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Crítica | Ultimate Homem-Aranha (Miles Morales): Gatuno

por Pedro Cunha
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Quem é Miles Morales? – esse foi o título dado para o primeiro arco de histórias do novo dono do manto aracnídeo no Universo Ultimate da Marvel. Apesar de ser uma história mediana, que não mostra nada de novo para um personagem totalmente novo, a primeira parte cumpre bem o papel de apresentar Miles Morales para o público, que tem um potencial muito grande, mas que infelizmente não foi totalmente explorado pelo escritor Brian Michael Bendis.

O normal, dentro de histórias em quadrinhos publicadas mensalmente, é vermos um primeiro arco avassalador, onde o escritor mostra todo o seu potencial, e um segundo mais fraco, que serve como uma repercussão de tudo aquilo trabalhado anteriormente. Bendis não faz isso em Ultimate Homem-Aranha, somos apresentados a uma narrativa muito mais interessante que a do primeiro arco, que tem êxito não apenas no seu roteiro, mas também na sua arte e narrativa sequencial, feitos dessa vez por três artistas diferente, Chris Samnee, Sara Pichelli e David Marquez.

A história começa com Miles voltando para casa, já que o menino estuda em uma escola onde os alunos moram no campus durante a semana, artifício esse muito inteligente usado por Brian, que afasta a figura dos pais sem ter de matá-los. Em casa, ele tem de lidar pela primeira vez com a sua omissão, o garoto gostaria de contar para sua mãe aquilo que tem acontecido com ele, mas escolhe mentir, devido à posição de seu pai para com os mascarados. O roteirista não se preocupa em desenvolver muito os dois personagens paternos, já que essa relação já foi trabalhada no primeiro arco da série.

Vemos as primeiras lutas de Miles com seu novo uniforme, a notícia de um novo Aranha se espalha por todo o mundo, chegando ao México, local onde o tio criminoso de Morales está preso. Foi estabelecido na primeira edição que Aaron (seu tio) viu uma aranha morder o menino, aranha essa que foi trazida pelo próprio depois de um roubo nos laboratórios Osborn. Não demora muito para o ladrão ligar os pontos e ver que seu sobrinho é o novo Homem- Aranha e que ele é o principal responsável por sua transformação.

Tudo isso caminha rumo para um final muito promissor, que mostra um protagonista em um processo de amadurecimento, Brian Michael Bendis consegue dar profundidade a Morales, aspecto esse que estava em falta no primeiro arco. Até o contexto do menino é melhor trabalho pela figura de Aaron, que é um dos maiores acertos do roteiro para esse segundo arco. Além disso, o roteiro ainda tem alívios cômicos muito bem colocados.

Um grande problema na história é que Miles Morales ainda replica muito aquilo que Peter Parker era. Bendis não consegue separar o novo do velho, escrevendo atitudes que o antigo Aranha tomaria, não o novo. Diversas vezes vemos Morales dizendo: “como que Peter conseguia fazer isso”, esses são os únicos momentos que o roteirista consegue separar os dois personagens, cabe a Bendis, que insisto em dizer que é um bom escritor, entender que esse não é um reboot de Peter Parker, e sim a origem de Miles Morales.

A arte fica na mão de três artistas, entre eles está Sara Pichelli, que repete sua participação depois de um fraco começo no primeiro arco. Entretanto o que era insosso na primeira parte se transforma em algo completamente diferente e melhor. As primeiras edições ficaram com Chris Samnee, que é o responsável por introduzir uma nova narrativa gráfica para o quadrinho. O que antes eram quadros sem propósito, e páginas duplas sem nenhum significado, agora se transformam em uma narrativa gráfica interessante, que contribui muito para o roteiro de Bendis. O maior defeito da arte de Samnee são as cenas de ação, que ganharam poses que não condizem com o movimento que o personagem está fazendo.

Esse problema é resolvido com a entrada de David Marquez para a equipe, esse que é muito competente, conseguindo criar quadros lógicos, e que enriquecem muito o roteiro, dando até significado às páginas duplas que Picheli fez questão de colocar como identidade visual do herói. As expressões de Marquez também são muito efetivas, fazendo até que o leitor consiga entender o que está no quadro, sem precisar ler os balões de fala.

Gatuno é um recomeço para um personagem que não teve um bom começo. O arco tem um narrativa fluida, fazendo com que o público o leia de forma rápida, deixando uma pista do que virá a seguir. Brian Michael Bendis é um escritor que consegue entender o público contemporâneo de quadrinhos, e que aqui mostra um pouco de seu potencial. Que Miles Morales possa cada vez mais ganhar boas histórias, e que o menino que tem apenas 13 anos possa um dia crescer e virar um grande herói.

Ultimate Homem-Aranha: Gatuno — EUA, 2012
Contendo Ultimate Comics Spider-Man Vol. 2 #6 a 12
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Sara Pichelli, Chris Samnee, David Marquez
Cores: Justin Ponsor
Letras: Cory Petit
Editora original: Marvel Comics
Datas originais de publicação: 2012
Editora no Brasil: Panini Comics
Páginas: 112 Páginas

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