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Crítica | Willow – 1X03: The Battle of the Slaughtered Lamb

Enveredando pelas sombras...

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e do filme.

Os dois primeiros episódios de Willow cumpriram à risca – e infelizmente nada além disso – sua função de reapresentar velhos personagens e apresentar novos que, ato contínuo, saem em uma jornada para salvar o Príncipe Airk das garras da Megera, a nova ameaça deste mundo de alta fantasia. The Battle of the Slaughtered Lamb é, portanto, até uma surpresa no quanto ele caminha para o lado sombrio e, ao mesmo tempo, acelera a narrativa, sem cair em armadilhas comuns, como fazer a história girar em torno de apenas uma situação repetida mil vezes.

Não que o episódio seja sensacional, pois está longe disso, mas ele parece indicar que Jonathan Kasdan não quer perder muito tempo com enrolação e que ele realmente tem uma história para contar, mesmo que ela siga o padrão de tantas e tantas outras do gênero, inclusive do próprio filme original de 1988. O que quero dizer com isso é que teria sido muito fácil – e até esperado, sendo sincero – que o roteiro de Wendy Mericle e John Bickerstaff simplesmente fizesse da perseguição ao Comandante Ballantine e seus soldados infectados pelas forças do mal para salvar Elora Danan algo sem fim em vista, mas eis que temos exatamente o contrário, com a prometida imperatriz de Tir Asleen retornando ao seu grupo ao final do capítulo, ainda que o preço seja alto.

E esse preço é a morte de Silas, o fiel escudeiro de Willow, em uma cena que poderia ter sido melhor trabalhada para criar mais impacto, mas que foi suficiente para finalmente revelar que toda aquela história de o protagonista ser o último feiticeiro é verdadeira. Sentindo a dor da perda do amigo, Willow usa seu cajado para acabar com os minions de Ballantine e enfraquecer o próprio comandante ao ponto de ele reverter por um tempo ao seu “eu” antigo e pedir para que sua pupila Jade o mate, em outra cena que em tese deveria ser forte, mas que foi sugada de impacto pela direção um tanto quanto atrapalhada de Debs Paterson.

Ou seja, as cartas estão todas na mesa. Willow é realmente poderoso, mas, ao que tudo indica, usar magia exige muito dele física e mentalmente, o que é um artifício muito bom para evitar a banalização da coisa, o que automaticamente cria mais oportunidades para o restante do elenco mostrar a que veio. Além disso, a Princesa Kit sabe que Elora é mesmo quem Willow diz que ela é, ao que fica claro logo no começo quando ela se depara com a árvore que nasceu da incessante repetição do feitiço de germinação, com essa situação sendo reiterada pelo efeito do toque de Elora nos soldados infectados. E, como a cereja no bolo, aprendemos mais sobre o sumiço de Madmartigan pelo falastrão Boorman, com direito até a uma “história ilustrada” que abre o episódio e com o objeto que serve de bateria à Couraça sendo recolhido secretamente por ele no poço na taberna do título.

Também de positivo há a aparição surpresa de Hannah Waddingham como a hilária lenhadora Hubert, que mora com sua parceira (esposa?) Anne (Caoimhe Farren) na floresta e que é devota de Elora, imediatamente dispondo-se a ajudar a prometida e também imediatamente morrendo em luta com Ballantine, com Anne também sendo morta em seguida apesar das súplicas da Garota do Muffin. Toda a sequência do encontro de Elora com as lenhadoras foi quase um momento surrealista, com uma clareira de luz e cor em um floresta de outra forma sombria, como se as duas fossem criaturas de outra dimensão ou personagens que saíram da mente de Elora.

No entanto, o episódio sofreu tremendamente com o trabalho de Paterson na direção. Não só a diretora não soube criar cenas de morte impactantes – e o episódio teve várias delas – como toda a perseguição, incluindo a separação do grupo em dois, com uma sidequest de Boorman e Kit com direito até mesmo a criaturas que parecem ter sido feitas com efeitos propositalmente antiquados para nos lembrar do longa original, parecendo mais uma brincadeira de mal gosto na ilha de edição, com cortes abruptos e elipses completamente sem sentido que acabaram levando à sensação de que tudo não se passou em mais tempo que o episódio tem e que todo o grupo não andou mais do que meio quilômetro. Apesar do alargamento do escopo da história, inclusive com o final retornando às ruínas do Castelo de Nockmaar, da Rainha Bavmorda onde aconteceu a ação climática do filme de Ron Howard.

E, literalmente aos trancos e barrancos causados pela montagem estranha, The Battle of the Slaughtered Lamb realmente consegue fazer a história andar ao deixar para trás dúvidas sobre Elora e sobre Willow, ao eliminar os vilões imediatos e ao salpicar de mortes relevantes (sim, incluo as das lenhadoras nessa conta, mesmo querendo que elas voltem de algum jeito!), chegando a um cliffhanger que pode ter consequências interessantes se esse caminho for seguido. O que falta, agora, é um cuidado técnico maior para elevar a série à estatura que ela começa a indicar que merece.

Willow – 1X03: The Battle of the Slaughtered Lamb (EUA, 07 de dezembro de 2022)
Desenvolvimento: Jonathan Kasdan
Direção: Debs Paterson
Roteiro: Wendy Mericle, John Bickerstaff
Elenco: Warwick Davis, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Erin Kellyman, Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Graham Hughes, Ralph Ineson, Hannah Waddingham, Caoimhe Farren
Duração: 47 min.

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