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Crítica | Vidrados no Natal

Um reality show da Netflix sobre habilidades e competências artísticas diante de temas natalinos.

por Leonardo Campos
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Derivado de um reality show sobre artistas que desenvolvem projetos em vidro, Vidrados no Natal é um interessante programa que dialoga com as dinâmicas contemporâneas deste formato televisivo que envolve competição, inovação e empreendedorismo, bem como abordagem de temáticas específicas, como é o caso do período natalino nesta produção. Lançado em 2021 e com quatro episódios de 30 minutos em média, o programa dirigido por Mike Bickerton e roteirizado por Amy Hosking traz o apresentador Bobby Berk ao lado da professora universitária Katherine Gray, ambos avaliadores das peças produzidas pelos cinco participantes: Cat Burns, Nao Yamamoto, Alexander Rosenberg, Edgar Valentine e Andi Kovel, numa interessante proposta de diversidade ao conceder oportunidades para pessoas de origens culturais distintas, algo que se desdobra em concepções diferenciadas de projetar e criar produtos artísticos. Apenas um deles vai levar o prêmio de U$20 mil. No processo, acompanhamos a jornada enquanto espectadores e aprendemos com cada etapa da competição acirrada.

No primeiro episódio, temos uma prova que envolve o presente de Natal perfeito. Cada um precisa criar um mimo que seja a “cara” do período natalino. Os resultados são surpreendentes e abrem espaço para esperarmos criações ainda mais audaciosas no segundo episódio, focado na elaboração de comidas de Natal. Diversos pratos simbólicos para cada um dos participantes são projetados e criados com a delicadeza e beleza do vidro, com resultados também surpreendentes. No geral, os competidores são avaliados pelos jurados por suas habilidades, realismo no desenvolvimento das peças, design arrojado, escala e textura, além do fator surpresa esperado por quem analisa este tipo de material. No terceiro episódio, discussões sobre minimalismo e moldes ópticos dominam a cena, com os artistas que ainda restam incumbidos de criar uma árvore de natal toda em vidro, a matéria-prima deste reality show divertido e envolvente. No quarto e último episódio, os participantes finalistas são desafiados diante das memórias natalinas pessoais, avaliados por todo o conjunto da temporada e também pelo desenvolvimento do conceito, técnica e design. Ganha, de fato, a candidata mais criativa. Aqui, se faz justiça.

Imersos nas temáticas natalinas e no clima proposto em Vidrados de Natal, os competidores exercem as suas atividades seguindo a tríade projetar + planejar + produzir, num programa que traz criações excepcionais que dificultam os avaliadores no momento de eliminação. Como lição, aprendemos que a criatividade, tal como os conceitos propostos por diversos autores deste segmento, é algo composto por elementos que envolvem associação, questionamento, observação, networking e experimentação. No que tange ao processo de associação, temos a necessária conexão entre duas ou mais ideias que aparentemente, até então, são desconexas, seguindo direções opostas. Sobre o questionamento, espera-se que todo artista seja criativo e questionador por natureza, a se perguntar sempre sobre as coisas e sobre o que existe em nosso mundo. A observação vem da atenção aos detalhes que incorporam um contexto, mas num nível mais aprofundado. O networking reforça que pessoas criativas não são adeptas ao comodismo e, por isso, estão sempre querendo se relacionar com outras especialidades, no geral, construir seus laços. E, por fim, a experimentação, vista em todos os episódios do programa, envolve a saída do que chamamos de zona de conforto para testar e refletir sobre novas ideias na prática.

Em linhas gerais, Vidrados no Natal é uma aula sobre o conceito de criatividade, isto é, a capacidade dos humanos em criar e inventar coisas, algo oriundo de quem possui ideias inovadoras ou propõe, em meio aos diversos tipos de cenários, novos enunciados. Neste reality show, observamos o quão a criatividade não envolve apenas talento, mas o desenvolvimento de técnicas, habilidades e competências, apuradas durante o processo que traz em si a tensão de uma competição onde no final, todos querem ganhar e elevar as suas sensibilidades estéticas. Aqui, esta atmosfera de criação e competitividade é exaltada por meio de projetos natalinos não apenas representados nas produções executadas e expostas para avaliação, mas também na dinâmica de trabalho em equipe, união, apoio, num programa que em momento algum valoriza o embate agressivo ou qualquer tipo de postura que prejudique a “magia natalina” de seus episódios, expressivamente agradáveis em sua estrutura técnica, em especial, pela direção de fotografia de Shane Gedds, valorizadora da iluminação e dos elementos cenográficos que compõe o estúdio onde os competidores elaboram as suas peças artísticas.

Vidrados no Natal (Blown Away: Christmas, EUA – 2021)
Direção: Mike Bickerton
Roteiro: Amy Hosking
Elenco: Cat Burns, Nao Yamamoto, Alexander Rosenberg, Edgar Valentine, Andi Kovel, Bobby Berk, Katherine Gray
Duração: 30 min por episódio (04 no total)

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