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Crítica | Vampiros X the Bronx

por Ritter Fan
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Jovens amigos que se unem para salvar o lugar onde moram da especulação imobiliária e “gentrificação” e acabam tendo uma aventura contra vilões que só eles acreditam que existem? Sim, você já viu esse filme antes e ele se chamava Os Goonies, mas não há mal algum que a premissa seja apropriada e reposicionada em um ambiente completamente urbano, o Bronx, bairro de Nova York, com vampiros como inimigos, o que também inevitavelmente conecta o longa escrito e dirigido por Oz Rodriguez com Garotos Perdidos e Ataque ao Prédio, especialmente se o resultado é extremamente agradável mais uma vez, ainda que sem o mesmo refinamento.

Vampiros X the Bronx (se era para fazer essa mixórdia na tradução do título, era melhor ter deixado no original) teve sua produção modesta iniciada em 2018 pela Broadway Video, empresa do criador de nada menos do que o imortal programa Saturday Night Live, tendo sua distribuição adquirida pelo Netflix somente em 2020, o que finalmente garantiu o lançamento de longo alcance de um filme que, em circunstâncias normais, ficaria perdido por aí, sem ver a luz do dia. Com a premissa simples e familiar e uma trinca de atores mirins muito eficiente, que exala amizade e empatia, o filme não perde muito tempo a colocar sua narrativa em movimento, com a contínua aquisição de imóveis por Frank Polidori (o sempre ótimo Shea Whigham) e o fechamento de negócios locais, com direito até mesmo a uma mímica bem simplificada do inesquecível preâmbulo de Pânico.

Usando um sem-número de referências vampirescas como a imobiliária dos vampiros se chamar Murnau Properties e o logotipo ser o rosto de Vlad, o Impalador, além de conexão muito próxima com Blade – o que é uma simpática piscadela à importância da representatividade – e o uso de todos os clichês possíveis do gênero, o breve longa é ágil, bem cadenciado e oferece aventura no estilo Sessão da Tarde que inegavelmente diverte tanto os pequenos quanto os adultos. Além disso, surpreendentemente, os efeitos – usados com parcimônia, claro – para a transformação dos vampiros são muito eficientes dentro da proposta e criam a atmosfera necessária para permitir uma pequena dose de suspense, mas sem qualquer gore ou cenas de violência explícita. É, inegavelmente, uma aventura infanto-juvenil que, porém, não deixa de passar seus recados.

Afinal, não só a representatividade se faz presente, como a própria gentrificação é alvo de críticas ferozes, mas permanecendo em um saudável segundo plano, ao mesmo tempo informando a base narrativa e não ficando no caminho. Além disso, toda a razão de os vampiros resolverem se mudar para o Bronx – um lugar onde o desaparecimento de seus habitantes não importa para as autoridades – fica bem sublinhado nos diálogos que, nesse aspecto, talvez pequem um pouco pela repetição, mas que é perfeitamente perdoável.

Os pequenos atores, especialmente Jaden Michael como Miguel Martinez ou “Pequeno Prefeito”, já que ele é o mais vocal no bairro em relação ao seu salvamento da ameaça imobiliária, encantam logo de partida, com a adição posterior de Rita (Coco Jones), uma moça levemente mais velha e igualmente simpática, que não tem lá muito desenvolvimento, mas que, na despretensão da coisa toda, funciona para formar a quadra de aventureiros do bairro proibido. No lado adulto, além dos vampiros e do corretor Frank, além de uma ou duas surpresinhas, há Joel “The Kid Mero” Martinez muito à vontade como Tony, dono da vendinha de esquina que Miguel quer salvar dando uma festa beneficente no bairro. Tony é “amigão da vizinhança”, por assim dizer, amado por todos e um porto seguro para os jovens, com direito a videogames nos fundos da loja e lanches de graça em uma atmosfera leve e inocente.

Vampiros X the Bronx é, no final das contas, uma boa Sessão da Tarde vampiresca que diverte na medida certa sem deixar de estabelecer sub-textos importantes. A escola dos Goonies sem dúvida alguma legou mais uma obra digna de atenção.

Vampiros X the Bronx (Vampires vs. the Bronx, EUA – 02 de outubro de 2020)
Direção: Osmany Rodriguez (Oz Rodriguez)
Roteiro: Osmany Rodriguez, Blaise Hemingway
Elenco: Jaden Michael, Gerald Jones III, Gregory Diaz IV, Sarah Gadon, Method Man (Cliff ‘Method Man’ Smith), Shea Whigham, Coco Jones, The Kid Mero (Joel ‘The Kid Mero’ Martinez), Chris Redd, Vladimir Caamano, Jeremie Harris, Adam David Thompson, Judy Marte, Richard Bekins, Zoe Saldana
Duração: 86 min.

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