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Crítica | Viúva Negra – Prelúdio do Filme

por Ritter Fan
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Acho que a única coisa que me mantém lendo esses prelúdios em quadrinhos dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel é o que talvez possa ser diagnosticado como T.O.C., não é possível. Isso e talvez algum tipo de masoquismo, o que é pior ainda… Porque raios, eu sei que o negócio é ruim e que os poucos prelúdios bons são pouco mais do que meramente medianos. A única coisa boa que posso dizer deles no geral é que eles não tomam muito tempo de leitura, o que já ajuda bastante.

Dito isso, o que mais me espantou no prelúdio de Viúva Negra foi seu roteirista. Esperava um Will Corona Pilgrim da vida, mas eis que temos Peter David nesse papel, talvez precisando fazer algum bico rápido para pagar aluguel, dívida de jogo ou coisa assim. Afinal, fica até difícil escrever o nome dele juntamente com uma crítica de um trabalhinho tão mequetrefe considerando sua carreira, pois não dá para imaginá-lo realmente “concorrendo” pela honra de escrever essa coisa. Por outro lado, talvez seja sua presença no roteiro que salve essa minissérie em duas edições de ser algo tão ruim quanto o prelúdio de Capitã Marvel, que, como é o caso da Viúva Negra, segue a estrutura de um “resumo” da personagem ao longo dos filmes do UCM enquadrado por um artificio qualquer.

Esse artifício, aqui, é uma conversa entre o Secretário de Estado Thaddeus Ross com a Conselheira Hawley, a mesma cuja identidade Natasha Romanoff “roubou” momentaneamente para liquidar com Alexander Pierce em Capitão América: O Soldado Invernal. Essa conversa, que se passa em algum momento depois do final de Guerra Civil, tem como objetivo um pedido de Ross à Hawley para ajudá-lo a caçar a Viúva Negra depois de sua traição do Team Iron Man (o errado, logicamente), o que é recebido por Hawley de maneira hostil justamente porque Romanoff havia salvado sua vida.

Essa relutância da conselheira é o que leva ao aprofundamento da estratégia de convencimento de Ross, fazendo-o passar por toda a história da agente da S.H.I.E.L.D., começando muito rapidamente por seu treinamento na União Soviética/Rússia e o famoso Quarto Vermelho, passando por todos os filmes em que ela participou até Guerra Civil, claro. Ou seja, quem quiser um resumo rápido da carreira da Viúva Negra no UCM, então esse prelúdio pode ter alguma utilidade como aqueles resumos de matéria de prova que pegamos de amigos. Além disso, como disse, David consegue criar bons diálogos entre Ross e Hawley, o que torna a leitura fácil e fluida, ainda que o roteirista não se desvie por um segundo sequer da “cartilha Marvel de prelúdios do UCM”, ou seja, jamais se arrisca a acrescentar ou a mudar alguma coisa que já foi estabelecida ou a dar voz à personagem supostamente principal.

A arte, que fico ao encargo de C.F. Villa é até esforçada, com o artista tomando cuidado para retratar com exatidão as diversas “versões” da Viúva Negra ao longo dos filmes, com alterações de penteados e de uniformes. Esse é outro fator que separa um pouco este prelúdio dos demais, normalmente desenhados nas coxas, sem nenhum esmero. Mas não esperem nada muito elaborado, pois não é o caso aqui. Villa faz o que tem que fazer, mas seu estilo o leva naturalmente a algo melhor do que a média geral, exatamente como no caso de Peter David.

Já falei isso antes e vou repetir: é inacreditável o desperdício que é a Marvel Comics não criar um miniuniverso em quadrinhos que sirva para complementar os filmes da Marvel Studios para além de meros e burocráticos prelúdios que pouco ou nada acrescentam à narrativa. Não precisava ser nada muito elaborado, mas sim apenas pontes interessantes e que agregassem informações apreciáveis pelos fãs, preferencialmente com uma equipe de redatores fixa. Mas, pelo visto, é pedir demais, talvez parte da estratégia de “não confundir os leitores” ou “não se comprometer com o que está escrito, só o que está nos filmes e séries”. Eu entendo até, mas que é um desperdício, sem dúvida é.

Viúva Negra – Prelúdio do Filme (Black Widow – Prelude, EUA – 2020)
Contendo:
Black Widow – Prelude #1 e 2
Roteiro: Peter David
Arte: C.F. Villa (Carlos Villa)
Cores: Chris Sotomayor
Letras: Travis Lanham
Editoria: Martin Biro, Mark Basso, C.B. Cebulski
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: janeiro e fevereiro de 2020
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: setembro de 2020
Páginas: 45

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