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Crítica | Ultimate Homem-Aranha (Peter Parker): Poder e Responsabilidade

por Luiz Santiago
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Ultimate Marvel Universe (2000-2015) plano critico

estrelas 3,5

Dois fatores mercadológicos contribuíram para a criação da linha Ultimate Marvel em 2000. O primeiro deles foi o grandioso hype para os filmes de super-heróis gerados a partir de X-Men – O Filme (2000) — e que pouco tempo depois viria delinear o cenário Ultimate do escalador de paredes com Homem-Aranha (2002); o segundo, foi a necessidade financeira e criativa que a Marvel enfrentava, com vendas em baixa em público pouco animado com as histórias então em circulação.

A linha Ultimate (Terra-1610) surgiu então como uma forma de revitalizar o Homem-Aranha (o primeiro personagem desse novo Universo, seguido dos X-Men), apresentando elementos do século 21 e mostrando Peter Parker como um adolescente de 15 anos, bem diferente do já maduro Peter Parker da Terra-616 (universo principal da Marvel). Coube ao trio Brian Michael Bendis, Bill Jemas e Mark Bagley recontar a clássica origem do personagem narrada por Stan Lee e Steve Ditko na Amazing Fantasy #15  (1962). Era uma jogada arriscada. Mas acabou dando muito certo.

Poder e Responsabilidade é o arco inaugural da Ultimate Homem-Aranha e compreende as edições #1 a 7 da série, publicadas entre outubro de 2000 e maio de 2001. A trama não é novidade em termos de argumento, afinal, é a recontagem de uma história clássica, mas Bendis e Jemas escrevem isso da maneira mais graciosa possível. De fato, a ideia de tornar Peter Parker jovem novamente funcionou bem e se encaixou perfeitamente às nuances de um novo século. De cara, entendemos que a “revitalização” não foi apenas uma forma de atualizar tecnologia e eventos históricos em torno dos personagens, mas dar, inclusive, novas perspetivas para alguns acontecimentos clássicos, como a morte de tio Ben, a descoberta de Peter em relação aos seus poderes, a criação do uniforme e a chegada do primeiro vilão.

O novo olhar traz não só o bom humor que tanto conhecemos do amigão da vizinhança, mas também novas reações, diálogos e elementos clássicos colocados em um momento diferente e de uma forma diferente. Está tudo lá, mas é como se lêssemos através do ponto de vista de um transeunte qualquer. O texto funciona muito bem nesse sentido de recriação, não caindo na armadilha de expor uma gag da versão clássica e ao mesmo tempo, respeitando o material original. Embora a trama se torna um pouco vazia ao final, o leitor é claramente impulsionado para o arco seguinte, tamanha a simpatia que cria de imediato em relação ao jovem Parker.

podereresponsabilidadeA arte de Mark Bagley e a finalização de Art Thibert e Dan Panosian são espetáculos à parte, especialmente na reformulação do visual do Duende Verde (Norman Osborn), acompanhando a ótima revisão da origem para o vilão. Menos alegórico e mais crível — embora muitos leitores ou espectadores da série animada não tenham gostado da concepção “bombada” para o personagem –, o ato que faz Osborn se transformar é muitíssimo bem retratado pelos artistas, que têm o seu ponto alto na excelente sequência de luta contra o recém-criado Homem-Aranha.

Com conceitos de manipulação da mídia, mundo corporativo corrupto, bullying, sexismo, conflito de gerações, explosões emocionais da adolescência, vida escolar e dificuldades financeiras, Poder e Responsabilidade não faz feio como origem de um herói urbano e humano como o Homem-Aranha. Há até indicações a um outro herói urbano e humano (mais maduro e muito melhor) no texto, o Demolidor, cujo universo aparece e forma indireta, na pessoa de Ben Urich, repórter do Clarim Diário. Mesmo que tenha um começo e um desenvolvimento melhor que o final (exceção à já dita excelente luta do Aranha contra do Duende), o arco é divertido e um bom primeiro passo no mundo dos quadrinhos para qualquer novo leitor que de repente resolva sair da caverna e se expor à luz de um personagem qualquer da Casa das Ideias.

Ultimate Homem-Aranha: Poder e Responsabilidade (EUA, 2000 – 2001)
Ultimate Spider-Man Vol. 1 — #1 a 7

Roteiro: Brian Michael Bendis, Bill Jemas
Arte: Mark Bagley
Arte-final: Art Thibert, Dan Panosian
Cores: Steve Buccellato, Marie Javins, Colorgraphix, JC
208 páginas

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