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Crítica | Ultimate Quarteto Fantástico: Destino

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

O Fantástico, primeiro arco de Ultimate Quarteto Fantástico nos trouxe uma interessante e atualizada origem para a primeira família da Marvel, que, inclusive, foi utilizada como base para o novo longa-metragem da Fox baseada nos heróis. O roteiro de Bendis e Millar, porém, deixou algumas pontas soltas, uma delas o destino de Victor Van Damme, que também estivera presente no acidente que garantiria os poderes de Sue, Johnny, Ben e Reed. Naturalmente, como o próprio título sugere, esse personagem “esquecido” seria melhor explorado aqui na segunda história, que, portanto, traria um dos mais marcantes vilões da Marvel para o universo Ultimate.

OCT041810_1Iniciamos a leitura com Richards completamente absorto nos eventos que os levaram até ali. Sua intenção é fazê-los voltar a serem quem eram antes, mas, para isso, precisa descobrir exatamente o que Victor alterou em seus cálculos iniciais. Ao mesmo tempo, em Copenhague , Van Damme inicia seus planos para obter uma espécie de vingança contra as cabeças do edifício Baxter e o Quarteto em si. Assume, para isso, o comando de um distrito dentro da cidade, que seria uma espécie de refúgio para os menos afortunados, sendo esta a versão de Latvéria no universo Ultimate. Seus gestos humanitários, contudo, escondem seus reais propósitos daqueles que o seguem e mal sabem eles que pouco a pouco se tornam escravos do futuro Dr. Destino.

Com uma origem também recontada o icônico vilão ganha um interessante caráter dentro dos quadrinhos – dessa vez ele não veste uma armadura e sim foi fundido com ela, algo que acabou alterando inclusive sua fisionomia óssea. Essa escolha da arte cria um evidente paralelo com algumas representações do diabo (especificamente as com pé de bode), antagonizando automaticamente o personagem desde sua primeira aparição. Ao mesmo tempo, através dos olhos do ser um grande teor de humanidade pode ser observado: trata-se de uma criatura problemática, ampliando a noção de que ele sofre de nítidos problemas mentais, algo explorado a fundo com os flashbacks de sua infância.

O paralelo com o demônio, portanto, se aprofunda: Victor é descendente direto de Vlad, O Impalador, também conhecido como Drácula – algo exagerado, em minha humilde opinião – além da óbvia armadura que retoma as origens medievais de sua linhagem, o caráter religioso de sua história é muito significativo, especialmente considerando que a Ordem do Dragão fazia parte da Igreja Católica.

O roteiro, agora nas mãos de Warren Ellis alterna entre os dois pontos de vista – Victor e o Quarteto – até uni-los sob um mesmo teto nas edições finais, onde o clímax explode. A progressão narrativa até tal ponto segue de maneira bastante fluida, explorando bem ambos os lados e trazendo mais revelações acerca dos poderes do grupo. O desfecho, porém, deixa bastante a desejar, assumindo um tom anticlimático que acaba tirando força do conflito final, ainda que a escolha do roteirista por um final em aberto certamente tenha sido o caminho certo – o real problema está na execução, uma evidente pressa que toma conta das páginas nos números finais.

Stuart Immonen substitui Adam Kubert na arte, trazendo um traçado levemente mais autoral e obedecendo a estética do universo Ultimate, com suas cores mais vibrantes e quadros mais limpos. A expressividade certamente é respeitada, inclusive nas feições metálicas de Victor. Infelizmente isso também acaba tirando grande parcela da intimidação que o personagem deveria provocar e a cada página não podemos deixar de sentir falta do Dr. Destino original, certamente uma das melhores criações da Marvel.

Tais defeitos, porém, não devem nos afastar da leitura desse bom arco, que, ainda que não seja exatamente fantástico, trata-se de uma bom sopro de vida para os leitores que foram certamente abatidos pelo estreante reboot do Quarteto Fantástico nos cinemas. Temos aqui o que esse filme deveria ter sido, uma obra divertida, por mais que não mereça as cinco estrelas.

Ultimate Quarteto Fantástico: Destino (EUA, 2004)
Ultimate Fantastic Four vol. 2 – #7 a 12

Roteiro: Warren Ellis
Arte: Stuart Immonen
Páginas: 143

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