântica.  Mas o que soa contraditório nesse consumismo de imagem é o desprezo pela emoção construída, e o engrandecimento da ação que se perde na fria e vazia tecnologia metalizada que vira poluição visual. Os robõs rivais não parecem muito diferentes e muito menos atraentes porque parecem fazer muito parte da paisagem cinza sem vida. Se a estética inicial graduasse em mudança como acomodação dos humanos com os alienígenas pelo menos Bay conseguiria tornar sua bendita ânsia pelo rápido em qualidade, desenvolver emoção sem dependência visual e mostraria mais inocência parece reger o entretenimento contido nos Autobots pelo menos.

Dessa forma, a trilha sonora pode ser até empolgante e colocada de maneira estranha positivamente, e ter uma comédia que basicamente só acerta quando aproveita a paranoia estadunidense de aliens e estrangeiros terem mais tecnologia, no entanto, com certeza uma extravagância necessária como essa, e atrapalhada, faz o filme Transformers ser o símbolo do blockbuster norte americano, não uma ordem de como deve ser feito. Percorrendo a concepção patriótica, a compreensão temporal no qual os Estados Unidos passa como ficção e provocação mitológica, além dos estereótipos com ignorâncias que permeiam o consumo, o diretor Michael Bay basicamente eleva seu filme por evidenciar a proporção capital que um blockbuster de sucesso abrange, mas não justifica a ausência de inocência que ele tanto exige do espectador para averiguar seu cinema fragmentado em LEGO.

Transformers (Idem | EUA, 2007)
Direção: Michael Bay
Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman, John Rogers
Elenco: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Jon Voight, Tyrese Gibson, John Turturro, Rachael Taylor, Anthony Anderson, John Robinson, Bernie Mac, Peter Cullen, Mark Ryan, Darius McCrarym, Jess Harnell, Robert Foxworth, Hugo Weaving
Duração: 144 min.

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