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Crítica | “Unbreakable Smile” – Tori Kelly

Tori dentro da fórmula de sucesso pop.

por Davi Lima
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Depois de fazer sucesso no YouTube com covers, percorrer o American Idol e caminhar no estrelato californiano, cantando ao lado de Stevie Wonder no BET Awards 2016, em tributo a Prince, Tori Kelly realmente tem algo diferencial, ou é apenas uma voz agradável que simpatizaram? Seu primeiro álbum Unbreakable Smile, produzido com ajuda de Scooter Braun (produtor de Justin Bieber e Ariana Grande), Max Martin (já foi produtor de Taylor Swift, The Weeknd, etc) e Ed Sheeran, tornou a cantora hit, demonstrando o sucesso nos efeitos viciados do Pop em estabelecer a fama. No entanto, Tori parece ter um compasso diferente, em que o Pop e R&B se misturam, e seu violão traduzem letras que clamam mais do que o romântico mixado e popular.

Essa diferença é o que eleva a fórmula de produtor, em que o front single do álbum – Nobody Love – é um mix bem animado e bem coeso entre o backing vocal e as repetições da música mercadológica. Parece uma toada hermética, mas tem seus momentos que Tori Kelly aparece autoral. Essa é a primeira melhor fusão do disco de uma música sobre o tema da mulher autônoma nos seus relacionamentos, dando boas respostas aos caras, e a performance elaborada dos ritmos – mesmo com a repetição Pop. Um exemplo semelhante, California Lovers evoca bastante música de beach trip, daquelas que se coloca no carro, ao mesmo tempo que tem uma poesia incutida, um aspecto biográfico mais sensível do que só um ritmo astral e leve. Nisso que o R&B parece sempre aparecer na dinâmica Pop mais identificável. Porém, como Tori Kelly mesmo comenta: “Na minha linha de trabalho, é meio que construído para ser tudo sobre mim”. Nisso é que há os alto e baixos.

No trabalho com produtores Tori já havia feito o EP Foreword, composição de músicas que sempre aparece seu violão em algum momento, mesmo com os ritmos tecnológicos. No caso de Unbreakabe Smile existe uma necessidade de iniciar com Where I Belong, traduzindo Tori no primeiro verso – “I’m just a girl with her guitar” – como intro, canção mais curta e mais dramática. Logo em seguida, o track título tem Tori falando de si mesma, como garota californiana e sua maior inclusão no mercado fonográfico. A apresentação, ou até mesmo quem ouve no aleatório, vai ver como Nobody Love soa como algo a parte, mas tematicamente reproduz Tori em um novo momento. Mas infelizmente, o single Should’ve Been Us e a canção Expensive parece colocar a voz de Tori como um vocal de gritos que acompanham batidas do Pop. City Dove, Talk e Art of Letting Go acompanham o Pop que aí sim se torna enclausurado, sem muitas características de Tori, mesmo que as letras das músicas sejam bem arranjadas em traduzir Kelly na sua posição romântica – o que não é tão difícil para a venda Pop.

É bem verdade que Tori surgiu popularmente de covers, o que direciona seu primeiro álbum em semelhanças com outras artistas pops que trabalharam com esses produtores. Se ela tem uma voz que comporta esses estilos, é compreensível que essas canções citadas que se fecham num contexto Pop, sem muito Tori, reflitam o que também se espera dela como cantora em sua jornada musical. Entretanto, quando se ouve Funny e First Heartbreak Tori aparece com o violão, com o R&B e seus alcances sonoros que descolam dos ritmos viciados. Até Anyway, no final do disco, parece um cover autoral, se é que me entende. É a música de encerramento do ensaio, ou algo semelhante.

Em Hiding Place, segundo álbum de Tori Kelly, percebe-se como sua parceria com Kirk Franklin parece mais saudável do que com Ed Sheeran. Ele faz I Was Made For Loving a sua cara, sem companhia musical, embora tenha dado um tom interessante para First Heartbreak, que parece conter a melancolia apaixonante de Sheeran. Mas a comparação entre Kirk e Ed é para mostrar como existem os produtores que ajudam a desenvolver o estilo do cantor, enquanto outros dividem um disco Pop com recortes do estrelato. O compasso de Kelly é posta nas letras e até se funde em outros estilos, mas ela não combina com a fórmula Pop, mesmo que sua voz pareça se encaixar para seus covers favoritos.

Tematicamente, Unbreakable Smile acerta – é necessário enfatizar -, mas parece invariável que esses álbuns feito por uma encomenda conhecida alegram como surpresas, porém, não preservam muita qualidade que uma cantora como Tori tem. Não pode ser à toa que Lecrae tenha como uma de suas músicas de sucesso Kelly fazendo feat em I’ll Find You, ou que Jon Batiste tenha chamado ela para participar de We Are. Apesar de produtores, apesar do cenário fabuloso que ela convive, sem dúvida Tori Kelly tem dom, mesmo quando seu álbum não é tão bom.

Aumenta!: Nobody Love
Diminui!: City Dove
Minha Canção Favorita do Álbum: California Lovers

Unbreakable Smile
Artista: Tori Kelly
País: EUA
Lançamento: 23 de junho de 2015
Gravadora: Schoolboy Records, Capitol Records
Estilo: R&B, Pop

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