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Crítica | Westworld – 4X03: Annees Folles

Cada vez mais perdido no labirinto.

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios.

E não é que os “anos loucos” chegaram? Mas vieram de uma forma bem diferente da que nós imaginávamos! Confesso que não esperava que este episódio tivesse uma densidade tão grande, como teve. Mesmo para séries de alta qualidade, como Westworld, a gente tende a esperar algo um pouco mais didático ou menos brilhante depois de um episódio tão forte e tão revelador quanto foi Well Enough Alone. Mas os showrunners resolveram dobrar a aposta. Annees Folles faz uma referência óbvia aos “anos loucos” do parque da Era de Ouro, mas o foco não está exclusivamente neste local, de modo que o termo é metafórico, e se aplica à realidade que todos os personagens estão vivendo. Aliás, a jornada de Maeve e Caleb nesse espaço recém-inaugurado mostra-se uma armadilha, com o final do episódio reforçando essa percepção, já que o encontro de Maeve com uma versão de William mais as moscas infectadas atacando Caleb não deixam dúvidas de que eles eram esperados ali. 

O que o roteiro desse episódio faz é jogar, no mais alto patamar, como as indicações dadas no capítulo anterior, onde vimos a intenção de Charlotte em povoar o mundo dos humanos de anfitriões e mover a história da humanidade sem que a humanidade perceba. É um plano classudo, sem estardalhaço imediato ou manias absurdas de grandeza, como foi o grande plano da temporada anterior (e não falo isso de maneira negativa, porque eu gostei muito da premissa daquela temporada, estou apenas expondo um fato em relação ao alcance e intenções do Rehoboam) e com uma execução por baixo dos panos executada da maneira mais instigante possível. Aqui não vimos o núcleo de Christina, que foi substituído pelo de Bernard e Stubbs, mas temos pequenas piscadelas para o que, possivelmente, possa estar acontecendo aqui e que afetará a realidade dela logo logo, porque esse, na verdade, é o plano do Bernard (mudar alguns eventos específicos para mudar a História). 

Para nós que questionamos onde estava Bernard, aqui tivemos a resposta. E que resposta! A cena inicial dele, no Sublime (aparentemente, um mundo que ele construiu para ele mesmo e que o prendia em um loop de visões. De uma forma muito interessante, este mundo mostrou para ele uma quantidade de variações da linha do tempo, de modo que ao acordar desse mergulho, Bernard passou a ser capaz de prever inúmeras ações de indivíduos em sua timeline) é uma cena poeticamente cifrada, mas não no sentido de afastar o espectador. Nós aproveitamos essa viagem do personagem, aproveitamos o seu diálogo — maneira aplaudível de os roteiristas fazerem uma exposição bem feita, sem chatices — e vemos o resultado disso quando ele volta à ativa. Todas as cenas desse núcleo me deixaram animado. Nesta temporada, até o presente momento, não existe um bloco que seja mais fraco que o outro. Neste ponto, temos sim uma grande diferença em relação à temporada passada.

Ver que o novo parque tem uma sequência programada recriando o “massacre de Westworld” me fez rir, pela ironia que isso traz consigo. E também vale dizer que a construção desses elementos todos, em cada núcleo de personagens, não me parece algo simplesmente aleatório. Sinto que há um mistério nessas variações narrativas e que o final da temporada pretende entregar algo grande, já que este quarto ano do show resolveu apostar em densidade narrativa, exatamente como fizeram na 1ª e principalmente na 2ª Temporada. Se for para manter a qualidade que estamos tendo até agora, que venha mais e mais!

Westworld – 4X03: Annees Folles (EUA, 10 de julho de 2022)
Direção: Hanelle M. Culpepper
Roteiro: Kevin Lau, Suzanne Wrubel
Elenco: Evan Rachel Wood, Thandiwe Newton, Jeffrey Wright, Mirlande Amazan, Gabriel Bonilla, Amanda Booth, Cherise Boothe, Michele Boyd, Kahlo De Jesus Buffington, Gilbert Chayrez-Chavarria, Celeste Clark, Ed Harris, Luke Hemsworth, Hannah James, James Marsden, Zahn McClarnon, Aaron Paul, James Joseph Pulido, Josh Randall, Daniel Wu
Duração: 54 min.

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