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Crítica | UNIT: Dominion

Um novo Mestre, um "novo Doutor".

por Luiz Santiago
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Quando foi lançado, em 2012, a ideia desse Especial da UNIT com o 7º Doutor era dar início a uma série da Big Finish que elencasse o Time Lord, pelo menos em alguma parte da trama, trabalhando com a UNIT. Seria uma alternativa a outro projeto da BF com essa organização, lançado entre 2004 e 2005, e que teve uma 1ª Temporada excelente. No fim das contas, a ideia de uma série em áudio da UNIT majoritariamente sem Doutor acabou vencendo e, com o tempo, Dominion acabou sendo classificado como um capítulo Especial ou até mesmo uma antecipação da série As Novas Aventuras do 7º Doutor, o que é um apontamento interessante, claro, mas convenhamos que existem opções mais consistentes para servir de prequel atmosférica à The Seventh Doctor New Adventures, a saber, os episódios especiais Last of the Titans e Return of the Daleks.

Em UNIT: Dominion, vemos o 7º Doutor ao lado de sua companheira Raine (que estreou em Thin Ice — o episódio da série The Lost Stories, não o da 10ª Temporada, exibido em 2017!) e a relação entre os dois imediatamente nos chama a atenção. Como existe uma provocação muito grande do vilão, aqui, essa relação entre os dois ganha imensa desconfiança por parte de Raine, abrindo a porta para interessantes conversas entre ela e o Time Lord. Com base nisso, o roteiro discute mais uma vez sobre o 7º Doutor ter se tornado um excelente estrategista, um grande “general da lógica” (no que diz respeito ao pensar as lutas contra seus inimigos), moldando, a partir de então, uma postura fortemente manipuladora.

Para o 7º Doutor, esse evento se passa durante a longa fase de sua vida pós-Survival, ou seja, ele está mais maduro emocionalmente, mais parecido com um “jogador de almas“, uma espécie de “Dr. Mabuse do bem“. E aqui há um bom exemplo disso. A conselheira científica da UNIT nessa trama é a Dra. Elizabeth Klein. Ela sente que é observada por alguém, e isso a perturba imensamente. Durante anos, o 7º Doutor “ficou de olho” em Klein porque ela, que apareceu pela primeira vez em Colditz, foi uma oficial nazista em outra linha temporal, e acabou sendo deslocada para esta realidade, onde o Nazismo perdeu. Sem memórias do que aconteceu antes, Klein seguiu sua vida normalmente, chegando a um alto cargo da UNIT. Mas o Doutor não confia nela, e vai vigiá-la por bastante tempo. Isso gerará um dos problemas éticos transversais discutidos no Especial.

6 vilões monstros. 1 vilão Time Lord. 3 vilões humanos. Tá bom ou você quer mais?

Aqui, temos a estreia do “Reborn Master” (maravilhosamente interpretado por Alex Macqueen). Para localizar quem não está por dentro dessa versão do Mestre em sua linha do tempo, pense na seguinte sequência: depois do Mestre de Eric Roberts (o “Bruce Master”) em O Senhor do Tempo, tivemos uma encarnação em que sua “a alma” se apossou de um homem americano — surgindo aí o “Preacher Master” — numa sequência que vocês podem conferir nos quadrinhos The Glorious Dead e The Fallen. Depois disso, ele saiu roubando corpos, voltou ao seu estado de decadência (um “Decayed Master” 2, se você quiser) e acabou morrendo, mas foi revivido e agraciado com um novo ciclo de regenerações pela Celestial Intervention Agency. O primeiro corpo desse novo ciclo foi, obviamente, o “Reborn Master” dessa história. O Mestre antes de se regenerar no War Master de Derek Jacobi, o futuro Professor Yana.

Esse Mestre Renascido começa a sua jornada fingindo ser o Doutor, assumindo um papel muito importante na UNIT e trabalhando muito tempo ao lado dos humanos, inclusive batalhando contra invasores de peso e salvando muitas vidas. Seu plano acaba trazendo para a história aquilo que eu considero o ponto ruim do enredo, que é o excesso de vilões, todos muito diferentes e com motivações pouco exploradas. Com um plano inteligente a longo prazo e tentando atingir os Time Lords, o Mestre Renascido usará psicologia reversa contra o Doutor, fingindo ser uma encarnação futura e pedindo para ele não ajudar um determinado povo. Também aglutinará muitos vilões num só espaço e conseguirá colocar as mãos num precioso dispositivo, finalmente tendo o que queria para colocar seu plano em prática.

Se tivesse menos vilões, a trama geral funcionaria muito melhor, até porque a grande estrela vilanesca aqui é, disparada, o Mestre. Todas as outras aparições (especialmente as cabeças gigantes, que são ridículas) servem apenas para incrementar um plano maligno que é bom, mas ao dividir espaço com tantos coadjuvantes, perde tempo de explicações. Se tivessem pesado menos a mão na quantidade de antagonistas, os autores conseguiriam um resultado muito melhor. O que entregaram, entretanto, é um arco de longa duração e com qualidade solidamente acima da média, mostrando um plano de dominação do Mestre que foge do básico e que deixa o Doutor diante de muitos conflitos morais e de consciência, em conflito com sua companion e até mesmo com a UNIT. Eu adoraria que histórias desse porte tivessem continuado na Big Finish, especialmente com a presença dos Doutores 6, 7 e 8. Quem sabe não tenhamos algo mais formalizado assim no futuro, hein? Não custa nada sonhar!

UNIT: Dominion (23 de outubro de 2012)
Direção: Nicholas Briggs
Roteiro: Nicholas Briggs, Jason Arnopp
Elenco: Sylvester McCoy, Alex Macqueen, Beth Chalmers, Tracey Childs, Bradley Gardner, Julian Dutton, Miranda Keeling, Alex Mallinson, Ben Porter, Sam Clemens, Martin Johnson, Nicholas Briggs, Sophie Aldred
Duração: 300 minutos

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