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Crítica | Ultraman Taro – 1X01: Como um Sol, a Mãe de Ultra

Mais um Irmão Ultra e mais uma origem decepcionante.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 53
Período de exibição: 06 de abril de 1973 a 05 de abril de 1974.
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por Ultra Q, que inaugurou a “Série Ultra”, por Ultraman (1966), por Ultraseven (1967), por O Regresso de Ultraman (1971) e Ultraman Ace (1972) e foi sucedida por quase 40 outras séries nas décadas seguintes, até hoje em dia.

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Depois da vergonha assustadora que foi o piloto de Ultraman Ace, eis que surge Ultraman Taro para repetir a dose ou, talvez, melhor dizendo, amplificar a dose de bobagem circense que a franquia se tornou por um tempo. Não que a franquia Ultra seja particularmente adulta ou complexa, mas, até logo antes de Ace, tudo tinha algum solenidade, alguma seriedade e até, às vezes, alguma ousadia. Com Ace, as portas para a galhofa infantiloide foram abertas e Taro faz o favor (alguém ouviu meus olhos revirarem?) de escancará-las ainda mais, com um episódio de origem que já perde muitos pontos por ser basicamente a mesma coisa por pelo menos a quarta vez (Ultra Q não conta, obviamente e eu dou um desconto para Ultraseven porque estou me sentindo generoso).

Portanto, a história todo mundo conhece e pode adivinhar: o civil da vez, Kotaro Higashi (Saburo Shinoda), mostra-se valoroso e altruísta, o que lhe vale a morte – ou quase morre, sei lá – e sua fusão com o sexto Irmão Ultra, o Ultraman Taro graças à benevolência da Mãe de Ultra (Peggy Hayama), que aparece na franquia pela primeira vez, depois que o Pai de Ultra deu as caras em Ace. E não é que esse padrão narrativo seja cansativo, pois ele é tão simples e rápido que nem dá para reclamar muito. O problema, aqui, repousa na maneira completamente atabalhoada como o protagonista é apresentado, primeiro chegando de navio no Japão e, antes de ele atracar, jogando-se no mar do nada, como se fosse a coisa mais comum do mundo e, chegando em terra, também do nada tirando o bulbo de uma flor rara para plantá-la por ali sem saber que ela – jamais poderia imaginar, que surpresa! – se metamorfosearia em um monstrão destruidor para fazer par (e engolir em um momento de conotação sexual – proposital ou não – absolutamente hilário) outro monstrão que já estava quebrando tudo na região.

Ou seja, parece uma comédia pastelão que também não seria tão problemática se ela gozasse de um mínimo de timing cômico ou uma infinitesimal que seja cadência narrativa ou algo que se assemelhe a um trabalho de montagem profissional. Tudo é jogado na tela, com o aparecimento do Ultraman Taro se dando muito tarde demais na história, ainda que, ainda bem, com tempo suficiente para mostrar um pouco de sua capacidade de luta com uma coreografia quase aleatória, mas passável se não prestarmos muita atenção. Eu até gosto do uniforme do super-herói, que parece uma fusão de elementos de todos os que vieram antes, mesmo preferindo versões mais prateadas-cinzas do que vermelhas, como é o caso aqui, além de com menos adereços no capacete.

O que não dá para aguentar são os figurinos da força anti-monstros da vez, o Esquadrão ZAT (sigla de Zariba of All Territory ou Zariba of All Terrestrials), com suas corres e padrões mais berrantes do que os clássicos uniformes laranjas, que os fazem parecer literalmente como um grupo circense, algo que não é em nada diminuído por seus veículos extravagantes que não fazem nenhum sentido aerodinâmico e que parecem demais como uma criança brincando com seus carrinhos Matchbox, tamanho é o descuido em lidar com as miniaturas. Aliás, a questão das miniaturas é algo que me entristece demais. As séries anteriores à Ace mostravam carinho por elas e pelo uso de perspectiva forçada, algo que foi defenestrado em Ace e mais ainda em Taro, como se a produção tivesse chegado à conclusão de que, a essa altura do campeonato, o público aceitaria qualquer coisa (o que é verdade) e, mais ainda, se o público alvo for composto quase que totalmente de crianças (o que é mais verdade ainda). Realmente uma pena…

Com isso, o piloto de Ultraman Taro é outro tiro n’água da franquia Ultra e um desperdício de monstros criativos saindo no tapa com benevolentes alienígenas de olhos grandes que gostam de salvar humanos que se mostram corajosos e generosos com seus pares. Se pelo menos o lado técnico fosse cuidadoso o suficiente para compensar a história padrão e a montagem que mais desmonta do que monta, já seria alguma coisa a se festejar, mas, infelizmente, não é isso que acontece.

Ultraman Taro – 1X01: Como um Sol, a Mãe de Ultra (ウルトラマンT(タロウ)Urutoraman Tarō – Japão, 06 de abril de 1973)
Criação: Shigemitsu Taguchi
Direção: Eizo Yamagiwa
Roteiro: Shigemitsu Taguchi
Elenco: Saburo Shinoda, Peggy Hayama
Duração: 25 min.

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