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Crítica | Um Álibi Perfeito

Álcool na direção como catalisador de emoções neste suspense policial morno.

por Leonardo Campos
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Suspense a cara daquelas produções exibidas nas noites de sábado no Supercine, da rede aberta de televisão, Um Álibi Perfeito não é uma narrativa pedagógica sobre educação para o trânsito, mas nos permite tangenciar pontos sobre os riscos de conduzir um automóvel alcoolizado, afinal, se o condutor interpretado por Dominic Cooper não se permitisse naufragar numa situação do tipo, a sua vida não teria se transformado no inferno que contemplamos ao longo dos 91 minutos desta narrativa irregular, mas de certa forma, envolvente. Na produção, nos deparamos com a velha história do cara aparentemente certo, na hora errada, envolto numa redoma de crime que pode determinar o futuro de seu casamento e carreira profissional. Nesta realização entre Alemanha e Canadá, o ator duela com a figura ficcional interpretada por Samuel L Jackson, um homem com sangue no olho, visto como criminoso para o sistema social, mas justiceiro para aqueles que acreditam na máxima do “olho por olho, dente por dente”.

Antes de adentrar em Um Álibi Perfeito, uma rápida digressão sobre o tema do álcool, o catalisador da crise no roteiro de Peter A. Dowling. Aqui, Cooper é Mitch, um promotor de justiça com carreira exemplar, conhecido por ganhar muitos casos e ter uma vida confortável. Numa comemoração da sua última atuação nos tribunais, ele decide tomar todas com os pares de trabalho, sem sequer imaginar o caos que vem adiante. Impossibilitado de assumir o volante, Mitch decide pegar um táxi, mas percebe que um grupo estranho de rapazes ronda o seu carro. Sentindo-se ameaçado pela possibilidade de roubo, decide dirigir até a sua casa. Ele é um homem sábio, conhece as leis e sabe o mínimo sobre álcool e direção: ao beber, as nossas funções visuais tornam-se alteradas e apresentamos complexidade no equilíbrio e nos movimentos, além da perda da inibição e sensação de euforia, juntamente com a possibilidade de se sentir anestesiado cirurgicamente, a depender da quantidade de álcool no sangue.

Sendo assim, por qual motivo colocar a sua carreira de sucesso em risco? Ao achar que tudo poderia sair bem, Mitch segue o seu caminho e resolve driblar um carro da polícia que está bem próximo do seu. É a sua primeira preocupação, ampliada quando ele dobra por um caminho e num descuido, causado pela falta de atenção promovida pelo álcool em excesso, atropela uma pessoa. Ao descer para observá-lo, ele teme que seja o seu fim, algo inconcebível para alguém que está acostumado a se manter sempre por cima. Liga para uma ambulância por meio de um telefone público e ao deixar a pessoa coberta por um casaco, não percebe que ao derrubar a sua carteira, catou o que conseguiu ver, mas deixou algo que o incrimina. É quando entra Clinton, o personagem de Samuel L Jackson, incriminado pela situação e levado ao tribunal, tendo como ironia do destino, o promotor Mitch como integrante do processo, isto é, o próprio autor do atropelamento tendo que simular equilíbrio quando de fato está devastado e temeroso por dentro.

O medo de perder seu cargo, de ser preso e de se envolver num escândalo fez com que Mitch fugisse da cena do crime, mas agora, ele precisará lidar com a fúria de Clinton, um mecânico que teve a sua esposa e filhos mortos após uma invasão em sua casa, realizada por um presidiário em condicional, motivação para a sua limpeza social diante de todos os possíveis criminosos que recebem a chance de se reerguer em nosso sistema, considero por aqui como falho. Agora, a sua esposa e demais personagens que gravitam ao seu redor correm sérios riscos e a batalha de Mitch será agonizante até o desfecho, numa busca por resolução desta situação problemática. Acompanhamos este suspense médio, repleto de clichês e personagens pouco carismáticos por meio da soturna direção de fotografia de Brian Pearson, imagens adornadas pela textura percussiva de James Jandrich, funcional para Um Álibi Perfeito, narrativa com possíveis crises de bastidores, haja vista a solicitação de seu diretor pela retirada de seu nome dos créditos.

Um Álibi Perfeito (Reasonable Doubt ) — Alemanha/Canadá, 2014
Direção: Peter Howitt
Roteiro: Peter Howitt
Elenco: Samuel L. Jackson, Dominic Cooper, Erin Karpluk, Curtis Moore, Darren Wall, Gloria Reuben, Carson Nattrass
Duração: 104 min

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