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Crítica | Um Castelo Para o Natal

Brooke Shields brilha nesta divertida, agradável e clichê narrativa natalina.

por Leonardo Campos
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Diante da longa tradição de filmes natalinos, torna-se bastante desafiador criar narrativas que tenham a tal “originalidade” ao contar histórias que geralmente abordam pessoas que reencontram as suas memórias ou passam por algum recente momento de tristeza durante o período conhecido por aproximar familiares e amigos, época que determina alegria, votos para mais um ciclo que se fecha e obrigatoriedade na troca de presentes. Quem não se insere nestes padrões, tão opressores quanto os ideais de beleza, fica deprimido e se sente deslocado do animo coletivo. O cinema, o teatro, a literatura e as séries de televisão, anualmente, apresentam ao público enredos que retratam a temática, geralmente com um personagem protagonista que não se enquadra bem nas festividades, mas que na ocasião, ganha a oportunidade de rever os seus conceitos e evoluir seu esquema de existência. Um Castelo Para o Natal não é exatamente sobre a solidão, mas toca nas cordas sensíveis de vidas esvaziadas de sentido, mesmo diante do dinheiro de sobra, do conforto e do cotidiano de privilégios de sua protagonista.

Sem nenhuma novidade que o torne mais que uma história passageira natalina, a narrativa em questão, dirigida pela veterana Mary Lambert, apresenta ao público a jornada revigorante de Sophie Brown (Brooke Shields), uma belíssima escritora renomada, em crise com o fim de seu casamento já desgastado, também pressionada pela mídia por causa do desfecho de seu último romance, uma escolha artística que ceifou a vida de um personagem adorado por muitos leitores. A síncope ocorre num programa televisivo exibido em milhares de lares de todo o país. Ela é desafiada pela apresentadora, interpretada por Drew Barrymore em rápida, mas assertiva participação, sempre com muito magnetismo e carisma diante das telas. Ao ser questionada sobre a figura ficcional morta, ela acaba surtando e trazendo para seu casamento e demonstra uma atitude nada equilibrada para os espectadores. O fim é declarado por alguns. A necessidade de pausa é definida pela escritora, com viagem sabática para a Escócia, a fim de relaxar e repensar a sua vida e as suas escolhas pessoais e profissionais.

Mesmo que o argumento seja batido, não há como deixar de observar a maneira simpática e agradável que os realizadores de Um Castelo Para o Natal encaminha a narrativa. A protagonista é atraente e divertida, a direção de fotografia, assinada por Michael Coulter, contempla os espaços com minha assertividade, aproveitando bastante os espaços externos para criar pelas imagens, algo que somado ao genuinamente natalino design de produção de Pat Campbell, transforma a boba comédia romântica num passatempo visualmente interessante. Somado ao processo de condução sonora de Jeff Rona, esteticamente temos uma autêntica história de Natal, pecaminosa apenas (e no mais importante ponto) no roteiro de Ally Carter e Kim Beyer-Johnson, dupla que recorre aos muitos lugares comuns para nos contar uma história óbvia sobre uma mulher bem-sucedida que viaja para o outro lado do mundo, no período natalino, para ressignificar a sua vida. Não é ruim, mas poderia ser mais criativo e com melhores diálogos.

A quintessência do drama, como sabemos, é a presença de personagens interessantes. Em Um Castelo Para o Natal, com exceção da protagonista, os coadjuvantes são um tanto estereotipados, em especial, o clube de crochê, bem como o par romântico da moça, o Duque de Dunbar (Cary Elwes), um dos primeiros contatos da escritora no local, homem inicialmente agradável, mas ranzinza e cheio de traumas por causa do desastroso relacionamento anterior. Diante de seus consideráveis problemas financeiros, surge a necessidade de vender o castelo, herança familiar, algo que será alvo do interesse de Sophie Brown. Mesmo focado na venda e ciente da importância desta pagante, ele a fará passar por momentos irritantes, revelando-se um cara doce, gentil e agradável por debaixo de sua “casca grossa”. No final, como sabemos, existe a possibilidade do amor contaminar o ar e tal como prega a cartilha da magia natalina, todos os personagens reencontrarem um lugar de conforto em suas vidas desafiadoras, numa história com neve, roupas elegantes, um cachorro fofo, luzes e demais itens decorativos.

Um Castelo Para o Natal (A Castle for Christmas, EUA – 2021)
Direção: Mary Lambert
Roteiro: Ally Carter, Kim Beyer-Johnson
Elenco: Brooke Shields, Cary Elwes, Lee Ross, Andi Osho, Tina Gray, Eilidh Loa, Stephen Oswald, Vanessa Grasse, Desiree Burch, Antony Strachan, Drew Barrymore
Duração: 98 min

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