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Crítica | Trinity Blood – Vol. 1

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Adaptação da série de light novels escrita por Sunao Yoshida, que também é responsável pelo roteiro do mangá, Trinity Blood é uma obra com bastante identidade própria. Embora possa ser comparado a Hellsing em virtude de suas temáticas semelhantes, a obra se diferencia totalmente daquela escrita por Kouta Hirano, especialmente conforme progredimos nos capítulos. Temos aqui um mangá que lentamente ocupa seu espaço merecido em nossas boas memórias, nos entregando uma história bastante original que mistura a ficção científica, distopia com as clássicas histórias de vampiros.

Tudo começa quando Esther encontra o padre Abel Nightroad próximo à estação de trem da pequena cidade de Istvan. Ele fora enviado pelo Vaticano, por motivos misteriosos, para a igreja daquele lugar, o que acaba atraindo a atenção do nobre responsável por aquela região, o vampiro Gyula. Dito isso, o conde envia seus emissários para assassinar o recém chegado padre, apenas para descobrir que ele não é quem aparenta. Na verdade, Abel é um Kresnik, uma criatura que se alimenta do sangue de vampiros e trabalha para uma divisão especial do Vaticano, que se encarrega de acabar com os seres da noite que perturbam a ordem.

Similar ao primeiro volume de Fullmetal AlchemistTrinity Blood nos traz, em sua primeira edição, apenas uma introdução para a história que irá desenvolver. Iniciando e fechando um arco em seus quatro capítulos, todos com nome de filme, como O Homem que Caiu na Terra, o mangá nos apresenta a esse universo pós-apocaliptico, que levara ao surgimento dos vampiros na face da Terra. Desde já, porém, o autor, Sunao Yoshida, começa a inserir alguns pontos que irão permanecer durante toda a história a ser desenvolvida. Com cuidado ele introduz alguns mistérios e explica os conceitos pertinentes a essa mitologia – no fim, permanecemos curiosos acerca de cada uma das perguntas levantadas pelo texto, ansiando por respostas ainda não oferecidas.

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A arte de Kiyo Kujō caracteriza os personagens de forma esguia, com braços compridos e rostos afinados. Ele opta por utilizar menos sombreamentos a fim de trazer uma limpeza maior a cada quadro e garante a expressividade de cada indivíduo através dos olhos. Esses contam com um grau de detalhe impressionante e permitem que cada mensagem dita no texto seja passada unicamente através deles. Esses pontos em conjunto garantem uma forte e única identidade visual aos quadrinhos, ao ponto que um personagem de Trinity Blood se torna facilmente identificável em qualquer lugar que apareça. A arte também evidencia o foco do mangá nos seus personagens, através dos paineis que, em sua maioria, trazem somente eles colocados contra um fundo branco, transmitindo uma ideia maior de solidão a cada um deles, um aspecto muito trabalhado nas páginas de Yoshida.

Infelizmente, esses quadros muitas vezes acabam ficando superlotados em virtude do excesso de balões, sejam de fala ou de narração. Chega ao ponto que, em algumas páginas, ficamos confusos de para qual direção seguir, prejudicando consideravelmente a fluidez da leitura. Por sorte nossa, isso somente ocorre em determinadas ocasiões e não na obra toda, impedindo que esse deslize acabe com nosso aproveitamento dessa fascinante história introduzida nessas cento e setenta e oito páginas.

Trinity Blood infelizmente fora cancelado pela Panini Comics aqui no Brasil, mas ainda pode ser adquirida em suas versões internacionais por diferentes fontes. Não é um mangá perfeito, mas definitivamente vale a leitura, especialmente para quem aprecia obras com um certo teor religioso, ficção científica ou histórias de vampiros. Ainda acrescento que esse foi um dos poucos mangás que não consegui me desfazer, pois, como dito antes, ele ocupa o devido lugar em nossas boas memórias.

Trinity Blood – Vol. 1 — Japão
Roteiro:
Sunao Yoshida
Arte:
Kiyo Kujō
Editora (no Japão):
Kadokawa Shoten/ Asuka Comics
Editora (no Brasil): 
Panini Comics
Páginas: 
178

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