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Crítica | Vingança (2004)

Matando até acabar o elenco todo.

por Ritter Fan
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Filmes que trocam de diretor em meio às filmagens não costumam dar certo. Nos casos mais raros em que não um, mas dois diretores largam a projeto, com o terceiro e último não sendo mais do que um tapa-buraco quase que completamente sem experiência, as chances de o longa resultar em algo minimamente aceitável é mínima. Mas, como toda regra tem uma ou duas exceções para confirmá-la, eis que chegamos a Vingança, filme de Jean-Claude Van Damme que começou sob o comando de Ringo Lam, no que era para ter sido a quarta parceria com o belga, continuou com o quase que completamente desconhecido Cess Silvera e acabou com Philippe Martinez no timão, já que ele era produtor da obra e tinha tido uma única experiência na cadeira de diretor logo no ano anterior (o famoso “quem não tem cão…”).

Apesar de todos os problemas atrás das câmeras, inclusive com mudança de locação do Canadá para a África do Sul fazendo as vezes de Los Angeles, o que vemos em frente a elas é surpreendentemente coeso e lógico, inclusive com algumas assinaturas mais autorais aqui e ali que são até comedidas e eficientes para imprimir algum tipo de frescor na pancadaria que come solta quase que do início ao fim. Há claramente toques de Lam no tipo de abordagem para as cenas de ação, mas sem os piores maneirismos do diretor de Hong Kong, algo que deve ter sido reduzido pelos diretores subsequentes seja por não saberem fazer o que Lam faz, seja por terem tido lampejos de frieza e diminuído o tom da fita.

Como o título em português não deixa dúvidas, trata-se de uma história de vingança. Nela, Cynthia (Lisa King), uma assistente social que trabalha para a agência de imigração americana se compadece por Kim (Valerie Tian), menina chinesa que chega aos EUA clandestinamente e a leva para sua casa de maneira a evitar que ela seja enviada para o centro de detenção. O problema é que a garota é filha de Sun Quan (Simon Yam), líder da Tríade chinesa, que matara sua mãe em frente a ela e ele parte para fazer o mesmo com Cynthia sem saber, porém, que Ben Archer (Van Damme), seu marido, foi um soldado da máfia de Marselha, agora radicado nos EUA, que, sem pestanejar, sai para para demolir o império do vilão.

Já vimos esse filme antes dezenas e dezenas de vezes e Vingança não tem absolutamente nada de especial a não ser contar com Van Damme no protagonismo em uma fase mais madura em que ele realmente faz esforço para atuar – e não faz terrivelmente feio não, confesso – e ele ser alguns graus mais violento do que o padrão desse subgênero quando feito em Hollywood. Ou seja, ele oferece um pouquinho mais de recheio do que a média, mas só um pouquinho mesmo. E isso é justamente a surpresa aqui, conhecendo não só a história do declínio da carreira do lutador belga, como também o troca-troca de diretores que atrapalhou a produção, pois o que era de se esperar, uma tragédia completa, não acontece em momento algum, com os tiroteios, lutas, perseguições e torturas acontecendo em um ritmo bem cadenciado e com uma fotografia noturna bem afiada por parte de Emmanuel Kadosh.

Vingança, portanto, fica alguns poucos degraus acima do básico no cômputo geral e termina daquele jeito clássico de filmes assim, ou seja, sem mais gente para morrer. Diversão garantida com algumas pitadas estilosas salpicadas aqui e ali, um Van Damme claramente ciente de suas limitações atléticas nessa altura da vida e, melhor ainda, tentando ser mais do que um sujeito que só sabe fazer caras e boas em câmera lenta durante golpes mirabolantes de artes marciais.

Vingança (Wake of Death – Reino Unido/França/Alemanha/Espanha/África do Sul, 2004)
Direção: Philippe Martinez
Roteiro: Mick Davis, Laurent Fellous, Kristina Hamilton-Grobler, Philippe Martinez
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Simon Yam, Philip Tan, Pierre Marais, Valerie Tian, Tony Schiena, Anthony Fridjhon, Claude Hernández, Lisa King, Tom Wu, Danny Keough, Warrick Grier, Jaqueline Chan, Burt Kwouk, Joon Chong, Andre Jacobs, Bo Peterson
Duração: 91 min.

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