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Crítica | WandaVision – 1X04: We Interrupt This Program

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não se preocupe, querido. Tenho tudo sob controle.
– Maximoff, Wanda

O que dizer de um episódio que, em exatos 27 minutos, consegue, desde seu perfeito título, criar uma ponte entre o final de Vingadores: Ultimato, com o retorno das pessoas “estaladas” por Thanos, e o final do terceiro episódio da própria série enquanto nos reapresenta à Monica Rambeau (ex-Geraldine), agora adulta (desde que foi apresentada criança em Capitã Marvel), situando-nos sobre o destino de sua mãe Maria, nos introduz à S.W.O.R.D. (ou E.S.P.A.D.A.), organização dos quadrinhos responsável pela defesa planetária, traz de volta a astrofísica Darcy Lewis (Kat Dennings) e o agente do FBI Jimmy Woo (Randall Park) dos dois primeiros Thor e de Homem-Formiga e a Vespa respectivamente e, de quebra, consegue explicar quase que de forma metalinguística tudo o que vimos na série até agora? Será que podemos dizer que estamos diante de um roteiro cuidadoso, talvez até mesmo hiperbolicamente perfeito em seus mínimos detalhes? Ou será que podemos dizer que a direção consegue navegar sem falhas entre eventos no passado, na “realidade virtual” e no presente do Universo Cinematográfico Marvel sem precisar recorrer a artifícios externos como legendas explicativas ou coisas do gênero?

Acho que podemos dizer isso tudo e mais, na verdade. Podemos dizer sem medo de errar que o showrunner Jac Schaeffer, mais ainda que Wanda Maximoff, tem absolutamente cada aspecto de WandaVision sobre controle, em um belo exemplo de como o preparo detalhado de uma série que parecia “simples” pode resultar em uma experiência meteórica, mas que faz cada segundo, cada quadro ter importância, com um progressão de arregalar os olhos e fazer o queixo cair. Chega até mesmo a ser desnorteador a forma como tudo começa, com Monica “retornando” do eufemisticamente chamado Blip sem entender absolutamente nada do que está ocorrendo, quase que exatamente como nós, espectadores, que precisamos ajustar nossas expectativas – ou, melhor dizendo, refazê-las completamente – considerando que o que obviamente viria depois de Agora em Cores era um episódio dos anos 80 da realidade de Wanda Maximoff e não o retorno ao final de Ultimato sob uma perspectiva que ainda não tínhamos testemunhado: o momento exato do desfazimento do estalar de Thanos.

Confesso que o turbilhão de informações que segue desse ponto já frenético poderia ter se beneficiado de um pouco mais de calma, de um pouco mais de tempo para respirar, pois tudo é literalmente jogado no colo do espectador sem tempo para processamento antes de mais outro “volume” inteiro de informações ser despejado, dando a sensação de que qualquer piscada um pouco mais lenta seria capaz de tornar os eventos ininteligíveis. Mesmo assim, o roteiro enlouquecido de Bobak Esfarjani e Megan McDonnell levado para a telinha pela já costumeira eficiência diretorial de Matt Shakman, que definitivamente mostra destreza na transição entre a calmaria das sitcoms e a sofreguidão de Interrompemos este Programa, resulta em um daqueles episódios que, no momento em que acaba, temos a sensação de respirar pela primeira vez acompanhada da vontade imediata de rebobinar e assistir tudo novamente (e em câmera lenta…).

Em termos de elenco, mesmo que seja divertido ver Park e Dennings de volta como se nunca tivessem largado seus respectivos personagens coadjuvantes, o destaque absoluto fica mesmo com Teyonah Parris finalmente aparecendo como um ser humano normal e não um recorte unidimensional de televisão. Claro que a velocidade do começo do episódio impede que a atriz consiga dar um mínimo de desenvolvimento à Monica Rambeau, futura super-heroína se a intenção é seguir os quadrinhos e não vejo razão alguma para não fazerem isso, mas, no pouco em que ela aparece entre seu ressurgimento no hospital e sua entrada em Westview, Parris mostra potencial enorme, daqueles que já determina desde logo que ela merece mais chances para mostrar a que veio seja em WandaVision, seja em série ou filme solo. No entanto, é de notar que Elizabeth Olsen não é esquecida e, ainda que grande parte das cenas em que apareça sejam reprises (he, he, he), não podemos esquecer da sequência dentro de sua realidade muito particular – mas com razão de aspecto da realidade real, vale reparar – em que vemos exatamente o que aconteceu entre “Geraldine” falar em Ultron e Monica Rambeau ser arremessada da cidade, com uma Wanda Maximoff muito sinistra, assustadora mesmo, com direito até mesmo ao vislumbre do Visão morto por Thanos em Guerra Infinita e que já dá o gostinho do que está por vir.

E, bem assim, como quem não quer nada, WandaVision mostra suas garras, justifica toda sua queima lenta nos três primeiros episódios e serve de magnífico abre-alas para a Fase 4 do UCM, praticamente criando um “novo” universo pós-estalo que, claro, será mais do que bem explorado tanto na série como nos vindouros longas cinematográficos. Kevin Feige continua mostrando que não tem para ninguém quando se fala em universo compartilhado…

WandaVision – 1X04: We Interrupt This Program (EUA, 29 de janeiro de 2021)
Criação: Jac Schaeffer
Direção: Matt Shakman
Roteiro: Bobak Esfarjani, Megan McDonnell
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Teyonah Parris, Kathryn Hahn, Randall Park, Kat Dennings, Josh Stamberg
Duração: 35 min.

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