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Crítica | Velha Juventude

por Guilherme Rodrigues
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À primeira vista, Velha Juventude soa completamente distante daquilo que tornou Francis Ford Coppola um autor tão respeitado, uma história tão mística nada se parece com a trilogia O Poderoso Chefão, bem longe da paranoia de A Conversação e dos horrores da guerra presentes em Apocalypse Now. No longa de 2007, Coppola explora questões metafísicas, como reencarnação, e também científicas, como linguística e os limites do conhecimento.

No longa, na Romênia no ano de 1938, após ser atingido por um raio, o professor de linguística septuagenário Dominic Matei (Tim Roth), fica à beira da morte. Levado para um hospital em um estado semi-comatoso, mas com o passar do tempo, algo incrível passa acontecer com seu corpo: começa a rejuvenescer. Dominic entra no hospital em um corpo quase moribundo de 70 anos, e sai com a aparência e vitalidade de um homem de 40 anos. Ao lado do professor Stanciulescu (Bruno Ganz), ele tenta entender esse evento tão extraordinário, enquanto os nazistas, que começam a ter forte presença no país, também se interessam pelo ocorrido, em sua busca de criar o Übermensch.

Essa sinopse não cobre de maneira alguma a totalidade narrativa de Velha Juventude, mas somente o ponto inicial de uma história que irá atravessar décadas, interrogar o passado e o futuro, e se preocupar com questões que escapam à plena compreensão humana. Isso no entanto, se apresenta como uma faca de dois gumes, pois se a diversidade temática, e a exploração visual das mesmas, é fascinante, o longa acaba um tanto sufocado pelo tamanho e variedade de suas ideias.

A começar pelo visual, Velha Juventude lembra, em momentos, a fotografia de O Poderosos Chefão, sendo similarmente barroca, apostando num forte contraste entre o claro e o escuro, que acompanha uma trama muito interessada em dualidades, já que o próprio protagonista possui um duplo, visível só a ele mesmo, chamado de “O Outro”, que existe fora do espaço e do tempo, e que possui uma personalidade menos cordial que a de Matei. Esse contraste se expressa de outras maneiras durante o filme, como por meio do uso da cor azul e vermelha, que se tornam predominantes em certas cenas para denotar certas tendências do momento, como serenidade ou raiva.

Por outro lado, é perceptível que o longa acaba se perdendo um pouco com o tanto de situações a serem exploradas, e se torna um tanto moroso e complicado de acompanhar, ao invés de instigante. Por exemplo em certo momento, uma personagem é introduzida, que se revela ser a reencarnação de uma paixão da Dominic, essa personagem sofre um acidente e sua personalidade é alterada, dizendo ser uma indiana do século 14 discípula de um importante guru indiano, e o filme se alonga nessa seção que só incha uma produção já um tanto lotada de coisas a serem narradas, também não ajuda que situações sejam criadas e nunca mais voltem a fatorar, como os poderes de Dominic, que envolvem até mesmo telecinese.

Em uma filmografia tão estrelada como a de Coppola, Velha Juventude certamente tem um brilho menor, mas não deixa de ser interessante, mesmo com os tropeços. É intrigante ver os traços de outras obras em uma produção tão distinta daquilo que o tornou famoso.

Velha Juventude (Youth without Youth) – EUA, 2007
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Francis Ford Coppola, Mircea Eliade (livro).
Elenco: Tim Roth, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Andrei Pintea, Alexandra Pirici
Duração: 126 minutos. 

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