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Crítica | Ultraman – 3ª Temporada

Um final digno para um revival animado morno.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas das temporadas anteriores.

A primeira temporada da nova versão animada de Ultraman com base no manga de 2011 de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi foi extremamente lenta, mas acabou, em minha concepção, sendo boa na maneira como conseguiu continuar, de sua própria maneira, a série original de 1966. A segunda temporada, bem mais curta, teve o efeito contrário, sendo extremamente frenética e focada na introdução de novos “Ultras” a ponto de esquecer da história, o que reduziu seu impacto. Agora, um pouco mais de um ano depois, a reimaginação da mitologia de um dos mais clássicos super-heróis japoneses cujas diversas versões figuraram e continuam figurando em dezenas de séries e filmes chega a seu fim em uma temporada que volta ao tamanho da primeira, mas que consegue alcançar o melhor equilíbrio narrativo entre as três, mesmo que não sendo particularmente maravilhosa.

A história da temporada gira em torno de uma espécie de campanha de difamação contra o Ultraman feita por Mephisto, abordando algo que já foi objeto de discussão especialmente em quadrinhos, ou seja, a destruição causada pelos super-heróis em seus embates titânicos contra as ameaças mais variadas. Não é algo novo, obviamente, mas é, sem dúvida alguma, um assunto interessante. O curioso é que essa temática, inclusive a introdução do novo vilão, não tem conexão direta com as temporadas anteriores, sendo muito mais algo solto do que uma evolução natural da série. Não é o fim do mundo claro, até porque gera discussões interessantes que incluem até mesmo a diferenciação entre “Ultramans” verdadeiros, por assim, dizer, ou seja, aqueles que tem poderes independente das armaduras e os “Ultramans” que dependem exclusivamente dos aparatos tecnológicos, abrindo espaço para o surgindo de mais uma personagem Ultra que conta com uma armadura desnecessariamente feminina, com “sorriso” no capacete e saia esvoaçante.

O passo da narrativa, assim como na primeira temporada, é lento, mas essa é uma característica dos animes em geral, algo que, na estrutura serializada, fica ainda mais evidente. No entanto, os roteiros se seguram bem e mantêm uma cadência mais constante o que acaba dando fôlego para os 12 episódios mesmo considerando a manutenção do “mistério” bastante óbvio sobre o quarto Ultraman e a revelação do verdadeiro final boss, o que também não é nenhuma surpresa. Em outras palavras, a temporada passa mais rápida e fluidamente, com combates com boa variedade, ainda que a vilã feminina toda voluptuosa como a princesa da temporada anterior seja ridícula.

Confesso que, na medida em que a temporada caminha para seu encerramento, os roteiros não são muito bem sucedidos em explicar a lógica da campanha de difamação contra os Utramans (Ultramen?) e tudo fica um pouco fragmentado mesmo que seja louvável a tentativa de se conectar a história ao último monstro enfrentado pelo Ultraman original na série de 1966 e outras referências como essa que pontilham e criam a unicidade entre a série atual e a antiga, como uma gigantesca e até por vezes corajosa ponte de décadas. Em outras palavras, é necessário que o espectador respire fundo, expire, absorva e… aceite as falhas narrativas e as conveniências (i)lógicas que acabam se avolumando na medida em que o terceiro ano vai chegando ao fim.

Por outro lado, apesar de os designs das armaduras serem muito bonitos, é inafastável aquela sensação de que estamos vendo variações do Homem de Ferro e isso frustra um pouco. Mas vamos combinar que isso não é mais um problema nesta terceira temporada, pois, se vamos reclamar agora de algo que é a base da série desde seu início, tem algo muito errado não com a série, mas conosco. Da mesma forma, a animação em computação gráfica evoluiu bastante desde o começo e as pancadarias mostram-se como muito dinâmicas e, ainda que não particularmente variadas, sempre bacanas de se ver. Gostaria de ter visto mais monstros e criaturas para além de Mephisto e do Zetton ao final, mas o mote da série como um todo não é esse, até porque os Utramans não crescem.

Simplificando a história e encontrando um equilíbrio narrativo melhor do que nas temporadas anteriores, o terceiro e último ano dessa versão da franquia encerra a história sem deixar gosto amargo e, no final das contas, acaba abrindo as portas para um retorno da série no futuro. Não é nem de longe o revival animado de Ultraman que eu gostaria de ter visto – a versão em quadrinhos da Marvel Comics é bem melhor, só para fins de comparação -, mas, fugindo do linguajar técnico, acaba quebrando o galho. Quem sabe uma nova tentativa não faça jus ao legado dessa longeva e aparentemente imortal franquia?

Ultraman – 3ª Temporada (Idem, Japão – 11 de maio de 2023)
Direção: Kenji Kamiyama, Shinji Aramaki
Roteiro: Eiichi Shimizu (baseado em obra de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi)
Elenco: Hideyuki Tanaka, Ryohei Kimura, Kaiji Soze, Takuya Eguchi, Ryota Takeuchi, Megumi Han, Tomoaki Maeno, Junichi Suwabe, Jin Urayama
Duração: 300 min. (12 episódios)

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