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Crítica | War Heroes #1 a 3

por Guilherme Coral
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Super-soldados estão longe de serem novidades na ficção, o próprio Capitão América está aí para provar isso, questão que não afastou Mark Millar de criar seu próprio grupo de militares “turbinados”, utilizando a guerra ao terror como cenário de sua história. Porém, ao contrário do que comumente vemos em obras que seguem tal premissa, War Heroes parte do princípio que todo o contingente militar americano teria acesso a tais super-poderes, esses garantidos através de pílulas tomadas pelos soldados, similarmente ao que vemos em MPH, contudo, com mais variedade de habilidades, que vão desde a superforça, até a telecinese.

Chega a ser irônico que War Heroes tenha sido abandonada pelo seu criador, ao menos é o que aparente, já que a última edição foi lançada em outubro de 2009 e, desde então, não foi dado nenhum sinal da retomada dessa minissérie, que seria composta de seis revistas. Digo irônico, pois Millar não é assolado, aqui, pelo habitual problema de suas histórias: a ausência ou mal-realizada construção de personagens. Enquanto que o autor mostra-se hábil em criar universos, ele falha em desenvolvê-los, deixando tudo na superficialidade – problema que não se aplica à essa obra.

E não é por menos, já que Millar considera War Heroes como o que seria o volume três de Os Supremos, caso ele tivesse permanecido no comando do supergrupo da Marvel. De fato, podemos enxergar facilmente os heróis do universo Ultimate substituindo os super-soldados da revista, combatendo terroristas enquanto que os Estados Unidos é abalado por protestos em razão da baixa taxa de aprovação do governo atual. Evidente, que na ausência da editoria da Marvel, o roteirista pode esbanjar mais em sua violência, que aparece com toda a força quando os super-terroristas aparecem, cortando cabeças dos soldados americanos.

Millar ainda foge da simplicidade comum às suas obras ao colocar um grupo de novatos americanos buscando adquirir tais pílulas para vender à Al-Qaeda, foco esse mantido durante a segunda edição da história em quadrinhos, que apenas aumenta a tensão do leitor, que passa a enxergar os super-soldados como vulneráveis a partir de então. É de se esperar que tudo seria resolvido com esse mesmo grupo indo salvar um dos americanos capturados pelos terroristas, mas teremos de aguardar a boa vontade do autor, caso ele um dia decida terminar sua história.

War Heroes, porém, não é livre de defeitos. A arte de Tony Harris é extremamente falha em caracterizar seus personagens, de forma que, na maioria do tempo, não sabemos quem é quem, por serem praticamente idênticos uns aos outros. Esse ponto faz com que toda a leitura seja extremamente confusa, especialmente quando mudamos de foco em foco, de tal maneira que somente conseguimos entender quem está falando pelos diálogos em si. O mesmo vale para alguns trechos de ação, que nos perdem por completo, sendo difícil de entender o que está ocorrendo em certas páginas. A intenção claramente era a de transmitir um ar de realismo maior aos personagens, mas isso é feito às custas da narrativa em si.

Inacabado, War Heroes nos deixa em um grande cliffhanger, que, enfim, mostraria os soldados combatendo os terroristas no Oriente-Médio. Como não há previsão alguma de quando ou se Mark Millar irá terminar a sua história, devemos nos contentar com o que foi mostrado aqui. Tragicamente, trata-se de uma obra promissora, que traz mais desenvolvimento que muitos quadrinhos do mesmo autor por aí, mesmo que tenhamos de decifrar o que está acontecendo em razão da confusa arte de Tony Harris. Dito isso, essa é uma obra que entretém e que nos deixa decepcionados por não ter um fim apropriado.

War Heroes — EUA, 2008/2009
Roteiro:
Mark Millar
Arte: Tony Harris
Arte-final: Cliff Rathburn
Cores: JD Mettler
Letras: Clem Robins
Editora original: Image Comics
Data de lançamento original: julho de 2008 a outubro de 2009
Editora no Brasil: não publicado até a data de publicação da crítica
Páginas: 72

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